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Bambui. Foto: Mauricio Froldi
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Amélia Toledo: dama da contracultura tem exposição pelos 60 anos de carreira

Exposição de Amélia Toledo no CCBB tem esculturas, objetos de design, desenhos e pinturas. Artista morreu aos 90 anos, ainda produzindo. Veja obras

Atualização 08/11/2017: A artista plástica Amélia Toledo morreu na noite desta terça-feira, 7 de novembro, aos 90 anos, enquanto dormia em sua casa, em São Paulo, menos de um mês após a abertura de sua exposição no CCBB que faz uma retrospectiva de sua brilhante carreira como escultora, pintora, desenhista e designer.

A artista plástica Amélia Toledo é a homenageada da exposição “Lembrei que Esqueci”, no Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo, uma retrospectiva de seus 60 anos de carreira. A exposição fica em cartaz até o dia 8 de janeiro de 2018.

Conhecida por investigar as potencialidades de diferentes materiais e técnicas, Amélia Toledo se tornou notável como escultora, pintora, desenhista e designer – e continuou produzindo até a morte, aos 90 anos, no dia 7 de novembro. Para explorar todas as suas facetas, a exposição Lembrei que Esqueci reúne cerca de 60 obras da artista, ocupando todos os andares do CCBB, divididos em núcleos temáticos.

“Personagem ativa de seu tempo, ela deu um novo sentido à vanguarda artística brasileira, incorporando à ousadia e ao comprometimento que marcam o Modernismo novas propostas de afeto e integração coletiva”, diz o curador da mostra, Marcus Lontra.

Contemporânea de artistas como Lygia Pape (1927-2004), Anna Maria Maiolino (1942) e Mira Schendel (1919-1988), Amélia pertence a um grupo célebre por aproximar a arte do cotidiano das pessoas. Em uma época em que se clamava por liberdade e direitos iguais – e o Brasil enfrentava uma longa ditadura militar. “Ela se consagrava como grande dama da contracultura no Brasil”, afirma Marcus Lontra.

Percursos afetivos da exposição

A sugestão do curador é que o visitante comece seu percurso no subsolo, setor mais intimista chamado de A Caverna. Os trabalhos selecionados para esse espaço utilizam rochas e cristais para explorar os sentidos. A ideia é transpor o mundo das imagens e encontrar verdades inusitadas por meio do contato com o sensível.

Os destaques são a obra sonora Dragões Cantores, composta por fragmentos de pedras moldados pelo movimento das águas do mar apoiados em colunas de concreto, e a Série Impulsos, blocos de quartzito verde e jaspe polidos sobre colunas de concreto.

No térreo o eixo temático é O Encontro, com obras que provocam uma reflexão sobre o tempo e a necessidade de observação do entorno para garantir a transformação do homem. “Para Amélia Toledo é preciso caminhar, percorrer e atravessar os caminhos que levam ao encantamento”, afirma o curador. Fatias do Horizonte, uma série de chapas de aço inox espelhado de 210 x 130 x 0,6 cm parcialmente oxidadas, e Poços, chapas de aço inox com pedras de diversos tamanhos, são os destaques desse espaço.

Em A Passagem, tema do 1º andar, há uma profusão de cores, formas, sensações e sentimentos. O princípio desse espaço é que o mundo é um emaranhado de fios e vasos comunicantes translúcidos, espelhados e azuis. O público encontrará caleidoscópios feitos com chapas de aço inox, além da Medusa Azul, estruturas com tubos de PVC recheados com líquidos e óleos coloridos, entre outras obras.

Glu Glu Foto: Isaias Martins

Glu Glu Foto: Isaias Martins

A Memória norteia a escolha das obras do 2º andar, composto por duas salas.O objetivo desse espaço é mostrar que a lembrança da matéria é o caminho para a criação de novas verdades. Alguns dos destaques são o Glu Glu – Anos 60, uma estrutura de vidro soprado com água e espumantes, a Caixinha do sem-fim/Situação tendendo ao infinito, uma caixa de acrílico contendo oito caixas recheadas com mais oito caixas e assim por diante, o Mundo dos Espelhos, módulos em chapa de aço inox espelhado, recortados e perfurados, e o Poço da Memória, cilindro de fibra de vidro revestido internamente com uma chapa de aço inox polida, com um cilindro menor de acrílico e a inscrição “Lembrei que esqueci”.

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Trabalhos com papel, retalhos, fiapos e farrapos estão presentes no 3º andar, cujo tema é A Luz. Para esse local foram escolhidas obras que resignificam os gestos femininos de lavar, costurar e cortar, subvertendo a condição subserviente da mulher. Entre os destaques estão as Colagens, sobreposições de papeis de seda de medidas variadas, e Fiapos, feitos com polpa de Iúca, linho, algodão e tela de náilon.

Por fim, os trabalhos do 4º andar promovem uma reflexão sobre o futuro. Sob o mote O Destino, as obras mostram que em um mundo dominado pela indústria da comunicação é preciso construir uma linguagem própria e transformadora, gerando novas percepções sobre a vida. Os destaques dessa seção são os Discos Tácteis, discos de PVC com líquidos e óleos coloridos, e A Onda, composta por um cilindro de PVC também com líquidos e óleos coloridos.

Amélia Toledo

Amélia Toledo

Sobre Amélia Toledo

Nascida em São Paulo em dezembro de 1926, a artista Amélia Toledo frequentou o ateliê de Anita Malfatti (1889 – 1964) e estudou com Yoshiya Takaoka (1909 – 1978) e Waldemar da Costa (1904 – 1982), além de ter trabalhado com desenho de projetos no escritório Vilanova Artigas (1915-1985). Sua primeira exposição individual aconteceu em 1957, após um período em Londres, Escandinávia, Holanda, Alemanha, França e Portugal.

Ao longo de 60 anos de carreira produziu trabalhos com diversos tipos de materiais, como aço inox, espumas, plástico, vidro e cristais. Entre os destaques estão “Espaço Elástico III”, “IV” e “V” e “Caixas I” e “II”, premiados na 9ª Bienal de São Paulo e a instalação “Caleidoscópio”, montada na estação Brás do Metrô de São Paulo.

Serviço:

EXPOSIÇÃO “LEMBREI QUE ESQUECI”

Local: Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo

Endereço: Rua Álvares Penteado, 112 – Centro

Data: até 8 de janeiro de 2018 – Entrada gratuita

Horário: quarta a segunda, das 9h às 21h

Telefone: (11) 3113-3651