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Parque Augusta é finalmente inaugurado. Conheça a história e veja fotos do novo parque no Centro de São Paulo
O Parque Augusta é o novo parque do Centro de São Paulo. Inaugurado no dia 6 de novembro, com o nome oficial de Parque Augusta – Prefeito Bruno Covas, o parque tem 23 mil metros de área e fica entre as ruas Augusta, Consolação, Caio Prado e Marquês de Paranaguá.
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A apenas um quarteirão da Praça Roosevelt, o Parque Augusta é bem diferente e complementar. Enquanto a Roosevelt é uma laje de concreto, sobre um túnel, com piso liso ideal para a prática de skate e patins, o Parque Augusta tem um bosque com centenas de árvores, gramados descampados e áreas sombreadas, parquinhos para crianças e cachorródromo.
É um local de contemplação e atividades menos intensas. O piso drenante de pedregulho e areia convida a caminhadas mais lentas. Não tem pista de corrida nem de ciclismo e quem chega de bicicleta pode guardar o veículo nos bicicletários. Por outro lado, tem um redário – suportes com ganchos para pendurar a rede levada pelo frequentador – e muito espaço para piquenique sob as árvores. O intenso movimento no primeiro fim de semana de funcionamento mostra o quanto o local era aguardado pelos moradores da região.
O parque tem ainda sanitários públicos, arquibancada e um deck elevado, mais próximo da entrada da Rua Augusta com a Marquês de Paranaguá – é preciso descer os altos degraus da arquibancada para acessar o restante do parque. As entradas da Rua Caio Prado são mais acessíveis para quem tem baixa mobilidade ou chega com carrinho de bebê.
As obras para implantação do parque custaram R$ 11 milhões, de acordo com a Prefeitura. O investimento foi pago pelas construtoras Setin e Cyrela, proprietárias do terreno até 2019, quando foi feito um acordo para que cedessem o terreno em troca de potencial construtivo em outras áreas da cidade.
O acordo foi mediado pelo Ministério Público. O acordo inclui a construção de um boulevard na Rua Gravataí, ligando o Parque à Praça Roosevelt, mas esta obra não tem previsão de sair do papel. A Prefeitura informa que o projeto está em estudo entre várias secretarias, mas não há prazos para a obras.
Veja mais fotos do primeiro fim de semana de funcionamento:
Construções recuperadas
Duas construções antigas, que são tombadas, foram restauradas: o portal de entrada, na Rua Caio Prado, e a Casa das Araras, que vai abrigar atividades educativas e exposições.
As obras no Parque Augusta foram paralisadas no ano passado por uma intervenção do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) que identificou potencial arqueológico na área com a hipótese de existir possíveis resquícios de antigos povos indígenas. Foi realizada prospecção e não foram encontrados vestígios pré-coloniais, mas a presença de faianças finas, cerâmica, vidro e materiais construtivos da transição do século 19 para o 20, quando o espaço foi ocupado primeiro por uma residência e depois por colégios.
O levantamento da fauna mostra a existência de 21 espécies de aves silvestres. O bosque é formado por dezenas de espécies nativas ou exóticas. O levantamento da Secretaria do Verde e Meio Ambiente sobre a flora mostra que existem dezenas de espécies, entre elas espécies nativas como canelinha-cheirosa, figueira-mata-pau e tapiá-guaçu, embaúba, ipê- amarelo, espécies frutíferas como grumixama e pitangueira e a palmeira-jerivá.
Mas são as espécies exóticas, que não são originais da região, que predominam, como eucalipto, aglaia, alfeneiro, falsa-seringueira, falso-pau- incenso, jacarandá-mimoso, sibipiruna e tipuana, além de frutíferas como abacateiro, amoreira-preta, jambolão, mangueira, nespereira, uva-japonesa, cafeeiro, jambeiro, mamoeiro e palmeiras como areca-bambu, palmeira-de-leque-da-china, palmeira-seafórtia, palmeira-washingtonia, tamareira e tamareira-das-canárias.
Com a criação do Parque, a proposta é preservar as espécies da Mata Atlântica e substituir as plantas exóticas por nativas à medida em que elas forem morrendo.
História do local
A história do atual Parque Augusta começa em 1902, com a construção do Palacete Uchoa, projetado por Victor Dubugras para a família Uchoa, qundo a região ainda era de chácaras.
Quatro anos depois, o palacete foi vendido às Cônegas de Santo Augostinho, que instalaram no casarão o tradicional colégio particular feminino Des Oiseaux, construído entre 1908 e 1917.
Funcionaram no local outras duas instituições de ensino: a Escola Santa Mônica para meninos e meninas pobres, construída por volta de 1910, e o Instituto Superior de Filosofia, Ciências e Letras Sedes Sapientiae, construído em 1941 e incorporado cinco anos depois à Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC). Em 1971 o terreno foi desmembrado e a parte do terreno que fica mais próximo a Rua Augusta deu origem ao atual Parque Augusta. A Puc ainda é dona da parte do terreno mais próxima à Rua da Consolação.
Entre 1985 e 1987 funcionou ali o Projeto SP, numa lona de circo, com shows dos principais protagonistas do rock brasileiro da época.
O bosque que vemos atualmente no parque, com mais de 900 árvores catalogadas e identificadas com plaquinhas, começou a ser formado na época dos colégios. Não se trata de um segmento de mata nativa, mas de centenas de árvores que foram plantadas e formavam o jardim das freiras.
Demolição do Palacete Uchoa
O palacete Uchoa foi demolido em 1962. Já o Colégio Des Oiseaux funcionou até 1967, tendo toda sua área verde envoltória declarada como de utilidade pública (DUP) pela Prefeitura de São Paulo em 1970. Ainda assim os edifícios do antigo Colégio Des Oiseaux e da Escola Santa Mônica foram demolidos.
O espaço ocupado pelo colégio é a clareira que se pode ver nas fotos aéreas, do lado da Rua Augusta. É o espaço que hoje é gramado, e que já foi usado como estacionamento.
Em 1989 a área é declarada patrimônio ambiental por um decreto estadual.
Nas décadas seguintes, além de estacionamento o local abrigou atividades como shows, tendas de circo e outras atividades culturais, enquanto se discutia a criação do parque, embora o terreno fosse privado. Foram feitos vários acordos entre construtoras e incorporadoras, para a construção de hotéis, hipermercados e torres multifuncionais no local, todas sem sucesso.
Em 2002, a implantação do Parque Augusta é incluída no Plano Diretor da cidade. E o Conpresp (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo), decide tombar, através da Res. 23/CONPRESP/04, os exemplares arbóreos presentes no bosque e as construções remanescentes do antigo Colégio Des Oiseaux (casa do bosque e portal da Rua Caio Prado).
Em 2013 é sancionada a Lei número 345/06, que autoriza a criação do parque. E começa então um longa negociação entre o poder púbico e os donos do terreno, culminando com o acordo que prevê a troca do terreno por outros espaços na cidade.
Muitas manifestações, de shows festivos a acampamentos que culminaram com a prisão dos organizadores, foram feitas no processo de reivindicação do parque. O acordo de troca de terrenos não agradou a todos. A homenagem ao ex-prefeito Bruno Covas também foi alvo de polêmica.
A população que lotou o parque no fim de semana, com crianças, cachorros, famílias inteiras e grupos de amigos, não parecia se importar com as polêmicas. Estavam felizes em aproveitar a nova área verde do Centro. Como se vê nas fotos, uma clareira em meio aos prédios da região. Um espaço de respiro.
Leia também: MINHOCÃO, AUGUSTA E BIXIGA: UMA NOVA VISÃO DE PARQUES URBANOS
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