A Vida no Centro

Publicado em:
Tempo de leitura:5 minutos

As Cantoras e a História do Rádio no Brasil em exposição no Farol Santander

Exposição no Farol Santander conta a história das cantoras que popularizaram a música brasileira e tornaram o rádio um veículo de massa

Elas viviam num mundo ainda mais masculino – e machista – do que o atual, mas souberam conquistar seu espaço na cultura brasileira com seu talento. A exposição As Cantoras e a História do Rádio no Brasil, no Farol Santander, mostra a trajetória de um grupo de cantoras que fez história ao conquistar o que foi o primeiro meio de comunicação de massa no Brasil.

A primeira transmissão ocorreu em 1922, na Exposição Internacional do Centenário da Independência, no Rio de Janeiro, mesmo ano da emblemática Semana de Arte Moderna, em São Paulo. O Brasil que queria ser moderno também conquistava uma nova tecnologia, que se tornou um meio democrático e um fator de integração do país.

Com curadoria de Helena Severo, Cláudio Kahns e Rodrigo Faour, a mostra inédita mergulha na trajetória pelo país do rádio e celebra grandes personalidades femininas que trilharam suas carreiras musicais e afirmaram suas vozes nesse meio de comunicação. A exposição pode ser vista até 25 de junho.

A história do rádio no Brasil

Nesse cenário de mudanças, a partir da década de 1930, talentos femininos desabrocham no rádio e, com suas habilidades excepcionais, coragem e sonho, consagram-se como as Cantoras do Rádio. Em um meio majoritariamente dominado por homens, essas mulheres enfrentaram paradigmas e conquistaram os ouvintes com as suas vozes e talento.

A exposição é dividida em dois grandes módulos: um que conta a história do rádio, sua trajetória, seus grandes momentos e as personagens que ajudaram a construir e consolidar este meio de comunicação.

O outro é dedicado às ‘cantoras do rádio’, e a apresenta fotos e conta a trajetória de  24 artistas que iniciaram a carreira entre as décadas de 1930 a 1950. São elas: Carmen Miranda, Aracy de Almeida, Dircinha Batista, Linda Batista, Carmen Costa, Dalva de Oliveira, Isaurinha Garcia, Ademilde Fonseca, Emilinha Borba, Marlene, Elizeth Cardoso, Carmélia Alves, Hebe Camargo, Angela Maria, Doris Monteiro, Nora Ney, Inezita Barroso, Leny Eversong, Dolores Duran, Lana Bittencourt, Ellen de Lima, Marinês, Claudette Soares e Alaíde Costa.

Exposição conta a trajetória de 24 artistas

Estrelas nacionais, essas mulheres escolheram o canto como propósito de vida em meio a uma sociedade que impunha à figura feminina o papel de boa esposa, mãe e dona de casa. Muitas personalidades fugiram de casa, desistiram de casamentos e enfrentaram preconceitos dentro das próprias rádios, mas a resistência foi o principal caminho para atingirem o sucesso.

Algumas artistas também deixaram suas cidades de origem em busca do sonho, como Claudette Soares e Alaíde Costa. Cariocas, as cantoras chegaram a São Paulo no início dos anos 1960 para divulgar a Bossa Nova e, em terras paulistanas, expressaram-se por meio do gênero e de programas do rádio e da televisão, que podem ser conferidos na mostra com fotos, textos e trechos de algumas apresentações.

Claudette Soares e Alaide Costa

Artistas de São Paulo também conquistaram alcance nacional, embora o Rio de Janeiro fosse o maior polo radiofônico do país. Entre eles, destacam-se Isaurinha Garcia, Inezita Barroso, Leny Eversong e Hebe Camargo, homenageadas com raras fotografias, textos e canções.

Hebe Camargo na exposição Cantoras do Rádio

De Emilinha Borba, eleita a cantora mais popular do Brasil em 1947, é possível conferir vestidos, um par de sapatos autografados, 5 faixas originais (Rainha dos Músicos, Rainha do Brasil, Rainha das Cantoras de 1961, Favorita de São Paulo e Rainha da Rádio Nacional) e uma placa da Marinha do Brasil pelo seu reconhecimento.

Da coleção de Marlene, há vestidos originais, o traje utilizado em seu show Carnavália, em 1968, seus óculos de grau, um gravador de músicas, a medalha Pedro Ernesto, conferida pela Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro, e réplicas de itens como vestido, faixa, capa e coroa, entregues em 1949 ao ser eleita a Rainha do Rádio.

Já dos acervos de Linda e Dircinha Batista, há faixas de Rainha do Rádio, documentos como carteira de trabalho, passaportes e carteirinha da Ordem dos Músicos, partitura e dois programas originais do Cassino da Urca, nos quais Linda participou.

Roupas originais usadas pelas cantoras

Exposição tem raridades históricas

Raridades também integram a exposição, como áudios originais, incluindo áudios do primeiro programa veiculado por A Voz do Brasil, em 1935, e de Cásper Líbero sobre a inauguração da Rádio Gazeta, em 1943, além de fotos e vídeos inéditos, materiais exclusivos de imprensa, discos e suas capas, além de canções famosas da Era do Rádio.

A história do rádio na exposição

A exposição reúne 250 fotos e 114 objetos, alguns que estão sendo exibidos ao público pela primeira vez:

– Faixas de Rainha do Rádio de Dircinha Batista, de 1948;

– Faixa de Rainha das Rainhas de Linda Batista, que foi Rainha do Rádio por 12 anos;

– Faixa Favorita de São Paulo, de Emilinha Borba;

– Dois programas do Cassino da Urca em que Linda Batista era estrela, de 1941 e 1942;

– Documentos pessoais de Linda Batista e Dircinha Batista;

– Medalha Pedro Ernesto para Marlene;

– Par de óculos original de Marlene;

– Placa oferecida pela Marinha do Brasil à Emilinha Borba, que tinha três títulos de “favorita” da Corporação;

– Traje original de Marlene do Show Carnavalia de 1968;

– 10 exemplares de rádios raríssimos, dos anos 20 e 30;

– 20 capas de discos originais dos anos 50 de diversos expoentes do rádio;

– Capa original da revista do rádio de 1951, estampando Dalva de Oliveira, Rainha do Rádio daquele ano.

Quem visitar a exposição ainda pode experimentar um pouco daquela época participando de um karaokê instalado no térreo do edifício, com opções de músicas que fizeram sucesso entre anos 1930 e 1960.

Veja fotos históricas da época de ouro do rádio:

O Farol Santander

Desde sua inauguração, em janeiro de 2018, o Farol Santander, centro de cultura, turismo, lazer e gastronomia, já recebeu mais de 1,3 milhão de visitantes e apresentou mais de 36 exposições nos eixos temáticos e imersivos.

As atrações ocupam 17 dos 35 andares do edifício de 161 metros de altura que, por décadas, foi a maior estrutura de concreto armado da América do Sul.

As visitas começam pelo Hall do térreo, com um lustre de 13 metros de altura, pesando mais de 1,5 tonelada. No Mirante do 26, o MAG Café tem uma vista privilegiada do Centro Histórico.

Do 24° ao 19° andar estão as galerias de arte que recebem exposições temporárias, apresentando trabalhos de diversos artistas nacionais e internacionais. E do 5º ao 2º andar, no Espaço Memória, os visitantes podem conhecer a história do prédio e da própria cidade de São Paulo.

Esses andares preservam mobiliário original, executado pelo Liceu de Artes e Ofícios, expostos nas salas de reuniões, diretoria e presidência, ambientadas sonoramente para simular o funcionamento à época como Banco do Estado de São Paulo.

Na galeria do 4º andar fica a obra Vista 360°, feita pelo artista brasileiro Vik Muniz exclusivamente para o Farol Santander São Paulo.

O Farol Santander também oferece várias opções de gastronomia que não precisam de ingresso e podem ser acessadas diretamente. No subsolo do edifício, onde funcionava o cofre do Banco, está instalado o Bar do Cofre por SubAstor.  O bar é ambientado com as características da época e pitadas contemporâneas em design e mobiliários, com carta de drinks especiais e aperitivos, além de receber exposições temporárias dentro da antiga sala dos cofres.

No 28º andar, o Boteco do 28 por Bar da Cidade serve um menu em referência à culinária da antiga Paulistânia, nascida da união entre ingredientes e costumes indígenas e portugueses. No 31º andar, a Cozinha do 31 por Accademia Gastronomica mantém uma agenda semanal de cursos e aulas de gastronomia ministradas por renomados chefes de cozinha.

No 21ª, a Pista do 21 por Rajas Skatepark, instrutores homologados pela Federação Paulista da modalidade indoor auxiliam os visitantes. A pista de skate pode ser reservada para livre circuito de até sete skatistas por bateria e oferece agendamento de aulas.

Além dos andares culturais e gastronômicos, o prédio possui dois espaços exclusivos para eventos: o Loft do 25 e o Arena do 8.

Serviço As Cantoras e a História do Rádio No Brasil:

Quando: 24/03/2023 a 25/06/2023

Onde: Farol Santander São Paulo

Endereço: Rua João Brícola, 24 – Centro (estação São Bento – linha 1, azul do metrô)

Site Farol Santander: farolsantander.com.br

Telefone Farol Santander: (11) 3553-5627

Funcionamento: terça-feira a domingo

Horários: 09h às 20h

Ingressos: R$ 35,00 (R$ 17,50, meia-entrada) 

Cliente Santander: 10% de desconto comprando com o cartão Santander (em até 8 ingressos).

Cliente Santander Select: 10% de desconto comprando com o cartão Santander Select (em até 8 ingressos), e prioridade na fila de entrada para o Farol.

Compra online: https://www.farolsantander.com.br/#/sp (vendas também na bilheteria local)

Classificação: livre

Leia também: CONHEÇA CAFÉS EM PRÉDIOS HISTÓRICOS NO CENTRO DE SÃO PAULO