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O Bosque das Maritacas fica onde um dia foi um terreno abandonado e recebeu árvores e palmeiras transplantadas do Vale do Anhangabaú
O Bosque das Maritacas tem 3.600 metros quadrados e começou a nascer em setembro de 2019
Denize Bacoccina
Imagine um terreno baldio, um pedaço de terra batida cercada por um viaduto, uma área árida, sem vida. E agora imagine este mesmo lugar um ano e meio depois, com mais de mil árvores, pássaros, borboletas, abelhas nativas e outras espécies importantes para a manutenção da biodiversidade. Este é o Bosque das Maritacas, um oásis verde em meio ao concreto e a poluição da Radial Leste, Avenida do Estado e o Rio Tamanduateí. O mais surpreendente: a apenas um quilômetro da Praça da Sé, ao lado do Parque Dom Pedro II, pertinho da Mooca.
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O Bosque das Maritacas, uma área com 3.600 metros quadrados, começou a nascer em setembro de 2019, com a preparação, pela Subprefeitura da Sé, de um terreno abandonado, uma área pública, que um dia havia sido um canteiro de obras. Nas escavações para devolver a permeabilidade à terra pisada, a equipe descobriu vigas de concreto que ficaram abandonadas no terreno. Em vez de retirá-las, optaram por cobrir o local com terra e criar pequenas elevações no espaço, para receber e absorver a água da chuva.
Para fertilizar o solo, foram despejados 16 caminhões de 20 toneladas de composto, criando um espaço macio para que as raízes possam se aprofundar no terreno e crescer. “O solo recebeu descompactação, correção, adubação e camada de proteção feita a partir de restos de podas de árvores e outros resíduos vegetais, com a intenção de permitir o melhor desenvolvimento das mudas plantadas”, diz André Graziano, arquiteto paisagista da Sub-Sé.
Plantas do cerrado e mata atlântica
O bosque tem espécies de dois biomas brasileiros: cerrado e mata atlântica, aproveitando as áreas altas nas laterais e a proximidade com o Rio Tamanduateí. Entre elas, árvores como pitangueira, grumixama, uvaia, pêssego do mato, araçá, guabiju, cambuci, guabiroba, açaí, palmito jussara, jerivá, ingá, aldrago, arueira, cabreúva, angicos, cedros, sangra d´água, mulungu, tapiá, tarumã e ipês. O Bosque das Maritacas recebeu ainda árvores e palmeiras transplantadas do Vale do Anhangabaú, como jerivás, paineiras, jabuticabeiras, pau-brasil e aldrago. Durante a reforma do Vale, todas as espécies não nativas e as árvores que estavam no espaço central foram retiradas, e outras espécies nativas plantadas nas laterais.
O Bosque das Maritacas tem ainda uma figueira clonada da figueiras das lágrimas, no Ipiranga, a árvore mais antiga da cidade, no local pelo menos desde o século 18. Com tanta vegetação, a vida animal também se desenvolveu no novo bosque, de insetos polinizadores a pássaros que surpreendem os ouvidos acostumados com o barulho dos motores que passam por ali. “Temos notado muitos insetos e muitos pássaros”, diz Rodrigo Silva, biólogo responsável pelo projeto. Entre as aves que começaram a aparecer por lá estão quero-quero, sabiás de várias espécies, saíra, beija-flor e até morcegos, fundamentais para a disseminação de sementes.
Atualmente, uma equipe de profissionais treinados faz a manutenção do Bosque das Maritacas, que é fechado ao público por se tratar de uma área de conservação. O acesso ao local pode ser autorizado, mediante agendamento, para fins científicos e pedagógicos.
Outras áreas de preservação
O Bosque das Maritacas é o primeiro, mas não é o único bosque de conservação da região central.
O Bosque Bem-Te-Vi, que fica no Glicério, bem próximo ao Bosque das Maritacas, recebeu em dezembro de 2019 1,4 mil mudas de espécies nativas que foram plantadas por crianças do 2º ano da rede pública.
No mesmo mês, alunos do Colégio Rio Branco e Mackenzie e voluntários participaram da ação de plantio do terceiro bosque de conservação urbana da região Central, o Bosque dos Sabiás, que fica numa área de 2.800 m² na Avenida 23 de Maio, na altura do Viaduto Condessa de São Joaquim. O Bosque dos Sabiás recebeu também o transplante de 14 palmeiras da espécie palmito-juçara (Euterpe edulis) com aproximadamente 3 metros de altura, espécie ameaçada de extinção.
No começo de fevereiro de 2021, a Prefeitura começou as obras da quarta unidade de conservação, o Bosque da Memória, também na Avenida 23 de Maio. Numa área adjacente, o bosque terá uma espécie de berçário, uma “reserva técnica” de árvores de grande porte que podem ser replantadas em outros locais, se as árvores originais tiveram algum problema, como uma queda provocada por um raio.
Serão plantadas pelo menos duas mudas de árvores importantes, como a figueira das lágrimas da Ladeira da Memória, e sete exemplares de palmeiras imperiais, como as da Praça Ramos da Azevedo. “São espécies representativas da cidade, e que podem ser substituídas em algum eventualidade. É uma maneira de ter a menor interferência na paisagem e na memória que as pessoas têm desses locais”, diz André Graziano.
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