A Vida no Centro

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Matteo Gavazzi, do Prédios de São Paulo: o italiano que preserva a memória da arquitetura paulistana

“Se não tiver quem escreva, não vai estar no Google”, diz o idealizador da série de livros Prédios de São Paulo, registro histórico sobre ícones arquitetônicos da cidade

Por Denize Bacoccina

Foi preciso que um italiano, nascido e criado em Roma, desembarcasse em São Paulo para que a cidade começasse a pesquisar, catalogar e documentar sua arquitetura, até então praticamente desconhecida do público leigo – incluindo boa parte dos moradores de prédios históricos.

Matteo Gavazzi, 30 anos, filho de pai italiano naturalizado brasileiro, já conhecia São Paulo das férias anuais que passou com o pai na cidade, dos 9 aos 15 anos. Quando a crise bateu na Europa, em 2008, ele decidiu fazer o caminho que milhões de conterrâneos já haviam percorrido desde o fim do século 19, e tentar a vida nas Américas. Entre Nova York e São Paulo, escolheu a metrópole brasileira. Achou que a familiaridade com a língua e a documentação, já que o pai era naturalizado, seriam um caminho mais fácil do que batalhar o green card americano.

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Refúgios Urbanos e Prédios de São Paulo 

Chegando aqui, em pleno boom imobiliário, montou uma pequena empreiteira para reformas em apartamentos. Com o tempo, viu que trabalhava muito, mas quem ganhava dinheiro mesmo eram os corretores, que às vezes vendiam o imóvel antes da reforma concluída. “Alguns desses corretores eram bons e alguns eram péssimos. E pensei: eu estou aqui, carregando saco de cimento, fazendo uma coisa que não tem tanta escala assim, e essa coisa de corretagem une o que eu gosto, história, arquitetura e essa aptidão para fazer negócio. Aí eu mudei de empreiteiro para corretor”, conta ele.

Matteo viu na São Paulo do início do século 21 as mesmas vantagens que seus conterrâneos descobriram um século antes. “São Paulo é uma cidade que tem muitas oportunidades, muitos negócios, muito dinheiro e o dinheiro troca de mão com facilidade – que é uma coisa que na Europa não acontece”, diz ele sobre a escolha da cidade que decidiu se estabelecer.

Na mudança de ramo, foi trabalhar numa corretora boutique e ficou responsável pela região de Higienópolis. Ali, se apaixonou pela arquitetura da cidade, especialmente os prédios modernistas do bairro, e começou a enxergar beleza na cidade que tinha fama de cinza e feia. Logo depois, montou a própria corretora, a Refúgios Urbanos, especializada em imóveis de boa arquitetura. Para fechar o ciclo, instalou a empresa num imóvel histórico, o Palacete Chavantes, a um quarteirão da Sé.

Matteo também começou a perceber que a cidade era o oposto da sua Roma natal, e não tinha pudores em botar abaixo prédios belíssimos, às vezes em bom estado, que na Europa certamente seriam preservados. Começou então outro projeto: o Prédios de São Paulo. Inicialmente uma página de Facebook, depois um site e finalmente um livro, viabilizado com um financiamento coletivo. Foi um sucesso tão grande que no ano seguinte saiu a segunda edição e, ainda este ano, ficará pronto o terceiro volume. A série já rendeu também uma coleção de joias, com design inspirado em prédios da cidade. Além disso, ele está patrocinando um tour num prédio de arquitetura art déco onde funciona hoje uma repartição pública e bancou a restauração de murais em prédios privados da cidade.

E assim, em menos de uma década no Brasil, o italiano que chegou ao país em busca de uma oportunidade numa economia em ascensão conquistou algo que parecia impossível: fez o paulistano começar a olhar para cima, ter orgulho de seus prédios e, quem sabe, passar a cuidar um pouco melhor de sua herança. Nesta entrevista ao projeto A Vida no Centro, ele conta como fez isso e fala da sua visão sobre o centro e as oportunidades ainda não percebidas na região.

A Vida no Centro – Como você criou o site Prédios de São Paulo?

Matteo Gavazzi – Primeiro criamos a página no Facebook, em 2014. Curioso que muita gente depois atribuiu isso hoje a uma grande sacada de marketing, mas naquele momento eu achava que existia um buraco de informação sobre esse assunto e vi ali uma necessidade de fazer alguma coisa. Eu me dediquei às pesquisas, a Milena Leonel topou fazer as fotos num preço supercamarada, contratei um cara para fazer o logo e criei a página, despretensiosamente. Deu muito certo e eu já tinha percebido como corretor que às vezes a pessoa queria saber a história do prédio em que ela morava e não tinha onde procurar. Existe um falso mito de que está tudo no Google, mas não é verdade. Se não tiver quem escreva, não vai estar no Google. Estamos num momento perigoso. Estamos deixando os livros de lado, alguns estão desaparecendo, e este material não está sendo colocado na internet.

E você acha que o fato de você ter nascido em Roma influenciou? Um lugar onde tudo é mapeado e conhecido e aqui não é?

Um momento disruptivo que eu tive foi quando estava voltando para casa e um casarão antigo que era utilizado como delegacia e um dia só tinha um deserto de terra. Ele estava inteiro, pelo menos olhando por fora. Nunca vi algo de tão rara beleza ser demolido dessa maneira. Na Itália somos o oposto. Nada é demolido. Isso chega a ser até exagerado. Tanto que em Roma temos colunas com 2 mil anos nos canteiros das ruas. Foi ai que pensei que poderia começar a contar as histórias dessas construções e as pessoas poderiam se apaixonar e começar, quem sabe, a cuidar. Eu brinco que o volume 1 do Prédios de São Paulo vendeu muito mais apartamentos do que nossa imobiliária. Daqui a 100 anos mesmo se esses prédios não estiverem mais aí, se alguém quiser, vai poder ver o livro e saber como eles eram em 2017. E fizemos os textos de maneira mais romântica e histórica do que técnica, em linguagem pop e interessante, sem ser exclusiva para arquitetos.

Você acha que o livro ajudou a criar essa consciência de que tem um monte de edificações legais que deveriam ser mais bem cuidadas?

Ajudou. A gente sente pelo feedback das pessoas que escreveram para nós depois de comprar o livro dizendo que nunca tinham reparado em determinado prédio, ou que começaram a olhar para o alto. Andavam pela cidade só concentradas no celular e agora estão observando. É possível conversar com a cidade só observando: em frente deste prédio, por exemplo, tem folhas de café na fachada. Não é preciso ninguém dizer que era um prédio de cafeicultores. É só prestar atenção.

Essa curiosidade você já trouxe da Itália ou isso foi despertado aqui em São Paulo?

Como você falou, eu venho de uma cidade muito bonita, então se eu não encontrasse a beleza em São Paulo eu teria ido embora. Só pelas oportunidades de negócios e trabalho eu não ficaria. Se é preciso ficar aqui, que eu trabalhe com coisas que eu gosto, que eu venda o que eu gosto. Quando eu cheguei eu também achei São Paulo uma cidade feia, só cinza, todo mundo indo para algum lugar, esse rio de pessoas. Depois eu reparei a minha ignorância. Tinha coisas bonitas que eu não reparava. Aquele cinza hoje é menos cinza pra mim.

Depois do primeiro livro você fez outros dois e também patrocinou restaurações, não é?

Fizemos três livros de maneira colaborativa, o mérito é nosso até o ponto em que conseguimos a confiança de milhares de pessoas para financiar o projeto. Foi essa a fórmula mágica. Sobre os painéis artísticos vale contar duas histórias. O primeiro foi feito pela arquiteta e restauradora Renata Ferretti e nós patrocinamos. Ela é filha do homem que foi buscar o meu pai quando ele chegou ao Brasil e, por coincidência, foi morar no Edifício Carinás, na Avenida Angélica, onde tinha um painel da Sofia Vassinari, que é discípula da Anita Malfatti. Quase 50 anos depois ela me encontrou e pediu para ajudar com o painel. É um painel muito bonito, representando uma dança popular, e tinha sido coberto por tinta branca. Não resistimos e bancamos sua volta à luz. Fizemos outro da Guiomar Novaes, que é uma pianista famosa, num prédio da Rua Sergipe que só tem seis apartamentos. Se o morador atual sair, ninguém vai saber que ali foi a casa da Guiomar Novaes. Nós idealizamos juntos ao ateliê Leopardi e Esperante um painel intitulado Pianos e doamos para o prédio. E olha, vou te contar, mesmo doando demorou seis meses para eles aprovarem.

As pessoas resistem a essas intervenções?

Neste caso teve duas coisas: eles tinham medo que o prédio se tornasse um ponto turístico e achavam que eu queria ganhar alguma coisa com isso. Não entendiam que eu só queria doar essa história para eles e para a cidade.

E por que você faz isso? Além de gastar dinheiro você dedica muito tempo a esses projetos.

Paixão. Porque eu tenha plena convicção de que nada cruza o seu caminho por acaso. Nem tudo você consegue fazer, mas as coisas que estão ao seu alcance você tem uma responsabilidade. E se isso veio até a mim, é porque eu posso fazer alguma coisa. E essa alguma coisa às vezes é juntar outras pessoas ou às vezes meter a mão na massa. De maneira geral o que eu quero é inspirar. Quem sabe depois desse painel quando as pessoas forem morar em outro prédio, que tiver outro painel, elas vão cuidar e protegê-lo. É uma questão educativa e eu acho que parte do que você ganha você tem que devolver. Eu ganhei com essa cidade várias oportunidades, então acho que tenho que devolver também e para fazer isso escolhemos o campo da cultura que nos parece um dos mais carentes. Dito feito, esse ano patrocinamos junto a outras duas imobiliárias uma série de visitas guiadas ao Banco de São Paulo. Conversamos com eles e contratamos uma guia que está fazendo a visita, gratuita para as pessoas. Vai até o fim do ano.

 Como você vê essa coisa de chamar esse movimento no centro de revitalização?

Acho que a história é a grande mestra. Todos os centros já foram abandonados e voltaram à luz magníficos. O próprio centro de Roma ao longo dos anos foi abandonado. Aí com o turismo, com os americanos, com a globalização tudo foi retomado, tudo foi recuidado e tudo foi transformado. Eu acho que isso vai acontecer aqui também. Mas revitalizar não é o termo, porque isso não é uma área abandonada.

Não tem um deserto. O que eu vejo é uma grande concentração de pessoas no centro. O que poderia ter é uma requalificação. Requalificar como área nobre e que não necessariamente precisa ser exclusiva como uma Berrini, uma Faria Lima. Mas a nobreza está na valorização do belo. Que hoje vive descuidado. O que precisa fazer é mostrar e oferecer a possibilidade de falar que o centro é magnífico. Vamos fazer centros culturais, vamos fazer escritórios compartilhados, vamos fazer startups. Se eu tivesse a vareta mágica e pudesse ter um desejo eu transformaria num centro de startups.

O plano do Jaime Lerner para o centro fala em economia criativa.

É porque isso é um campus. É o único lugar em São Paulo que tem um calçadão. Se fizer um esquema de ramblas, como em Barcelona, não vai incomodar ninguém, especialmente à noite. Por que o Vale do Sicílio é um lugar conectado? Porque as pessoas se encontram, fazem joint ventures. O único lugar da cidade onde isso seria possível é o centro. Não tem outro lugar da cidade que você chega em qualquer ponto em 500 metros de caminhada.

Onde você costuma ir? Que lugares você frequenta no centro?

Ando bastante por aqui, mas meio que sem rumo. Pra almoçar, normalmente eu vou no Boteco Central. De vez em quando vou na Casa de Francisca. Não sou muito de balada, então saio pouco à noite e quando saio gosto do Ramona, ou do Rinconcito Peruano na Viera de Carvalho, do Barouche no Largo do Arouche. De vez em quando vou no Frank, no Maksoud. Sou muito caseiro, mas gosto muito de andar. Ando muito na Paulista, é um dos meus lugares preferidos. Eu moro no Bixiga, que também é um lugar de muitos teatros que valem a pena serem frequentados.

Existe uma rejeição ao antigo no mercado imobiliário de São Paulo?

Eu acho que a rejeição vem mais da inexperiência. Até 2006 o brasileiro era locador de imóveis, não era proprietário. Com a mudança da hipoteca para a alienação fiduciária criou-se um mercado onde os bancos têm mais facilidade em financiar. Por outro lado a inflação estabilizou e o país enfrentou uma boa fase econômica. Some esses fatores e você terá uma subida rápida dos preços porque a maioria das pessoas que estava alugando teve a possibilidade de comprar. E aí o locador, que sempre morou em prédios antigos, em apartamentos que o proprietário não cuidava, preferiu ir para o novo, para evitar problema. As construtoras farejaram a oportunidade e construíram como nunca. Se uniu a fome com a vontade de comer. Outro aspecto desta fotografia é o marketing do mercado imobiliário de São Paulo, que é muito forte. Você abre o jornal e a cada três páginas tem um lançamento. E nesses lançamentos sempre vai ter duas vagas de garagem, suíte, varanda gourmet. Uma série de itens que a pessoa começa a confundir como essencial do imóvel. E as pessoas começam a pensar que se não tem tudo isso então não é bom. Eu via que muita gente comprava imóveis que não tinham a ver com elas, e não percebia as oportunidades nos apartamentos mais antigos. Hoje a coisa está um pouco diferente e muitos saem dos novos procurando mais conforto e espaço nos antigos. Digamos que é uma segunda onda.

Nas últimas décadas a lei municipal foi proibindo o uso misto e levou ao espraiamento da cidade. Isso parece estar mudando, mas ainda vejo muita gente criticando a verticalização, como se fosse intrinsicamente ruim. O que você acha?

Se a pessoa não gosta de verticalização tem que sair da cidade. A cidade tem que ser densa, não tem o que fazer. O problema de São Paulo é justamente esta imensidão, que criou bairros para todo lado. Precisamos voltar para os centros, pois acho que o sonho de morar na Granja Viana e trabalhar na cidade é inviável numa metrópole com 22 milhões de habitantes. Não tem como ir e vir num tempo razoável.

Como você vê essa questão da segurança no centro?

Tem muita fantasia. As pessoas têm muito a referência do que já foi e não é mais. A maioria das pessoas que dizem que o centro é perigoso não vêm no centro há décadas. Elas têm medo de vir. E tem uma coisa no Brasil que é o medo da diversidade social. A pessoa tem medo de uma pessoa que vive a rua. É claro que tem bandido também, mas como todo mundo se conhece, isso por si só já garante mais segurança.

Você acha que a Sé é realmente perigosa como as pessoas dizem?

Tem ladrão, sim. Mas eu acho que São Paulo como um todo é perigosa. Tem que ficar de olhos abertos em qualquer lugar da cidade. As coisas que me aconteceram pessoalmente em São Paulo não foram no centro. Roubaram meu carro nos Jardins e meu celular na Augusta perto da Paulista. Aqui no centro nunca me senti inseguro. O que me traz muita segurança é o que Jane Jacobs disse há 50 anos: é o fato de que uma rua onde tudo mundo se conhece é muito mais segura. Aqui na rua tem os motoboys, tem os porteiros, tem os caras das joalheiras. Se aparecer uma pessoa nova eles vão ver na hora que aquela pessoa não é dali e vão ficar de olho. É muito mais seguro isso do que o desconhecimento total que você tem numa alameda qualquer de um bairro nobre onde as pessoas não se conhecem. Acho que é mais o medo da diversidade social, o medo do que não se conhece e não faz parte do dia a dia de cada um.

E você nota que isso está mudando? Ou quem gosta, gosta e quem não gosta tem pavor?

Acho que até quem gosta não se arrisca. Pode ser que venha à Casa de Francisca assistir um show, pode ser que venha ao CCBB ver um programa, mas eu não vejo uma quantidade significativa de jovens vindo se instalar no centro, sendo que o centro é um lugar mais atrativo economicamente falando. O que se consegue alugar ou comprar aqui é muito mais barato do que em qualquer outro lugar e aqui você tem a melhor infraestrutura da cidade. Se eu fosse um jovem que precisasse montar uma startup o centro seria o lugar. Aqui, com R$ 50 mil você compra uma sala de 15 metros quadrados. Os preços no centro variam de 2 a 3 mil reais o metro. E é o lugar mais servido por transporte público tendo toda a infra necessária. Não há motivos para não vir para o centro, só que ainda não se vem para o centro. Curioso, não? Os que estão no centro são os antigos proprietário, que têm prédios inteiros para alugar, advogados, contadores, funcionários publicos. E é ótimo pois regeram essa região evitando que se esvaziasse por completo mas agora precisamos de novas fusões, de outras propostas para que o mix seja maior e o uso mais extenso e bem aproveitado.

E na área residencial?

O residencial é progressivo. É preciso que se crie a premissa para que a pessoa vá morar. Hoje no Arouche, por exemplo, as pessoas estão indo. Mas precisou ir o Marcel Steiner, do Barouche, e fazer as coisas do zero. Depois dele abriu o Vovô Ali, abriu o El Gringo. É um processo lento. As pessoas percebem que está barato, que tem oportunidade, mas ficam esperando. As pessoas sabem que o Minhocão será desativado como via expressa, já está no Plano Diretor, mas ficam esperando.

Qual é a sua opinião? Melhor fazer um parque tipo highline ou demolir?

Eu faria um parque em alguns trechos e demoliria outros. Não faz sentido manter 3,5 quilômetros, é muito. O High Line tem 1,5 quilômetro. Deixaria umas ilhas para fazer creches, pequenas praças, coisas que podem ser úteis para a cidade e demoliria as partes que estão muito próximas dos prédios. Acho que é uma grande oportunidade e acho um absurdo demolir porque a cidade é feita de evoluções. Não dá para apagar o passado.

Você nota em São Paulo um saudosismo, um pensamento que o bom era nos anos 1950?

Acho que existe um saudosismo com cidades que eram menores e por natureza mais gentis. O que teve aqui foi falta de planejamento. Cada um pôde fazer o que queria. O nosso planejamento é a especulação imobiliária. Só que eles só fazem prédios para dentro. Na minha última viagem a Nova York eu vi que muitos prédios novos estão sendo construídos com área pública antes da catraca, com bancos que podem ser utilizados por todos. Precisamos disso aqui. Público e privado precisam estar mesclados.

Você acha que o uso misto está voltando?

Tem que voltar. Tem essa questão da segurança, que as pessoas ficam pensando quem são essas pessoas que vão ter acesso ao prédio. Eu acho muito mais seguro ter um florista debaixo do prédio do que ter um porteiro. É o que acontece aqui na rua: a pessoa vai ver na hora que não é um morador que está entrando. Tem muita neura de um lado e uma dificuldade de mudar, de entender que o mundo não é mais o mesmo.

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