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Roteiro de lugares mal-assombrados no Centro de São Paulo

A lista de lugares mal-assombrados inclui edifícios que sofreram incêndio ou foram palco de assassinatos. Apesar da lenda, são prédios históricos que merecem uma visita. Confira a lista

Por Francine Costanti Incêndios, crimes bárbaros e mortes sem explicação… Essas foram as histórias que marcaram alguns lugares – hoje patrimônios históricos e culturais – no Centro e que guardam muitos segredos e mistérios. A fama de lugares mal-assombrados se dá por terem sido protagonistas de grandes tragédias – algumas bem conhecidas – e que hoje podem ser visitados.

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Lugares mal-assombrados no Centro de São Paulo

Todos os locais citados ficam bem próximos de estações do metrô. Então se você gosta de um clima macabro ou é fã de filmes de terror e suspense, esse é o roteiro perfeito. Deixe o medo em casa e vem com a gente explorar o desconhecido!

Edifício Joelma (atual Edifício Praça da Bandeira)

Quem passa ali na frente da enorme construção nem imagina o que se passou no ano de 1974, apenas dois anos após a inauguração. Um incêndio atingiu as estruturas do prédio matando 191 pessoas e ferindo 300. Enquanto o local era tomado por fogo, muitas pessoas, na esperança de sobreviverem, pulavam de andares altíssimos, mas nenhuma delas conseguiu sair viva.
Para escapar do incêndio, 13 pessoas entraram em um elevador e morreram queimadas. Assim nasceu o “mistério das 13 almas” e alguns dizem que elas ainda vagam pelo local.
A fama de mal-assombrado só aumenta, já que o edifício foi construído no terreno de uma casa onde moravam um professor, sua mãe e duas irmãs. A lenda conta que, em 1948, ele teria matado todas elas, jogou os corpos em um poço fundo e em seguida se matou. No mínimo macabro, não? Hoje o local abriga escritórios e salas comerciais.

Av. Nove de Julho, 225
Como chegar:
Desembarque no estação Anhangabaú do metrô (linha vermelha) pela saída “Terminal Bandeira”. O prédio fica na saída do terminal, do lado direito.

Edifício Andraus

Muita gente não sabe que, além do Joelma, o Andraus também sofreu um desastre. Em fevereiro de 1972, 16 pessoas morreram e 330 ficaram feridas no incêndio, que foi causado por uma falha no sistema elétrico do segundo pavimento. Em minutos as chamadas tomaram conta do prédio.
Essa foi a primeira transmissão de tragédia na TV e as imagens de pessoas se jogando das janelas chocaram o país. Entre 1978 e 1980 o prédio passou por uma reforma e hoje, infelizmente, não pode ser visitado porque as salas foram alugadas para fins comerciais.

Rua Pedro Américo, 32
Como chegar:
Na estação República do metrô (linha vermelha) pegue a saída “Avenida Ipiranga”. Na saída da catraca à esquerda continue na Avenida Ipiranga. Ao chegar ao Bar Brahma, vire à esquerda e caminhe até a Rua Pedro Américo. O edifício fica à esquerda, na esquina.

Theatro Municipal

Para começar, um teatro antigo já é o cenário ideal para passeios de fantasmas, certo? Mas a lenda vai além disso. Muitos funcionários dizem ter visto vultos, ouvem teclas de piano, sons de conversas e passos pelas escadas imensas do local e luzes piscando. Eles acreditam que as almas de músicos e maestros consagrados que se apresentaram no passado vagam por lá no período noturno.

Praça Ramos de Azevedo, s/nº
De segunda a sexta das 10h às 19h.
Sábados, domingo e feriados das 10h às 17h
Telefone (11) 3053-2100
Como chegar:
Desça na estação Anhangabaú do metrô (linha vermelha) e siga pela Rua Coronel Xavier de Toledo, à direita.

Vale do Anhangabaú

A história começa pelo nome “Anhangabaú”, que em tupi significa “água venenosa”. Diz a lenda, quando o rio ainda não era canalizado, os índios o consideravam maldito, pois vários morriam enquanto tomavam banho. Além disso, em 1930 foram registrados alguns casos de suicídio, porque muitas pessoas se jogavam do Viaduto do Chá para se matar. O local ficou conhecido como “suicidório municipal”.

Como chegar: Desça na estação Anhangabaú do metrô (linha vermelha) e siga pela Rua Coronel Xavier de Toledo, à direita.

No mesmo ano da quebra da Bolsa de Valores de Nova York, o imigrante italiano Martinelli inaugurou o primeiro arranha-céu da América Latina

No mesmo ano da quebra da Bolsa de Valores de Nova York, o imigrante italiano Martinelli inaugurou o primeiro arranha-céu da América Latina

Edifício Martinelli

A fama do edifício vai muito além da beleza arquitetônica de seus 30 andares. A lista de mistérios é extensa. Em 1947, um menino foi estrangulado e jogado no poço do elevador. Em 1960, uma menor foi estuprada e morta por cinco homens.

Entre os anos 1960 e 1970, o prédio entrou em decadência e foi ocupado por pessoas em situação de rua, famílias pobres e bandidos, que se aproveitavam dos moradores. Nos corredores também havia prostituição.
Algumas pessoas que circulam pelo prédio contam que ouvem armários e portas baterem a todo tempo. Nos anos 1930 uma mulher se matou e há quem diga que ela continua por lá assombrando pessoas no final do expediente, no período noturno. O prédio abriga a SP Urbanismo e outros órgãos municipais e o terraço é aberto em visitas guiadas.

Rua São Bento, 405
Como chegar:
Desça na estação São Bento do metrô (linha azul) pela saída “São Bento” e siga à esquerda.

Faculdade de Direito

A fachada da instituição, inaugurada em 1827, tem um tom soturno por conta da cor pesada: cinza-chumbo. Dentro, o clima é o de uma faculdade como outra qualquer, muitos alunos circulando no pátio, saindo das aulas ou sentados nos corredores.
Mas a fama de mal-assombrada se dá por alguns acontecimentos. O prédio já foi um mosteiro e acredita-se que há restos mortais dos freis que foram enterrados lá. O corpo do professor Julius Frank está enterrado em um dos pátios internos da faculdade, onde os alunos fazem leituras de textos.
A faculdade já foi palco de grandes manifestações e alguns funcionários relatam ter ouvido estudantes, já falecidos, conversarem sobre política nos corredores. Além disso, um jovem morreu espetado dentro do prédio. O acesso ao pátio, ao túmulo do professor, salas de reunião, salas de aula e museu é livre.

Largo São Francisco, 95
Segunda a sexta das 10h às 14h e das 16h às 20h / Sábado e domingo é fechado
Telefone (11) 3111-4000
Como chegar:
Desça na estação Sé do metrô (linha vermelha) e vá para a saída à direita da catraca. Ao sair, vá em direção da Rua Benjamin Constant e siga reto. A faculdade fica à esquerda do Largo São Francisco.

Castelinho da Rua Apa

O castelo, em estilo medieval, teve suas obras concluídas em 1912 e foi propriedade da família “dos Reis” até 1937, quando uma tragédia – até hoje sem explicação – se estabeleceu no local. Três pessoas foram encontradas mortas na casa e, segunda a perícia da polícia na época, podem ter sido assassinatos encomendados.
Mas a lenda conta que os dois irmãos, Armando e Álvaro, estavam discutindo quando um deles atirou no outro. Enquanto tentava apartar a briga, a mãe também foi atingida por um tiro e morreu. Vendo a cena horrível, o irmão, que atirou nos dois familiares, se matou. Sem herdeiros, o imóvel foi entregue ao governo federal e é administrado pelo Clube das Mães do Brasil. A associação fica ao lado do casarão e oferece atividades para mães.

Rua Apa, nº 236
Como chegar:
Desembarque no metrô Marechal Deodoro do metrô (linha vermelha) pela saída “Theatro São Pedro”. Ao sair da catraca, vire à esquerda.

Casa da Dona Yayá

Sebastiana de Melo Freire, nascida em 1887 e apelidada de Dona Yayá, era filha de uma família da capital paulista. Já na infância perdeu sua irmã, que morreu asfixiada aos três anos. Passados poucos meses, outra irmã morreu de tétano. Aos 13 anos, perdeu os pais. Em 1905, seu irmão cometeu suicídio se jogando de um navio.
Depois da morte de todos os familiares herdou a fortuna da família, mas nunca pode aproveitar. Foi considerada louca e a partir de 1920, morando nesta casa, com problemas mentais, ficou impedida de sair de lá por seu tutor, que administrava seus bens. As portas e janelas só abriam por fora, o que a tornou uma prisioneira dentro da própria casa. Dona Yayá foi vigiada por cuidadores até a morte, em 1961, aos 74 anos.

Como não tinha herdeiros, seus bens foram deixados para a USP e hoje a casa é administrada pelo Centro de Preservação Cultural da Universidade de São Paulo. Diz a lenda que quem visita os cômodos da casa pode ver Dona Yayá andando por lá.

Rua Major Diogo, 353
Segunda a sexta das 9h às 17h / Sábado e domingo é fechado
Telefone: (11) 2648-1501
Como chegar:
Desça na estação Anhangabaú do metrô (linha vermelha) pela saída “R. 7 de Abril” e continue andando sentido R. da Consolação. Vire à esquerda na Viaduto Nove de Julho, depois à direita na R. Santo Antônio. Vire à esquerda na R. Maj. Diogo.

Cemitério da Consolação

Com mais de 76 mil metros quadrados, é o cemitério mais antigo em funcionamento de São Paulo. Fundado em 1858, o local abriga restos mortais de pessoas importantes, como Monteiro Lobato, Mário de Andrade, Tarsila do Amaral, Ramos de Azevedo, Marquesa de Santos, Líbero Badaró, a Dona Yayá.
Com o enriquecimento da capital, no fim do século 19, passou a expor obras de arte de escultores consagrados, que servem de ornamentos para os jazigos. O maior e mais luxuoso mausoléu fica quase nos fundos do cemitério, tem três andares, esculturas lindíssimas e pertence à família Matarazzo. Um fato curioso é que, durante o enterro de umas das mulheres da família Matarazzo, um coveiro enfartou e morreu. Dizem que ele continua andando por lá e trabalha todos os dias.
Funcionários contam que já viram almas de famosaos rondando os imensos corredores, como a Marquesa de Santos, Monteiro Lobato e Tarsila do Amaral.

Rua da Consolação, 1660 – Consolação
Todos os dias das 8h às 18h
Como chegar:
Desça na estação Higienópolis do metrô (lado par) e caminhe sentido Avenida Paulista até o nº 1660.

Igreja Santa Cruz das Almas dos Enforcados

Em 1821, o cabo Francisco José das Chagas foi enforcado no que era chamado de “Largo da Forca” (atual Praça da Liberdade) após pedir melhores salários aos soldados brasileiros. Ali nas proximidades ficava o Cemitério dos Aflitos, onde eram enterrados escravos, indigentes e criminosos depois de serem enforcados. Ele foi morto depois de várias tentativas, já que a corda rompeu mais de uma vez. O local foi desativado depois da inauguração do Cemitério da Consolação.
Em 1887, foi construída a capela onde ficava o Largo da Forca. Dizem que o local de enforcamento fica exatamente no altar da igreja. Há relatos de que Francisco José das Chagas, conhecido como Chaguinha, é visto sempre rondando os bancos da igreja.

Praça da Liberdade, 238
Segunda das 
7h às 20h / Terça a domingo das 7h às 18h45
Telefone: (11) 3208-7591
Como chegar:
Desça na estação Liberdade do metrô (linha azul) pela saída “Praça da Liberdade”. Ao sair da estação você já consegue ver a igreja, que fica à direita.

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Francine Costanti

Francine Costanti

Francine Costanti é jornalista, e seus textos - na maioria sobre cultura e entretenimento - já passearam por algumas redações de portais e agências. Como inspiração pessoal, a ideia aqui é explorar a cena de música e literatura do Centro de São Paulo, desde os contos literários de Mário de Andrade até as letras de Emicida. Esse espaço é feito para e por todos. Por isso fique à vontade para deixar sugestões.