Por César Alves

Se o vinil fechou o século passado como obsoleto e extinto, no século corrente retorna como verdadeira fênix dos formatos difusores de música. Em plena era do streaming e do comércio e distribuição de música através das ferramentas de compartilhamento virtual, antigas fábricas de prensagem de discos são reabertas e as famosas bolachas voltam como objeto de desejo daqueles que sempre preferiram o formato físico, DJs, colecionadores e também gente jovem, que aprendeu a ouvir suas canções prediletas através dos veículos modernos, e descobriu no álbum de vinil uma nova paixão.

Para todos eles, o Feirão do Vinil da Quintino Bocaiúva pode ser o melhor presente que poderiam ganhar – mesmo que ele venha depois do Natal oficial. Ocorrendo de forma silenciosa, quase sem divulgação, a feira é uma iniciativa do sebo Raiz Cultural.

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São mais de 30 mil LPs e cerca de 10 mil compactos simples disponíveis para venda em caixas e prateleiras, sem qualquer organização – seja por gênero, artista ou ano de produção. A falta de organização, no entanto, é intencional. Segundo os lojistas, mais do que queimar seu estoque, a intenção é despertar nos clientes o bom e velho prazer do garimpo, hábito que costumava levar milhares de colecionadores às lojas de discos usados, em busca daquela obra rara.

Mar de Rosas (1971), de Celly Campelo, é uma das preciosidades do Feirão do Vinil da Quintino Bocaiúva

Se o desafio da busca não for suficiente para seduzir o leitor, ou até mesmo desanimá-lo, o preço talvez o faça: qualquer LP ou compacto, por mais raro e precioso que o título seja, está sendo vendido por apenas 5 reais cada – 10 reais, no caso de álbuns duplos.

Feirão do vinil a preços camaradas

Não condeno o amigo leitor que pode estar pensando: “Por esse preço, deve ser uma tonelada de encalhes, sem qualquer valor”. Sendo assim, sugiro que pense duas vezes. Numa breve passagem pela loja, este que vos escreve encontrou coisas como os compactos originais de Fica (1967), de Chico Buarque, Mar de Rosas (1971), de Celly Campelo e My Sweet Lord, do beatle George Harrison. Bastou uma pequena garimpagem na seção de compactos.

Entre os LPs, há clássicos (identifiquei alguns bem raros) do Rock, Soul, Funk, Jazz, Bossa Nova, MPB, samba, trilhas sonoras de filmes e novelas e música erudita. Todos em excelente estado e por um preço inacreditável – inclusive caixas e edições especiais e pouco conhecidas.

Com tempo para o garimpo, uma visita à loja, localizada logo atrás da Catedral da Sé, pode resultar em encontrar aquele verdadeiro tesouro, na forma daquele tão procurado Graal de vinil, que o bom colecionador de discos procurava. E, praticamente, de graça. Vale a pena uma visita.

• Serviço:
  Feirão do Vinil da Quintino Bocaiúva
• Rua Quintino Bocaiuva, 309 – Sé
  
• Data: rola até o fim do estoque, que é enorme
• Tel. (11) 3105-6714