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ONGs que defendem a mobilidade ativa fazem intervenção na Ladeira Porto Geral para chamar atenção sobre o caminhar
Por Wans Spiess
Quem passar pela Ladeira Porto Geral nos próximos dias poderá ver uma faixa colorida, com flores e folhas, pintada no local em que antes era permitido parar veículos. Esta é a primeira ação de urbanismo tático da mobilização Ruas para Mobilidade Ativa na Pandemia, que pretende transformar o espaço das ruas em lugares mais caminháveis e seguros para as pessoas.
A pandemia desencadeada pela Covid-19 potencializou a discussão sobre a forma como nos locomovemos e ocupamos as ruas. Cidades no mundo todo investiram na reorganização do espaço público com o urbanismo tático, ou seja, em soluções temporárias de rápida implementação e de baixo custo. Caminhar ou pedalar foram entendidos como alternativas importantes para garantir o distanciamento social, o que acelerou a implementação de novas ciclovias, o alargamento do espaço das calçadas e até ruas inteiras foram abertas para as pessoas a fim de minimizar os efeitos do isolamento forçado.
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O Brasil, mais especificamente a cidade de São Paulo, demorou para dar respostas a estes desafios. Embora as ONGs que defendem a mobilidade ativa venham pressionando desde o início da pandemia, só agora a Prefeitura está implementando projetos piloto em alguns lugares identificados com maior fluxo de pedestres. A Ladeira Porto Geral faz parte dos locais escolhidos.
A aglomeração de pessoas na Ladeira é conhecida. Localizada no Centro de São Paulo – esquina com outra rua famosa, a 25 de março – é o lugar preferido para compra de bijux baratas, fantasias de carnaval ou halloween ou outros tipos de acessórios. “Bater perna”, ou seja, caminhar sem destino certo, é a melhor forma de explorar a área, embora o espaço seja disputado com promotores de lojas, camelôs e até mesmo carros, já que a calçada não é larga o bastante para acomodar a multidão de pedestres, que acabam ocupando o asfalto.
No final de março, a quarentena imposta pelo município em razão da pandemia do novo coronavírus trouxe restrições relacionadas à abertura de comércio não essencial, transformando a área. Foi preciso investir na conscientização de ambulantes e comerciantes em manterem os estabelecimentos fechados e limitar os acessos do metrô na região para chegar no cenário incomum que vemos na imagem abaixo.
Porém, logo no primeiro dia de reabertura parcial do comércio de rua em São Paulo, em junho, várias regiões da cidade registraram movimentação e até aglomeração. A área da rua 25 de Março recebeu muitos consumidores, como nos dias normais antes da pandemia, e na alameda Porto Geral, pouco antes das 11h, horário permitido para a reabertura do comércio, filas e aglomerações se formaram em frente às lojas. Uma situação que só tende a se agravar com a chegada das compras de final de ano.
Por isso, a Ladeira foi o primeiro local a sofrer intervenção. A pintura artística, realizada no dia 18 de outubro, muito em breve receberá sinalização definitiva com desenho da linha de bordo e balizadores. Idealizada pelo SampaPé em adequação ao projeto da CET, fez parte do Festival Bike Arte promovido pelo Instituto Aromeiazero com arte da artista Cleo Moreira. Tem o objetivo de chamar a atenção para o projeto e trazer mensagens que reforcem a importância de manter distância entre as pessoas nesse período de pandemia do novo coronavírus.
Apesar do caráter temporário inicial, esta e as demais intervenções que estão por vir têm potencial para transformar permanentemente a paisagem da cidade. Mas não se trata apenas do desenho urbano. Acompanhada de linguagens lúdicas e criativas, incentivam as pessoas a refletir sobre a forma como ocupamos e experimentamos a cidade. São iniciativas que apontam desejos de futuro para cidades mais caminháveis, sustentáveis, seguras e saudáveis.
A iniciativa Ruas para Mobilidade Ativa na Pandemia, é fruto da mobilização de ONGS que defendem a mobilidade ativa – como Sampapé, Cidadeapé e Aromeiazero. Elas conseguiram costurar a articulação com a Secretaria Municipal de Transporte (SMT), a Companhia de Engenharia de tráfego (CET), o Instituto dos Arquitetos (IAB), a Associação de Comerciantes e a Academia representada pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Mackenzie (FAU-Mack).
Wans Spiess, uma das fundadoras do CalçadaSP, é mestranda na FAU-Mack e Diretora de Relacionamento da Cidadeapé, onde lidera o projeto Ruas para Mobilidade Ativa na Pandemia pela instituição.
Siga o CalçadaSP no Instagram (@calcadasp) e use #calçadasp para compartilhar suas fotos. Elas podem fazer parte da galeria de calçadas artísticas do projeto.
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