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Os jardins de chuva do programa Gentileza Urbana, da Subprefeitura da Sé, também reduzem alagamentos e diminuem a força das enxurradas nas áreas de declive; veja como funciona
Conheça o programa Gentileza Urbana, da Subprefeitura da Sé, que planta jardins de chuva em diversos pontos da região central
Denize Bacoccina
O Centro de São Paulo é sempre visto com uma região árida, prédios altos um ao lado do outro, corredores de ônibus e calçadões sem árvores. Pois graças ao programa Gentileza Urbana, da Subprefeitura da Sé, essa realidade vem mudando. O programa, coordenado pelo arquiteto paisagista André Graziano e o biólogo Rodrigo Silva, cria jardins de chuva, biovaletas, vagas verdes, escadarias verdes e bosques urbanos. A iniciativa vem transformando a paisagem urbana na região central, ajudando a colocar mais verde nas ruas e a reduzir alagamentos ao captar água de chuva e diminuir a força das enxurradas nas áreas de declive.
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Os jardins de chuva estão em alta e vêm sendo implantados em vários lugares do mundo. Mas o programa do Centro de São Paulo é maior, por exemplo, do que o plano de Nova York, com meta de implantar 9 mil metros quadrados nas calçadas.
Em São Paulo, até agora já foram criados 20 mil metros quadrados de áreas permeáveis onde antes só havia cimento e asfalto. Até dezembro do ano passado, foram entregues 41 jardins de chuva, três bosques de conservação urbana, três biovaletas, calçadas com poços de infiltração, 16 vagas verdes, uma escadaria verde e três landarts. Os bosques tiveram topografia ajustada para colher água da chuva e receberam 3 mil mudas plantadas com os moradores.
O projeto começou em maio de 2019, quando o subprefeito da Sé, Roberto Arantes, chamou André para trabalhar na subprefeitura com duas tarefas: reduzir os alagamentos nos dias de chuva e fazer a região deixar a lanterninha entre as regiões com mais área verde da cidade.
“Fui subprefeito de Santo Amaro, a região mais arborizada da Cidade. Quando assumi a Subprefeitura Sé, considerada a área mais árida de São Paulo, desafiei a minha equipe a criar um programa que mudasse esse cenário. Apenas nos três bosques de conservação plantamos mais de 3 mil árvores”, diz o subprefeito da Sé, Roberto Arantes. Pela região, que tem 450 mil moradores, circulam diariamente mais de 3 milhões de pessoas.
“Montamos uma coletânea de ações baseadas na natureza, buscando a conservação de água na cidade e o aumento da arborização e biodiversidade da região central, que sempre foi a mais árida da cidade. Buscamos ações que mudassem isso”, diz o arquiteto André Graziano em entrevista ao A Vida no Centro.
André já tinha experiência com projetos públicos. Em 2006, ele projetou o Parque do Povo, no Itaim, perto do Rio Pinheiros, e além de jardins de chuvas implantou calçadas externas drenantes, feitas com entulho reciclável.
Nos espaços projetados no Centro, a ideia é aproveitar toda a estrutura já existente na Prefeitura, com mudas disponíveis nos viveiros municipais, treinando os funcionários das empresas contratadas para a zeladoria para que eles cuidem dos jardins no dia a dia. “Sempre fazemos os projetos pensando que a plantas precisam se desenvolver sozinhas. Soluções simples, sem grandes requintes técnicos, usando um conhecimento teórico aplicado, para que seja feito e dê certo”, afirma.
Todas essas obras buscam captar a água da chuva por meio de aberturas na sarjeta ou na muretinha de contenção dos jardins. A água da chuva entra pela abertura nas guias, irriga as jardins e é armazenada numa caixa d´água subterrânea, capaz de captar os primeiros 15 ou 20 minutos de chuva. Quando o jardim já está encharcado, a água segue pela sarjeta e cai nas galerias pluviais. Funciona como os piscinões, só que em pequena escala. “O nosso cálculo do sistema de jardins da Rua Major Natanael é que ele equivale a 5% do volume do piscinão da Praça Charles Miller. Só que a um custo muito mais baixo”, diz André.
Além de segurarem o fluxo, os jardins recebem a água mais suja, do início da chuva, o chamado first flush. É aquela primeira água que lava a rua. Na rua ou nos rios, essas partículas provenientes da poluição dos veículos ou de folhas que caem das árvores, são sujeira e poluição. Para as plantas, são adubo, diz André.
A descoberta dos rios escondidos
Na Avenida 23 de Maio, no sentido bairro-centro, a região embaixo do Viaduto Dona Paulina se transformou completamente com as biovaletas. O local foi escolhido, diz André, porque a calçada em torno do ponto de ônibus estava sempre em más condições, destruída pela água que descia das laterais (a região é, naturalmente, um fundo de vale, e foi pavimentada no Plano de Avenidas, projetado nos anos 1930 e implementado nas décadas seguintes).
Com o projeto, os jardins aumentaram de tamanho e de profundidade, com a construção de um reservatório, forrado com entulhos de construção para garantir a drenagem, e o plantio de espécies que vivem bem em terrenos alagados. Na escavação dos canteiros, a surpresa: seis olhos d´água que estavam escondidos embaixo da calçada apareceram. O que era um transtorno virou o ponto de alimentação das plantas que agora vivem ali. Passando pelo local, dá pra ver o pequeno fio de água brotando no canteiro, ao lado de uma das avenidas mais movimentadas de São Paulo.
No Bosque das Maritacas, um perto pelo do Parque Dom Pedro II, que era um ponto de descarte de entulhos, foram transplantadas cerca de 20 árvores frutíferas retiradas do Vale do Anhangabaú durante a reforma, além de centenas de outras espécies de mata atlântica e do cerrado.
E na rua Major Natanael foi criado o maior sistema de jardins de chuva do Brasil e um dos maiores do mundo, com 11 jardins que somam quase três quilômetros quadrados de área verde. O objetivo é captar a água na descida da Avenida Dr Arnaldo em direção ao estádio do Pacaembu, reduzindo a enxurrada naquela região.
Escolha dos locais
Os primeiros locais foram escolhidos pela equipe técnica, priorizando pontos que tinham problema com enxurrada. Mas depois a Subprefeitura também abriu o processo para solicitações de moradores. Em apenas uma semana, receberam mais de 30 pedidos.
Foi quando Alex Campana pediu – e conseguiu – uma vaga verde em frente ao seu prédio, na Rua Avanhandava. Em setembro, ele viu um post no Instagram do A Vida no Centro sobre o projeto e entrou em contato com a SubSé pela própria rede social. A equipe foi até o local e instalou um pequeno jardim, num espaço de uma vaga de carro, com um jardim e um pergolado. Alex, que produz kokedamas, doou alguma plantas para o espaço, mas elas acabaram sendo roubadas. Agora, a Prefeitura plantou trepadeiras, que vão crescer apoiadas no espaço e dispensam manutenção.
Animado, ele fez outro pedido: a reforma do jardim da escadaria que faz a ligação entre a Rua Avanhandava com a Rua Augusta, um ponto escuro e evitado pelos moradores da região por causa do risco de assalto. “Já fizeram, colocaram iluminação e ficou lindo”, conta ele, que mora no local há um ano e pretende continuar reivindicando melhorias para a região.
Entre as obras realizadas pelo programa Gentileza Urbana, uma que causou grande impacto foi o jardim de chuva ao lado do Copan, com plantas rasteiras e tamareiras das Canárias, com frutas não comestíveis. Fatima Freitas, moradora do Copan há 40 anos, conta que sempre quis ter um jardim na antiga ilha de cimento que faz a ligação entre a Rua Araújo e a Avenida Ipiranga, mas sempre se deparou com dificuldades para realizar o projeto. No fim do ano passado, ela se surpreendeu positivamente quando viu a implantação do jardim de chuva pela Subprefeitura e hoje é uma entusiasta do espaço. “Estamos encantados com o jardim. Está lindo”, diz ela.
“A água da chuva escorre direitinho, não empoça. E estamos cuidando, limpando, tirando papéis, plásticos, que vão para o jardim. Sempre vejo pessoas ali admirando”, diz Fatima. Ela só lamenta que os ipês que foram plantados ao longo da avenida, há alguns anos, não estejam crescendo tão bem.
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Uma extensão da área verde ao longo da avenida, fazendo a ligação até a Praça da República já está nos planos da equipe da Subprefeitura, que só aguarda as negociações com os outros órgãos que precisam autorizar a remoção das vagas de estacionamento.
E a depredação?
André conta que ela existe em alguns pontos com grande circulação de pessoas, como na região do Brás, onde as pessoas jogam lixo, entulho. Isso também aconteceu logo na implantação dos jardins de chuva da Rua Major Natanael. “Nosso plano é ser mais teimoso do que quem joga lixo no lugar errado. A gente limpa e planta de novo. Com o tempo, a gente espera vencer”, diz André.
Mas há também o movimento inverso, como na biovaleta da Avenida 23 de Maio, onde pessoas em situação de rua que dormem na região já contaram à equipe que gostam muito do jardim estavam ajudando a cuidar.
“São pequenos gestos que procuram chamar atenção para essas coisas. Não vamos fazer uma grande revolução, mas se as pessoas perceberem que tem algo diferente, isso traz uma gentileza, faz as pessoas se sentirem bem”, diz o arquiteto. “Nosso objetivo é que seja uma política municipal.”
“Percebemos que nos aproximamos dos munícipes que respondem com muita gentileza às intervenções paisagísticas no Centro. Eles também participam e cuidam”, diz o subprefeito da Sé.
O projeto recebeu o prêmio da Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA), que premiou iniciativas que dialogam em favor da arquitetura e do urbanismo.
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