Igreja Santa Ifigênia: conheça a história da Basílica da Imaculada Conceição
O guia de turismo Laércio Cardoso de Carvalho fala sobre a história da igreja Santa Efigênia, que é oficialmente uma basílica.
Laércio Cardoso de Carvalho faz um passeio pelos locais que inspiraram várias músicas de Adoniran Barbosa, grande cronista de São Paulo
Laércio Cardoso de Carvalho
Adoniran Barbosa, cronista musical de São Paulo, paulista que em 1965 venceu o Carnaval do Rio de Janeiro com a música “Trem das Onze” falando de São Paulo, ganhou uma estátua na esquina mais famosa da cidade, a esquina da São João com a Ipiranga, eternizada na música Sampa, de Caetano Veloso. Adoniran está ali junto com o seu cachorrinho Peteleco. E, até o 5 de março, uma exposição no Circolo Italiano celebra “O Samba Italiano de Adoniran Barbosa”. Também podemos homenageá-lo com um passeio pela canções de Adoniran Barbosa no Centro de São Paulo.
Assim como acontece em Liverpool, na Inglaterra, onde os visitantes podem realizar diversos tours com o tema Os Beatles, passando por locais referentes à vida e à carreira deles, em São Paulo podemos oferecer passeios por locais que nos remetem às canções criadas por Adoniran Barbosa.
Não precisamos ir até Vila Esperança, ao Morro da Casa Verde, à casa do Arnesto, no Brás, ao Alto da Mooca, onde a turma da saudosa maloca conseguiu um terreno, ao Bixiga, ou ao Jaçanã. Mesmo porque o trem nem existe mais. Vamos concentrar nosso passeio no centro da cidade.
Nosso tour começa na estação Sé do Metrô, com a música Triste Margarida, também chamada Samba do Metrô. Ela nos remete ao período de construção do Metrô, iniciada em 1968. Na canção, Adoniran relata o desejo que muitas pessoas tinham de experimentar aquele novo meio de transporte. Então, para conquistar a moça, promete a ela que será a primeira passageira do metrô. Relata também a formação dos jardins nos barrancos da av. 23 de Maio, inaugurada em 1969. Detalhe: a “margarida” mencionada na canção não se refere à flor, mas ao apelido dado às varredoras de ruas.
Adoniran foi um cronista, que registra em suas canções momentos e pessoas de nossa cidade. Por isso, em alguns casos, se faz necessária uma explicação para os que aqui não moravam, ou que não viveram aquela época.
Junto às escadas de acesso à estação Sé do Metrô, uma torre exibe um relógio e a data: 17 de fevereiro de 1978, dia em que a estação foi inaugurada e com ela a nova praça da Sé. Agora com 50 mil metros quadrados de área, modernas esculturas, espelhos d’água. Adoniran estava presente na inauguração, não poderia faltar, pois era um frequentador assíduo da anterior e na canção a comparação entre as duas foi lançada também nessa data. Ele já havia manifestado essa opinião numa entrevista anterior.
Caminhando pela rua Roberto Simonsen, numa casa ao lado do Solar da Marquesa de Santos uma placa nos informa, “Casa Número 1”, ou “Casa da Imagem”, que é o seu uso atual. Mas até o final dos anos 1970 ali esteve instalada, por muito tempo, a famosa Central de Polícia, um dos lugares onde “Mané” foi procurar pela mulher que “saiu dizendo que ia comprar um pavio para o lampião”.
O que teria acontecido com ela? Vamos ouvir a história:
Nosso destino agora é um local bastante importante na carreira de Adoniran, uma bela e única construção em São Paulo, o Palacete Tereza Toledo Lara, situado na rua Quintino Bocaiúva, esquina com rua Direita e com a Rua José Bonifácio. Nele estava instalada a Rádio Record. Além de programas musicais, a emissora apresentava em seu auditório programas humorísticos e radioteatros, com grande afluência de público. Adoniran participou desses programas, foi artista com carteira assinada. Se quiser conferir, suba até o primeiro andar, lá poderá ver a cópia do contrato de trabalho entre a Rádio Record e João Rubinato, seu verdadeiro nome.
O programa onde Adoniran atuou com grande sucesso, por vários anos, foi Estória das Malocas, escrito pelo genial Oswaldo Molles. Adoniran interpretava o malandro Charutinho, que sempre se dava mal. O personagem tinha dois bordões (aquelas falas marcantes de um personagem cômico): “Chora na Rampa” e “Aqui Gerarda”, que viraram músicas de Carnaval, como era comum na época.
O Largo da Misericórdia é difícil de ser notado hoje em dia, por ser apenas um espaço um pouco mais amplo entre o início da rua Álvares Penteado e a Rua Direita. Ali, bem próxima da Rádio Record, onde Adoniran se consagrou, ficava a Rádio Kosmos. Várias vezes, ele foi lá tentar o início de uma carreira artística participando de programas de calouros – naquela época esse foi o caminho trilhado por muitos artistas consagrados – mas João Rubinato (ainda não havia escolhido o nome artístico) era sempre eliminado.
Vamos para um lugar onde foi um vencedor, a Rua Boa Vista. Na fachada de um bar, colocada por admiradores, uma pequena placa com a fotografia de Adoniran nos informa algo relativo à sua carreira ocorrido naquele local ou próximo a ele. A placa relata que no Teatro Boa Vista, um pouco mais à frente na mesma rua, na esquina com a Ladeira Porto Geral, em 1935 ele ganhou o primeiro lugar de um concurso de marchinhas de Carnaval realizado pela Prefeitura de São Paulo. O que fez com o dinheiro? Ele mesmo conta: tinha poucos amigos, com o prêmio arrumei muitos, então “bebemos o prêmio todo”. Sua música vencedora foi Dona Boa:
Ali bem perto fica o belo viaduto Santa Ifigênia, inaugurado em 1913.
Mais uma canção que retrata uma situação real. Em 1978, o viaduto Santa Ifigênia, após 60 anos sem conservação, foi entregue à população com sua estrutura metálica restaurada e pintada, transformado em calçadão, o piso trocado por pastilhas que formam desenhos geométricos. Antes da reforma, estava em situação crítica. Chegaram a pensar até em derrubá-lo, pois sua estrutura estava com problemas, e já não seria mais necessário com a existência da estação Metrô São Bento.
Da parte central do viaduto podemos observar o Vale do Anhangabaú. Antes do Sambódromo, os desfiles das escolas de sambas ocorriam ali.
Trinta anos depois, o Carnaval proporciona a Adoniran mais uma vitória, uma grande vitória. Ele ganha o primeiro lugar no concurso de músicas carnavalescas, no Rio de Janeiro, em 1965, ano do Quarto Centenário da cidade e com um tema paulistano: Trem das Onze:
Descendo a rua do Seminário passamos pela Praça do Correio e já estamos na Avenida São João. Uma história triste aconteceu na São João, como ele conta em Iracema:
Adoniran morou na Avenida São João, próximo à Praça Júlio Mesquita. Passeava pelos arredores com seu cachorro Peteleco. Nessas andanças conheceu na Rua Aurora alguns homens que fizeram em uma “casa velha, um palacete assobradado, sua maloca” que será derrubada para a construção de um prédio. O prédio foi construído. Na parede junto à porta, uma placa daquelas que mencionei anteriormente, comprova que ali surgiu a inspiração para uma das suas músicas mais famosas, gravada inicialmente por ele, sem grande êxito, e depois pelos Demônios da Garoa um grande sucesso, o primeiro de uma série de muitos dessa parceria.
Adoniran era freguês assíduo do restaurante Filé do Moraes na Praça Júlio Mesquita, em frente à escultura Fonte Monumental em mármore Carrara representando seres do mar, com lagostas em bronze nas laterais. Certa noite, as lagostas “sumiram” e surge a canção de Adoniran registrando o fato. Devem ter sido roubadas ou derretidas, como nos fala, pois as que vemos hoje são outras, de resina, e foram colocadas quando do restauro da fonte.
Agora vamos até a esquina da São João com a Ipiranga, junto ao Bar Brahma nos despedirmos de Adoniran.
Esperamos que você tenha gostado.
E se quiser realizar este tour presencialmente, é só entrar em contato pelo WhatsApp 11 9 98374063.
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