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Exposição Toulouse-Lautrec em Vermelho apresenta cenas da vida noturna parisiense, com seus cabarés, bordéis e personagens como prostitutas, boêmios e dançarinos
A maior exposição dedicada à obra do francês Henri de Toulouse-Lautrec (1864-1901) já realizada no Brasil está em cartaz no Museu de Arte Moderna (Masp), até o dia primeiro de outubro. Toulouse-Lautrec em vermelho traz 75 trabalhos do artista, entre pinturas, cartazes e gravuras, que estão entre suas obras mais emblemáticas.
Estão expostas nove das 11 obras de Toulouse-Lautrec que integram o acervo do Masp. Os outros trabalhos foram emprestadas de alguns dos principais museus e coleções particulares do mundo, como Musée d’Orsay, de Paris; Tate e Victoria & Albert Museum, de Londres; The Art Institute of Chicago; National Gallery of Art, de Washington; e Museo Thyssen-Bornemisza, de Madrid.
Toulouse-Lautrec foi um dos artistas centrais da Paris do final do século 19, ao capturar a efervescência noturna da capital que despertava para a modernidade, quando suas ruas foram iluminadas a gás e as mais diversas figuras passaram a se encontrar nos espaços públicos, entre burgueses, boêmios, prostitutas, dançarinos e artistas.
Inteiramente concebida e organizada pelo MASP, Toulouse-Lautrec em vermelho traz cenas de apresentações em cabarés, danças em bares, bailes de máscaras, retratos de figuras da sociedade e do célebre bairro Montmartre, que lhe renderam fama ainda em vida.
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Algumas das obras mais conhecidas do artista estão reunidas aqui: Moulin de la Galette (1889), bar e salão de dança da classe trabalhadora, localizado em um antigo moinho. Há também cartazes que ele criava sob encomenda para divulgar os espetáculos de dança e eventos dos cabarés e gravuras para peças de teatro e retratos de atores e atrizes.
A exposição traz também cenas interiores das maisons closes, como eram chamados os bordéis da época, com suas trabalhadoras em momentos de descanso e intimidade, em seus afazeres cotidianos.
Três dessas composições — O divã (circa 1893), Estudo para No salão da rue des Moulins (1894) e As duas amigas (1894) retratam o salão de entrada de um luxuoso bordel parisiense na rue des Moulins, que Toulouse-Lautrec frequentou em meados dos anos 1890.
Com sofás de encosto alto e forrados de veludo escarlate, a decoração do local serviu de sugestão para o título da mostra, cuja cor também é seguidamente associada à sexualidade e ao prazer.
Toulouse-Lautrec foi um frequentador assíduo da vida noturna de Montmartre, bairro boêmio ao norte de Paris, que sobreviveu às reformas urbanísticas que transformaram a capital francesa numa cidade elegante e organizada.
O trânsito livre entre os bordéis e cabarés, tanto de dia, quanto à noite, permitiu que o artista criasse relações de amizade e confiança com os administradores e trabalhadoras dos locais, possibilitando que lançasse um olhar singular, afetuoso e não moralizante sobre essas pessoas e suas vidas.
Em vez de imagens eróticas, feitas para o consumo masculino e heterossexual, Toulouse-Lautrec registrou momentos de intimidade de suas personagens e seus corpos, a partir de um ponto de vista afetuoso, retratando-as em atividades banais, como penteando o cabelo ou descansando depois do trabalho.
Outra parte da exposição é dedicada à representação da figura humana e apresenta uma seleção de retratos não só de homens e mulheres da sociedade, mas também de mulheres da classe trabalhadora.
Elas contrastam com a domesticidade e a “pureza” intencionadas, por meio do recato da pose ereta do corpo e das flores ao fundo, como na pintura A condessa Adèle de Toulouse-Lautrec (1880-82), ambientada durante o dia e de acordo com o que se esperava de uma mulher no século 19.
Numa época em que Paris via surgir novos espaços de sociabilidade, como teatros, café-concertos, restaurantes e bares, o espaço público, e principalmente o espaço noturno, ainda era reservado apenas a homens. Mulheres presentes nesses lugares, aos olhares burgueses, eram vistas como pouco respeitáveis.
Nascido em uma família da nobreza decadente, Toulouse-Lautrec transita entre os universos burguês e proletário com desenvoltura. Devido a uma doença congênita nos ossos, provavelmente consequência do casamento entre seus pais que eram primos, teve suas pernas afetadas em dois acidentes, fazendo com que não se desenvolvessem e mantivessem o tamanho das de um menino. No entanto, sua dificuldade de locomoção não o impediu de estudar pintura e frequentar ativamente a vida noturna parisiense.
Além de pinturas e gravuras, Toulouse-Lautrec em vermelho apresenta cerca de 50 documentos da época, entre cartas, bilhetes, telegramas e fotografias do artista e seu círculo de amigos.
A coleção, reunida pelo editor Pedro Corrêa do Lago ao longo de mais de 20 anos, cobre desde sua primeira carta, aos 7 anos, onde apenas assina seu nome; à última que escreveu, no verso de uma mensagem de seu amigo Paul Viaud à sua mãe, alguns meses antes de sua morte, em 1901. Algumas correspondências e fotografias são inéditas, e é a primeira vez que a coleção é exposta integralmente.
Toulouse-Lautrec em vermelho tem curadoria de Adriano Pedrosa, diretor artístico, e Luciano Migliaccio, curador-adjunto de arte europeia, e assistência de Mariana Leme, e foin realizada com o patrocínio exclusivo do escritório Pinheiro Neto Advogados, que em 2017 completa 75 anos.
SERVIÇO
Até o dia 1ª de outubro
Endereço: Avenida Paulista, 1578
Telefone: (11) 3149-5959
Horários: terça a domingo: das 10h às 18h; quinta-feira: das 10h às 20h
Ingressos: R$30,00
Gratuito às terças-feiras
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