Igreja Santa Ifigênia: conheça a história da Basílica da Imaculada Conceição
O guia de turismo Laércio Cardoso de Carvalho fala sobre a história da igreja Santa Efigênia, que é oficialmente uma basílica.
Com casa lotada, evento de debates e networking organizado pelo A Vida no Centro reuniu especialistas da academia, iniciativa privada e prefeitura para discutir a retomada do espaço público
Redação
Fotos: João Gil
Explosão do carnaval de rua, aumento do uso de bicicletas, avenidas abertas para as pessoas aos fins de semana e o entendimento de que a rua é o local de encontro e convivência. São vários os sinais de que há uma retomada do espaço público em São Paulo – e não só aqui. Grandes cidades de outros países também vivem um cenário semelhante. O que explica esse fenômeno? Qual o seu impacto na dinâmica urbana e o que isso revela sobre a cidade contemporânea?
Esse foi o fio condutor das discussões do 2º Diálogos A Vida no Centro, arena de debates e networking organizada pelo A Vida no Centro, startup de informação e impacto social focada no Centro de São Paulo criada pelos jornalistas Denize Bacoccina e Clayton Melo. Com casa lotada, o evento foi realizado no dia 26 de setembro, na SP Escola de Teatro, na Praça Roosevelt, e contou com a participação de especialistas da academia, iniciativa privada e poder público. O encontro contou com apoio da SP Escola de Teatro e do Restaurante Apfel.
O encontro foi dividido em dois momentos. O primeiro foi um talk show, com a participação de Mauro Calliari, mestre em urbanismo pelo Mackenzie e autor do livro “Espaço público e urbanidade”, e mediação de Clayton Melo. A segunda parte foi um painel com a presença do vereador Police Neto, autor do Estatuto do Pedestre e da lei do Parque Minhocão; Luís Eduardo Brettas, Superintendente na SP Urbanismo; Mariane Broc, sócia da consultoria Places for us; e moderação de Denize Bacoccina.
Na visão de Mauro Calliari, que mantém o blog Caminhadas urbanas, no portal do Estadão, o que acontece atualmente em São Paulo é parte de um movimento global, mas com a diferença no timing dos acontecimentos. “O momento de inflexão na Europa talvez tenha sido os anos 1960, quando Copenhague, por exemplo, falou: ‘Não aceito mais que crianças continuem morrendo atropeladas.’ Naquela época, era uma cidade que matava pessoas, ao passo que hoje 30% dos deslocamentos lá são feitos de bicicleta”, disse. “Aquilo foi um momento de virada. Para nós, o ponto de inflexão veio mais tarde. Entrevistei muitas pessoas para meu livro, e todo mundo considera a década de 1990 o ponto baixo da urbanidade em São Paulo”.
E o que mudou de lá para cá? Para Mauro, uma soma de fatores interfere na questão, e os sinais da mudança vêm desde o início da década de 2000. “Um exemplo disso é o primeiro Plano Diretor de São Paulo depois da nova Constituição, com o Estatuto da Cidade. Isso tem grande impacto. Outro fator importante foi a mudança da prefeitura para o Edifício Matarazzo. Esse tipo de movimentação sinaliza alguma coisa.”
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Um aspecto fundamental é que essa transformação veio de baixo para cima, como um movimento espontâneo das pessoas. “O Carnaval é emblemático. No passado, quem queria descansar ficava em São Paulo. Hoje, vai todo mundo para a rua se divertir.”
A Virada Cultural é outro exemplo, assim como a abertura da Avenida Paulista para as pessoas aos domingos. “Acho que o caso da Paulista talvez seja o maior símbolo dessa retomada”, afirmou. “Dá para dizer que existem provas de que mudamos muito no intervalo de duas décadas.”
E o que mudou, neste intervalo, foi justamente o sentimento de orgulho da população. Um dos projetos realizados pela Places for Us, agência de place branding é o Reviva Campos Elíseos, evento de rua realizado num domingo de setembro. “Foi um projeto que nasceu do desejo de moradores do Campos Elíseos para tirar esse estigma de bairro violento, por causa da cracolândia, e foi muito bem-sucedido, com show de música e moradores dançando na rua, num local que normalmente é vazio aos domingos”, diz Mariane Broc, diretora da Places for Us.
Para o vereador José Police Neto, esta é a senha deste novo momento vivido pela cidade de São Paulo. “Durante 50 anos, fechar a rua era um problema, porque a rua era dos carros.” Isso vem mudando. O exemplo maior, lembra ele, é o Minhocão. O elevado foi transformado num parque, o que assegura o direito de uso pelos pedestres. Mas o processo também teve resistência de parte da população, que preferia ver o viaduto demolido.
Veja fotos do evento:
Crédito: João Gil
E o Parque Minhocão, avalia, foi fundamental para ensinar à cidade que dava para ocupar a Paulista. “A aprovação de fechar o sábado o dia inteiro foi no mesmo dia que foi aprovado o fechamento da Paulista aos domingos”, diz Police.
O superintendente da SP Urbanismo, José Eduardo Brettas, defendeu a necessidade de o poder público atuar para criar regras que favoreçam o uso do espaço público. “É preciso caminhar para ter cada vez mais pessoas no espaço público. É a presença das pessoas que faz com que ele seja cada vez mais seguro e mais requalificado”.
Isso inclui o não cercamento de praças e a criação de estruturas de uso livre, como o Centro Aberto – estruturas de madeira instaladas que criam uma espécie de praça suspensa, de uso múltiplo. “Quando fizemos o deck no Largo do Paissandu, com um playground, apareceu uma população enorme de crianças que morava nas ocupações. Com isso, o nível de violência diminuiu, porque antes era um local de muita prostituição. E, como muitos que iam brincar são filhos das prostitutas, elas passaram a cuidar para que o lugar ficasse mais seguro”, contou Brettas. “A cidade é de todo mundo”, afirma. Outros dez locais já foram mapeados para receber o Centro Aberto.
Ao mesmo tempo que o uso do espaço público aumenta, alguns problemas permanecem. O mais grave é a péssima qualidade das calçadas. Um problema de difícil solução, na avaliação tanto de Police quanto de Brettas, dada a falta de comunicação entre os vários órgãos públicos e da prioridade do governo nas verbas destinadas ao setor.
“Precisamos mudar a cabeça dos nossos gestores. Precisamos ensiná-los o que é importante na nossa cidade”, diz Brettas.
Um levantamento recente da Prefeitura – o primeiro deste tipo já realizado – mostrou que existem 57 milhões de metros quadrados de calçadas na cidade. Desses, 18% são de responsabilidade do setor público. E por esses locais passam 80% dos deslocamentos a pé feitos na cidade.
Apesar da importância das calçadas para a sociedade, o orçamento deste ano destinadas a elas é de apenas R$ 6 milhões – e nada foi gasto ainda –, enquanto o recapeamento de ruas tem previsão de R$ 600 milhões, segundo o vereador Police. Outro número, apresentado pelo superintendente da SP Urbanismo, confirma a irracionalidade das decisões: os afastamentos do trabalho por acidentes com pedestres na região central custam à economia R$ 30 milhões por ano. Boa parte desses recursos poderia ser economizado se não fossem os buracos nas calçadas em péssimo estado de conservação.
O Estatuto do Pedestre, aprovado há mais de ano pela Câmara dos Vereadores, ainda não foi regulamentado pelo prefeito.
A reabertura de prédios públicos à visitação também foi um tema debatido no evento. Carlos Beutel, um dos articuladores do Renova Centro, grupo que atua na região do calçadão do Centro Novo, propôs uma mobilização para a reabertura do mirante do edifício Martinelli, fechado à visitação desde o ano passado, após a queda de um visitante. “É uma tarefa para nós aqui abrir o Martinelli”, afirmou.
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