Quintino Bocaiuva, a escolha de um nome indígena para chamar de seu
Um dos principais nomes do início da República, Quintino Bocaiuva adotou um sobrenome com significado indígena
Vera Lucia Dias
Quintino = quinto do latim: geralmente o quinto filho.
Bocaiuva = palmeira alta do tupi: ou “mokaie’yba”; mocaúba; mocajaíba; macaibeira.
Quintino Antonio Ferreira de Souza Bocaiuva, nasceu em Itaguaí ou “rio da enseada de pedra”, no Rio de Janeiro, em 4 de dezembro de 1836. Foi topógrafo e jornalista. Era filho do baiano Quintino Ferreira de Sousa e da argentina Candelária Moreno Y Aragon.
Como maçom, iniciado na Loja Amizade, em São Paulo – cidade onde ainda jovem estudou no curso anexo à Faculdade de Direito, entre 1849 e 1854 – e chegou a Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil, posto mais elevado da hierarquia da Ordem.
Poeta, escritor e jornalista, por ter vivido sua juventude na cidade de São Paulo, foi estimulado pelo nativismo indigenista e substituiu o sobrenome paterno por denominação de uma palmeira chamada “bocaiuva”.
Ao voltar para o Rio de Janeiro, escreve peças de teatro. Edita com Saldanha Marinho o Diário do Rio de Janeiro, onde Machado de Assis participa como um dos colaboradores.
Dos seus casamentos, com Luísa Amália de Almeida Costa teve sete filhos e com Ana Branca Rossi mais oito filhos.
Após a Proclamação da República ocupou posto no exterior como diplomata, em seguida senador pelo Rio de Janeiro e depois o primeiro ministro das Relações Exteriores da República, entre 1889 e 1891.
Foi também presidente da província do Rio de Janeiro de 1900 a 1903, tendo Francisco Rangel Pestana como vice. Ainda fez parte do Movimento Republicano e foi fundador do Clube Republicano.
Visitou vários países em função da diplomacia. Foi candidato derrotado em algumas eleições, mas em outras conseguiu ser eleito.
Os republicanos também eram abolicionistas, mesmo com toda a representação da situação dos fazendeiros que, proprietários de escravos, sustentavam a bandeira da indenização.
Devido às suas frequentes e efetivas atuações, Quintino foi denominado como “Príncipe dos Jornalistas Brasileiros”.
Interessante observar que no ano de 1887, devido ao desgaste com militares, a imprensa republicana discutia o papel dos próprios na sociedade brasileira. Era defendida a formação de um exército permanente. Quintino reuniu-se com Benjamim Constant para discutir o tema, o que depois então culminaria na derrubada da monarquia.
Deposto o governo, na nova composição, Quintino segue para o setor das Relações Exteriores acumulando com a pasta de Comércio e Obras Públicas, até a chegada do titular.
Em dois meses de viagens feitas por Quintino, o resultado foi que todos os países da América e Europa já se relacionavam oficialmente com o Brasil.
Na chegada ao país foi tratado também como “Patriarca da República” reconhecido por sua forte liderança.
Nomes que hoje são ruas de São Paulo eram bem atuantes nesse período: além do próprio Quintino Bocaiuva, Marechal Deodoro, Rangel Pestana e Benjamim Constant.
Bibliografia
Bocaiuva Quintino. FGV://CPDOC.Fev.Br
brasilescola.uol.com.br
Dias, Vera Lucia. O Tupi em São Paulo
dicionarioderuas.prefeitura-sp.gov.br
Navarro, Eduardo de Almeida. Dicionário Tupi Antigo.
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