Igreja Santa Ifigênia: conheça a história da Basílica da Imaculada Conceição
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Conheça a origem da palavra que deu origem ao riacho e depois à avenida cantada por Caetano Veloso em Sampa
Vera Lucia Dias
Quando alguma coisa acontece no coração, frase citada por Caetano Veloso na interessante música “Sampa”, a lembrança vem logo: é Ipiranga com a avenida São João. O compositor sentiu algo ao desembarcar na cidade, numa década quando não havia ainda a grande Rodoviária do Tietê e refletiu sobre ter sido um difícil começo pra quem vem de outro sonho feliz de cidade.
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Aparentemente o nome da avenida seria pela presença indígena nas origens da cidade. Mas no caso de alguns logradouros, pode ser relativa a homenagem ou comemoração.
Conforme consta no Dicionário de Ruas da Prefeitura de São Paulo, esse trecho é referente à localização de dois antigos becos próximos. Em 1865, através de uma Comissão que pretendia homenagear Dom Pedro I no bairro com mesmo nome, escolheram denominar também no Centro a via de Ypiranga. Primeiro como Rua, depois Avenida.
Muito se dirá durante esse ano de 2022 quando é comemorado o Bicentenário da Independência do Brasil. Todos cantam o hino no país que sinaliza na letra inicial as margens plácidas do riacho. Um museu foi construído em 1894 e agora vem sendo reformado, para celebrar o acontecimento. E vem reflexão, para com um país de tamanho continental, escravagista por muito tempo, em suas origens de ocupação indígena e que recebeu inúmeras etnias formando povo ímpar.
Segundo Antonio Houaiss, a língua tupi só tardiamente se faz documentada em obras literárias. Os dicionários correntes no Brasil, pelo menos de certa data relativamente recente para cá, registram palavras de origem tupi. Essas, vivas e encontradas nos trabalhos linguísticos de coleta regional, donde foram servir-se escritores experimentais como Mário de Andrade e Guimarães Rosa, grandes leitores de dicionários. Será mister sempre indagar se os lugares com denominação indígena eram originalmente tupis ou se trata de tupinizações criadas pela aculturação ou mesmo por estilização à tupi. São trechos comentados por Houaiss no livro Dicionário Histórico das palavras Portuguesas de origem Tupi.
Assim Ypiranga é “y” água/rio; “piranga”, vermelho, na língua Tupi significando “riacho vermelho”.
Em outro livro, Pernambucânia – o que há nos nomes das nossas cidades, o autor Homero Fonseca comenta que a maioria desses nomes decorre de acidentes geográficos (rios, montanhas, lagoas), plantas e animais. A tendência irresistível do bicho-homem em dar nome aos lugares e às coisas que o cercam criou uma enormidade de topônimos municipais, quase sempre descritivos de um lócus onde foram geradas as cidades. São lugares ligados à terra, onde estão as montanhas, as serras, os rios, as baías, os cabos, as águas, as florestas.
Portanto, o atual ponto de encontro de paulistanos e visitantes, a esquina famosa formada pelas avenidas Ipiranga e São João, remete a muitas formas de uma memória social e afetiva principalmente sobre tantos meios de transporte que por ela circularam e continuam a percorrer como as charretes, os bois, bondes, ônibus elétricos, automóveis, ciclistas, motociclistas e também caminhantes em ronda pela cidade.
Vera Lucia Dias é Guia e Turismóloga e autora do livro O Tupi em São Paulo. Vocabulário de nomes tupis nos bairros paulistanos, Plêiade 2008 e Edição de Autor, 2020. vera@passeiopaulistano.com
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