A Vida no Centro

Origens paulistanas

Vera Lucia Dias atua como guia cultural na cidade de São Paulo. Tem graduação em Turismo e pós em Globalização e Cultura pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo. Conselheira de Turismo, representou a Secretaria Municipal de Cultura e o Sindicato de Guias do Estado de São Paulo. Nascida no bairro da Mooca, publicou em 2008 “O Tupi em São Paulo Vocabulário de nomes tupis nos bairros paulistanos” pela editora Plêiade. Busca a reflexão sobre a presença Guarani nas aldeias da cidade.

Ruas com nomes tupis no centro de São Paulo

A colunista Vera Lúcia Dias fala sobre as ruas com nomes de origem tupi no centro de São Paulo e seus significados

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Tempo de leitura:5 minutos

A antiga Vila de Piratinga cresceu vertiginosamente como cidade a partir do final do século 19 e início do século 20. Em 1711 recebeu a titulação, mas ficou estagnada até a chegada do ciclo do café. Essa terra indígena, recebeu através do europeu população negra escravizada e sua formação foi mesclada com a presença de mais de setenta etnias. Completou seu povo com migrantes de todo o país em busca de trabalho e participando do crescimento da metrópole.

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Na região central pode-se perceber a presença de denominações de origem tupi, além de alguns títulos da nobreza. Geralmente homenageando outros municípios do país ou relevos geográficos. Seguem aqui exemplares desses logradouros.

Rua Baronesa de Itu, Leonarda de Aguiar Barros. Itu significa salto, cascata, cachoeira.

Rua Gravataí, significa rio de gravatás ou caraguatás, uma planta espinhosa.

Rua Itambé ou Itaimbé, quer dizer pedra afiada, pontiaguda.

Rua Jaguaribe, Dr. Domingos José Nogueira Jaguaribe Filho, do Ceará, abolicionista. Deixou vários escritos como o “Clima da Província de São Paulo”. Jaguaribe ou Jaguarype, quer dizer rio das onças.

Rua Maranhão, “mbará nhã”, mar agitado.

Rua Marquês de Itu, Antonio de Aguiar Barros, doador de verbas para a Santa Casa.

Rua Marquês de Paranaguá, Francisco Vilela Barbosa, do Rio de Janeiro, bacharel em matemática, deputado, onze vezes conselheiro, sete vezes ministro da guerra, três vezes ministro dos estrangeiros. Um dos encarregados de obter reconhecimento de Portugal sobre a Independência do Brasil em 1825. Participou da redação da constituição imperial. Paranaguá, significa baía, enseada.

Largo do Paissandu ou Paiçandu, era antigo tanque de águas chamado Zunega, depois Praça das Alagoas. O nome refere-se a fatos da batalha do Paissandu em 1865 no Uruguai, pouco antes da guerra. Paissandu quer dizer, o velho, pai, sandu.

Rua Sabará, ou “itabará”, significa pedra brilhante.

Rua Sergipe, significa rio dos siris.

“São Paulo tornou-se uma das cidades mais cosmopolitas do mundo: ítalo-franco-lusitano-nipo-germânico-saxã. Mas não nos enganemos, não é a Europa ou a América do Norte com alguns detalhes exóticos. Tomar São Paulo por um pedaço da Europa ou uma réplica de Nova York é nada compreender de Mário de Andrade ou Tarsila do Amaral. Por toda parte, a civilização mistura-se ao primitivismo indígena e àquilo que deixaram os herdeiros dos escravos africanos, cujos atabaques ressoam desde as oito horas da noite em milhares de terreiros.” No livro Um olhar francês sobre São Paulo, de Claude Olievenstein e François Laplantine.

Fontes

Dicionário de ruas, Prefeitura de São Paulo

Vera Lucia Dias, O Tupi em São Paulo

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