Quando o chão vira texto
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Mostra Um Autorretrato Cubano, na Caixa Cultura São Paulo, reúne 69 fotografias e traz um panorama de 50 anos de carreira do fotógrafo. Veja imagens
Pela primeira vez no Brasil, a obra do fotógrafo cubano José Alberto Figueroa ganha retrospectiva histórica em uma exposição. De 10 de janeiro a 4 de março, na CAIXA Cultural São Paulo, o público terá a chance de conferir a mostra Um Autorretrato Cubano, que reúne 69 fotografias do autor.
Conhecido por registros que ilustram questões sociais e políticas de Cuba, Figueroa é considerado um dos precursores da fotografia conceitual, tanto em seu país de origem como em toda a América Latina. Em sua obra, o fotógrafo mostra seu olhar sobre fases históricas do país, desde os primórdios da Revolução Cubana, quando pôde acompanhar mudanças sociais significativas e controversas, até os tempos atuais.
Nascido em 1946, Figueroa se formou em fotografia na década de 60, quando já trabalhava como assistente no estúdio de Alberto Korda, especializando-se em publicidade e moda. Com o tempo, passou a desenvolver uma carreira versátil, atuando, inclusive, como correspondente de guerra em Angola.
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Discípulo e amigo de Korda, Figueroa passou a fotografar elementos que representavam as reivindicações de sua geração. O ensaio Exílio, realizado em 1967, é bastante representativo deste período, por retratar o processo exaustivo de migração de cubanos para os Estados Unidos.
Aos 71 anos, o fotógrafo vem ao Brasil para a abertura do evento, no dia 9 de janeiro, com uma visita guiada pela exposição. No dia 12, vai participar de um bate papo com o público. Na ocasião, haverá também o lançamento do catálogo da exposição.
Com curadoria de Cristina Figueroa, crítica de arte e filha do autor, a exposição será dividida em quatro seções, que marcam diferentes momentos da carreira do fotógrafo. A primeira, denominada Uma história pessoal, é composta por fotografias do início da carreira de Figueroa, nos Studios Korda, e pelas séries A Outra Face da Revolução e Exílio, em que o artista registrou o êxodo familiar de Cuba para os EUA no começo da Revolução Cubana.
Mais tarde, na década de 70, Figueroa começou a trabalhar como repórter fotográfico da revista Cuba Internacional e viajou pelo país registrando a inserção da sociedade cubana no modelo socialista.
A seção Havana, Angola, Berlim. The fallen dreams, das décadas de 80 e 90, relata a viagem de Figueroa a Angola como correspondente de guerra, entre 1982 e 1983. Na viagem, um outro lado do conflito é revelado pelos rostos dos cubanos. Este olhar empático também pode ser notado em seu trabalho no Hospital Psiquiátrico de Havana e nos retratos de seus compatriotas.
Em mais um dos momentos marcantes da carreira do fotógrafo, a seção Imagens Atemporais destaca fotos que refletem a manipulação de ícones nacionais, como a bandeira cubana, o herói nacional José Martí, criador do Partido Revolucionário Cubano, e Ernesto Che Guevara.
Por último, a exposição explora um período mais contemporâneo do artista, com a seção Figueroa no Século 21, retratando projetos que revelam a necessidade de olhar para trás, para a sociedade e a história de Cuba, a fim de encontrar respostas para o futuro incerto do novo século. Séries como Nova York, 11 de Setembro de 2001, Figueroa em Figueroa fazem parte de sua obra no período. Este é também o momento em que Figueroa começa a usar cores e o digital em seu trabalho.
Veja fotos de Figueroa que estarão em exposição:
Outras duas exibições estarão abertas ao público em janeiro. A Exposição: A Construção do Patrimônio, que comemora os 80 anos de criação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o Iphan, e pretende ilustrar a narrativa que se fez da ideia de patrimônio cultural e, consequentemente, da ideia de Brasil durante esses anos. A exposição mostra 150 obras do acervo da instituição, e a relação entre o que é patrimônio e um pensamento sobre o Brasil e seus desafios.
A outra mostra é Flávio de Carvalho – Expedicionário, exposição em torno do aspecto expedicionário do artista modernista Flávio de Carvalho, aspecto raramente abordado, mas essencial para a compreensão de sua contribuição múltipla e sua importância para a arte moderna e contemporânea brasileira. A exposição tem textos e imagens de diversas viagens do artista, entre elas, a expedição à Amazônia para as filmagens de “A deusa branca”, a viagem ao Paraguai e os relatos de “Ossos do mundo”.
Serviço:
Exposição Um Autorretrato Cubano – José Alberto Figueroa
Local: CAIXA Cultural São Paulo (Praça da Sé, 111 – Centro – São Paulo)
Abertura: 9 de janeiro (quarta-feira), às 19h, com a presença do autor
Bate-papo com o fotógrafo José Alberto Figueroa e lançamento do catálogo da exposição: 12 de janeiro, às 18h
Exposição: A Construção do Patrimônio
Abertura: 9 de janeiro, às 19 horas, com a presença do curador Luiz Fernando de Almeida, ex-presidente do Iphan
Exposição: Flávio de Carvalho – Expedicionário
Abertura e visita guiada com os curadores Amanda Bonan e Renato Rezende, dia 9 de janeiro, às 19 horas
Visitação: todas as exposições até 4 de março, de terça a domingo, das 9h às 19h
Entrada franca
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