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Ensaio Inezita Barroso, 1990 Foto: Cedoc FPA/TV Cultura/ Jair Bertolucci
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Ocupação Inezita Barroso, no Itaú Cultural, tem exposição, shows e site com acervo digital do ícone da música caipira

No Gravador de Inezita recupera gravações feitas na casa da cantora, grande pesquisadora e divulgadora da música caipira no Brasil. Conheça o projeto

Neste ano em que todas as Ocupações do Itaú Cultural são voltadas para as mulheres, a artista da vez é Inezita Barroso, cantora, folclorista e apresentadora de TV, grande divulgadora da música caipira brasileira. A exposição abre no dia 27 de setembro e segue até 5 de novembro. A curadoria é do violeiro e compositor Paulo Freire com os Núcleos de Música e de Enciclopédia do Itaú Cultural.

No mesmo dia, é lançado o site No Gravador de Inezita , resultado de projeto coordenado pelo jornalista e produtor musical Aloisio Milani, com consultoria de Marta Barroso, filha da cantora.

Contemplado pela edição de 2015-2016 do edital Rumos (que tem inscrições abertas, veja aqui como participar), garantiu a digitalização de registros feitos na casa da cantora, entrevistas, recitais e muitas raridades.

A exposição tem ainda um site e uma publicação impressa, ambos produzidos pelo instituto. Tem, ainda, programação pensada em sinergia com a mostra. Uma é Navegando pela Enciclopédia, um encontro, no dia 11 de outubro, às 20h, na sala Vermelha, conduzido pelos núcleos de Enciclopédia e de Música, com os convidados Paulo Freire, Aloisio Milani e Alexandre Pavan.

A atividade consiste em trafegar pelos verbetes da Enciclopédia Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras relacionados a Inezita Barroso.

Além disso, estão programados dois shows em homenagem a ela: no dia 28 de setembro, às 20h, na Sala Itaú Cultural, tem apresentação de Ceumar, com sua convidada Renata Mattar e, no dia seguinte, 29, de Roberto Correa. Toda esta programação tem interpretação em Libras, a Língua Brasileira dos Sinais.

Quem é Inezita Barroso

Ignez Magdalena Aranha de Lima, a Inezita, nasceu no dia 4 de março de 1925 em São Paulo. Morreu em 8 de março de 2015. Nestes 90 anos foi cantora, atriz de teatro e de cinema, instrumentista, bibliotecária, folclorista, professora e apresentadora de rádio e televisão. Por cerca de 30 anos, apresentou o Viola, minha viola.

 É reconhecida como a mais antiga e mais importante expressão artística da música caipira no Brasil. Ganhou o título de Doutora Honoris Causa pela Unicapital, em 2005, umas das Universidades em que ministrou aulas de folclore brasileiro. Também foi eleita para ocupar uma das cadeiras na Academia Paulista de Letras.

Inezita teve uma filha, Marta Barroso, três netas e cinco bisnetos. Em casa, vivia com passarinhos e com Corisco, o pinscher que, como os outros cães já criados por ela, ganhou nome de cangaceiro. Ali guardava boa parte da sua própria história: mais de 80 discos que gravou, em um total de mais de 900 músicas, bilhetes e presentes de fãs, inúmeros prêmios que recebeu.

A preciosidade deste acervo é formada por 26 álbuns – quatro deles estão na exposição –, que somam um milhar de páginas preenchidas por fotos pessoais e recortes de jornais e revistas que contam a sua história e trajetória dos seis até perto dos 90 anos. Tudo organizado, como aprendeu ao se formar e trabalhar em biblioteconomia.

Espaço expositivo

Assim, não é exagero afirmar que, na Ocupação Inezita Barroso, a própria homenageada conta ao visitante a sua vida pessoal e profissional. São encontradas ali raridades como o que ela chamava de Currículo, apesar da própria autora comentar no início do texto que não gostava dessa palavra pois seria o mesmo que   dizer “para ninguém ler”.

Trata-se e um documento com 17 páginas sobre a sua carreira até 1954, quando entrou na TV Record. Outro manuscrito, esse dos anos 40, traz anotações a respeito do seu dia-a-dia, poesias, redações e está exposto aberto no texto em que ela escreve sobre o caipira.

Some-se a isso um grande número de músicas interpretadas pela cantora, gravações de programas de televisão, fotos pessoais, de shows e de viagens, recortes de jornais, bilhetes, presentes, prêmios, e conversas caseiras registradas em seu gravador – fitas de rolo do arquivo pessoal da cantora, contendo bate-papos e gravações feitas nas décadas de 1950 e de 1960.

Quatro eixos norteiam esta Ocupação. Eles recebem o nome de discos gravados por Inezita e concentram alguns dos principais aspectos de sua vida e obra. O primeiro, Eu me Agarro na Viola, trata do período da sua infância e adolescência e de sua relação com a família. Este tempo, anterior ao da fama conquistada por Inezita, marca quando ela descobriu o seu amor pela viola, aprendendo a tocá-lo, sozinha, e desafiando as convenções da época.

Vox Populi - Inezita Barroso, 1980 - Fotos: Arquivo Cedoc FPA/TV Cultura

Vox Populi – Inezita Barroso, 1980 – Fotos: Arquivo Cedoc FPA/TV Cultura

Atuação na música, cinema, rádio e TV

O segundo, Inezita em Todos os Cantos, percorre o período em que a artista esteve em evidência na mídia por sua atuação na música, no cinema, na rádio e também por suas viagens em que recolhia material de pesquisa sobre a cultura brasileira.

Gravou seus primeiros discos em 1951, com músicas como Funeral de um Rei Nagô, de Hekel Tavares e Murilo Araújo, além das gravações, em 1953, de Moda da Pinga, de Ochelcis Laureano, e Ronda, de Paulo Vanzolini, e, em 1958, de Lampião de gás, de Zica Bergami.

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Foi neste período que ela estreou como atriz no filme Angela, de Tom Payne e Abílio Pereira de Almeida, seguido, entre outros, de Destino em apuros, primeiro longa-metragem do Brasil a ter cenas em cores, dirigido por de Ernesto Remani, e de Mulher de verdade, de Alberto Cavalcanti, com o qual foi premiada como melhor atriz.

Tanto este eixo, quanto o terceiro, chamado O Brasil de Inezita Barroso, apresentam músicas gravadas por ela durante a década de 1960 e audiovisuais com depoimentos da própria artista sobre a música e sua vida. É possível ouvir os registros recuperados pelo projeto No gravador de Inezita e ver alguns dos seus trabalhos como pesquisadora de gêneros musicais tradicionais do Brasil, somados aos traços marcantes de sua formação como biblioteconomista.

Pesquisadora do Brasil

Foi nesse momento que Inezita se retirou da mídia e dedicou-se à pesquisa, um período de bastante atividade, porém pouco conhecido do público. Há também uma área de destaque, nomeada Vamos falar de Brasil, que conta algumas viagens feitas pela artista.

Em uma delas, por exemplo, Inezita saiu pelo Brasil afora dirigindo um Jeep, acompanhada do seu cunhado Maurício Barroso, ator do Teatro Brasileiro de Comédia, e de um amigo. A ideia de ir até Belém foi interrompida na Paraíba porque ela teve de voltar para receber o prêmio Roquete Pinto, como melhor cantora de rádio.

No quarto e último eixo, chamado Inezita Apresenta, por meio de vídeos, fotos e depoimentos, o visitante tem contato com a Inezita do programa Viola, Minha Viola, que apresentou por décadas na TV Cultura.

As Ocupações anteriores, em 2017, foram em homenagem à atriz Laura Cardoso, a escritora Conceição Evaristo e a curadora, professora e jornalista de artes visuais, Aracy Amaral. Depois de Inezita, a homenageada será a terapeuta Nise da Silveira.

Shows homenageiam Inezita

O Itaú Cultural recebe no dia 28 de setembro, às 20h, as cantoras Ceumar e Renata Mattar para uma apresentação única, dedicada à música caipira tradicional. A dupla resgata de suas referências e pesquisas musicais canções como a folclórica Prenda Minha, Mineirinha, de Raul Torres, a divertida Moda da Pinga, de Ochelsis Laureano, e a clássica Lampião de Gás, composta por Zica Bergami e imortalizada na voz de Inezita.

Ceumar e Renata Mattar Foto: Ronaldo Cooper

Ceumar e Renata Mattar Foto: Ronaldo Cooper

Mas o repertório vai além da música caipira para incluir clássicos do gênero como o coco alagoano Dança de Caboclo, de Heckel Tavares e Olegário Mariano, e Boi Bumbá, do compositor paraense Waldemar Henrique.

Vestidas com um figurino que remete às roupas de Inezita nos anos de 1950 e 1960, Ceumar e Renata, sozinhas no palco, interpretam, ainda, canções como Fiz A Cama Na Varanda, de Dilu Mello e Ovidio Chaves, Bolinho de Fubá, de Edwina de Andrade, Catira, de Raul Torres e Su errinha, Flor do Cafezal, de Luiz Carlos Paraná, e Moleque Vardemá, de Billy Blanco.

No dia 29 de setembro, às 20h, é a vez do compositor e instrumentista Roberto Corrêa reverenciar a cantora no show Lírica Caipira – Homenagem a Inezita Barroso.

Roberto Corrêa Foto: Ricardo Labastier

Roberto Corrêa Foto: Ricardo Labastier

Um dos mais importantes nomes da viola no Brasil, o músico mineiro apresenta, entre causos e informações sobre o instrumento e a cultura interiorana, um repertório de músicas instrumentais e cantadas, com sua interpretação sofisticada e tradicional da viola caipira.

Roberto Correa apresenta um repertório de canções que ficaram famosas na voz de Inezita, como Chitãozinho e Xororó (Serrinha/Athos Campos), Caipira de Fato (Adaulto Santos) e Tristezas do Jeca (Angelino de Oliveira), assim como músicas próprias inspiradas pela cultura interiorana, a exemplo de No Giro da Folia e Nos Gerais.

No Gravador de Inezita

Áudios conservados em um conjunto de 39 fitas magnéticas pertencente ao arquivo pessoal da cantora, folclorista e apresentadora de TV Inezita Barroso chegam ao público, de forma gratuita, por meio do site No Gravador de Inezita.

A plataforma entra no ar no dia 27 de setembro, simultaneamente com a abertura da Ocupação em sua homenagem no Itaú Cultural. O projeto conta com cerca de 30 horas de gravação, divididas em quase 600 faixas, com registros feitos principalmente nas décadas de 1950 e 1960. O acervo ajuda a contar não só a história das pesquisas de Inezita Barroso, mas um período marcante da própria música brasileira.

O registro mais antigo contido nas fitas é de julho de 1951 e o mais recente, de maio de 1991. O trabalho de recuperação, digitalização e catalogação do material durou seis meses e contou com a consultoria de Marta Barroso, filha da artista.

“A vida de Inezita é múltipla e com várias moradas musicais. A mais abrangente é a do folclore brasileiro”, conta Aloisio Milani, coordenador do projeto. “Para adentrar nesse mundo por uma janela instantânea, basta ouvir as fitas de rolo que ela, com o cuidado de bibliotecária, gravou e guardou”, destaca.

O material pode ser ouvido no site do projeto.

SERVIÇO

Ocupação Inezita Barroso

De 27 de setembro (quarta-feira) a partir das 20h, a 5 de novembro (domingo)

Visitação: terças-feiras a sextas-feiras, das 9h às 20h, com permanência até as 20h30
Sábados, domingos e feriados, das 11h às 20h
Piso térreo

Entrada gratuita

 

Show de Ceumar

Com a convidada Renata Mattar

28 de setembro, quinta-feira, às 20h

Sala Itaú Cultural (224 lugares)

Entrada gratuita

Distribuição de ingressos:

Público preferencial: duas horas antes do evento | com direito a um acompanhante

Público não preferencial: uma hora antes do evento | um ingresso por pessoa

Interpretação em Libras

 

Show de Roberto Corrêa

29 de setembro de 2017, sexta-feira, 20h

Sala Itaú Cultural (224 lugares)

Entrada gratuita

Distribuição de ingressos:

Público preferencial: duas horas antes do evento | com direito a um acompanhante

Público não preferencial: uma hora antes do evento | um ingresso por pessoa

Interpretação em Libras

 

Navegando pela Enciclopédia: Inezita Barroso

11 de outubro, quarta-feira, às 20h  

Com Paulo Freire e os convidados Aloisio Milani e Alexandre Pavan

Sala Vermelha

Entrada gratuita

Distribuição de ingressos:

Público preferencial: duas horas antes do evento | com direito a um acompanhante

Público não preferencial: uma hora antes do evento | um ingresso por pessoa

Interpretação em Libras

 

Itaú Cultural

Avenida Paulista, 149, Estação Brigadeiro do Metrô

Fones: 11 – 2168-1776/1777

Acesso para pessoas com deficiência

Estacionamento gratuito para bicicletas na Rua Leôncio de Carvalho, 108