Igreja Santa Ifigênia: conheça a história da Basílica da Imaculada Conceição
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Nem sempre é preciso ir a um museu para ver obras de arte. O Centro de São Paulo está repleto de obras de arte no chão. Conheça algumas
Silvio Caldas ao cantar “Chão de Estrelas”, a linda poesia de Orestes Barbosa, dizia:“a lua, furando o nosso zinco salpicava de estrelas nosso chão, tu pisavas nos astros distraída”… Em São Paulo, pisando nas calçadas distraídos, poderemos virar o pé naquelas que estão quebradas ou nem perceber que estamos pisando em obras de arte em certas calçadas. Pisar em obras de arte? Sim, temos várias, vamos ver algumas delas em nosso passeio. Vem conosco? Olhando para o chão.
CENTRO CULTURAL DO BANCO DO BRASIL (Rua Álvares Penteado esquina com Rua da Quitanda)
A entrada já encanta, com o piso em mosaicos com minúsculas pedras em diversas cores, formando múltiplos desenhos. Caminhando sobre eles, chegamos à porta que dá acesso a um grande salão. Mosaicos formam um pequeno tapete retangular e no grande salão, um tapete” redondo, com as bordas lindamente trabalhadas ocupam todo o espaço.
Tudo no prédio é luxuoso, foi projetado para ser assim. Em 1/1/1856 foi instalada em São Paulo a Caixa Filial do Banco do Brasil. Sempre ocupou imóveis alugados. Em 1923 o banco comprou uma residência e contratou o engenheiro-arquiteto Hippolyto Pujol Junior para construir sua sede própria. Foram utilizando materiais nobres, para mostrar a grandeza de São Paulo, a riqueza alcançada graças ao café. Por isso sua presença em diversos adornos no prédio. Foi a agência central do Banco do Brasil em São Paulo até 1957, quando é transferida para o prédio de 143 m de altura, 24 andares, na Rua São Bento. Passou então a ser agência Álvares Penteado até 1996, quando as atividades bancárias foram ali encerradas. Permaneceu fechada. Em 21de abril de 2001 é inaugurado o Centro Cultural do Banco do Brasil, após reforma comandada por Luiz Telles, escolhido por ter projetado o Centro Cultural São Paulo, na rua Vergueiro.
As luxuosas características do banco foram mantidas, aproveitando-se seus equipamentos. As atuais bilheterias são remanescentes dos balcões de atendimento. No subsolo as caixas fortes passaram a ser salas para exposições. Possui 5 pavimentos, com área total construída de 4.183 metros quadrados, oferece salas para exposições, teatro com capacidade para 130 pessoas, auditório, cinema, cafeteria e loja com livros e objetos de arte. Mesmo se não for participar de alguma das várias atividades culturais que ali são realizadas, vale a visita para apreciar a arquitetura do prédio, portas, arandelas, lustres e o piso em mosaico.
BANCO DE SÃO PAULO (não confundir com o Banco do Estado de São Paulo) Rua XV de Novembro 347.
O Banco foi constituído em 1889. Em 1935, o arquiteto Álvaro de Arruda Botelho é contratado para projetar o prédio, um dos mais representativo da arquitetura art déco. Presente em livros de Arquitetura, já foi cenário de comerciais, filmes, minisséries. Tem dois blocos interligados, um na rua São Bento e outro na Quinze de Novembro, 18 pavimentos, design sofisticado. No salão onde ficava a parte de atendimento ao público, arandelas em alabastro, mesas em granito ornadas com cristais. O piso, de mosaico em pequenas pastilhas de cerâmica, parece um grande tapete cobrindo todo o espaço, chegando até os balcões de atendimento e junto às mesas de centro que eram utilizadas para preenchimento de depósitos. O mosaico é composto de pastilhas, em diversas cores. É assinado pelo autor e tem até o número de seu telefone para contatos. Dá para fotografar como lembrança, não para contratação, pois não deve estar mais trabalhando. É um número telefônico aqui na capital e tem apenas 5 dígitos!!!
Esses dois pisos foram fáceis de serem vistos e apreciados. O próximo já fica mais difícil perceber que se trata de uma obra de arte. O Viaduto Santa Ifigênia, mostrado com frequência em novelas, filmes, comerciais, em função de sua bela ferragem. Inaugurado em 1913, artisticamente trabalhada, foi trazido da Bélgica. Pelo viaduto passavam carros, ônibus, bondes, até sua reforma em 1978, quando foi transformado em um calçadão. O piso pavimentado de pastilhas sobre lajes de concreto forma tapetes geométricos tricolores e foi elaborado pelo arquiteto e professor Lefèvre. Quando se visita o terraço do prédio Martinelli fica fácil perceber o “tapete” que cobre os 225 metros de extensão do viaduto.
Na nossa próxima parada, os pisos com desenhos geométricos estão muito bem conservados, apesar da grande movimentação. Estamos na famosa Galeria do Rock, inaugurada em 1963 como Shopping Center Grandes Galerias. Construída por Alfredo Mathias com projeto do casal de arquitetos italianos Siffredi e Bardelli. Para a confecção dos pisos eles chamaram um competente artista italiano, especialista em mosaicos, Bramante Buffoni.
Cada piso tem um desenho geométrico diferente. Para apreciarmos a beleza e a diversidade desses pisos, o ideal é subirmos alguns andares e nos debruçarmos nos terraços arredondados que parecem decks de navio. Local ideal para belas fotos.
Para finalizar vamos até à Biblioteca Mario de Andrade, ou melhor, até sua calçada. Lá está exposta a obra de arte PARALER de autoria da artista plástica e professora REGINA SILVEIRA (Porto Alegre 18/01/1939). Em 2002 ela idealizou essa obra para a calçada do novo edifício da New York Library, em Nova York. Não foi realizada. Adaptou esse projeto em 2015 para as calçadas da Biblioteca Mário de Andrade. Foi inaugurado em 1 de setembro de 2015.
Trata-se de um mosaico com 1.000 metros quadrados, ligando a entrada da Biblioteca na av. São Luiz com a entrada principal na rua da Consolação. Um grande bordado em ponto cruz, com quase dois milhões de placas de porcelanato recortadas com várias tonalidades formando a palavra BIBLIOTECA em 12 idiomas – entre eles, russo, hebraico, coreano -, escritas em diagonal na calçada. Para quem, devido à pressa, não percebeu as escritas e nem tampouco a agulha e a linha utilizadas para fazer esse bordado, uma placa no jardim da Biblioteca, próximo à escada da entrada principal explica o projeto.
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