Igreja Santa Ifigênia: conheça a história da Basílica da Imaculada Conceição
O guia de turismo Laércio Cardoso de Carvalho fala sobre a história da igreja Santa Efigênia, que é oficialmente uma basílica.
Cem anos depois, é possível ver os lugares frequentados pelos criadores da Semana de 22. Veja o roteiro dos modernistas no Centro de São Paulo
Veja – e percorra – o roteiro da Semana de 22 no Centro de São Paulo
Vários eventos estão realizados neste mês de fevereiro para comemorar o centenário da “Semana de Arte Moderna de 22”, ocorrida em São Paulo no Theatro Municipal nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922.
Na Galeria de Arte da Fiesp, na Avenida Paulista,” está sendo apresentada desde 10 de dezembro de 2021 até 19 de maio de 2022 a exposição “Era uma vez o Moderno”, que inclui não apenas a Semana de Arte Moderna, mas todo o período de 1910 a 1944.
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O Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, exibe até 30 de junho, de segunda a sexta, das 10h às 17h e aos sábados das 11h às 16h a exposição “Caminhos do Modernismo- Acervo dos Palácios”. Estão expostas 55 obras, destacando “Ventania” de Anita Malfatti, que esteve exposta na Semana de 22.
No CCBB, até 7 de março, de quarta a segunda, das 9 às 19h, está em cartaz a exposição “Brasilidade -Pós Modernismo”, com 51 obras de consagrados artistas, legado deixado pela Semana de 22.
As três exposições com entrada franca.
A história do Modernismo no Centro de São Paulo
Mas, para além dessas exposições temporárias, existe um roteiro a ser percorrido que conta um pouco da história do modernismo. Alguns locais ainda estão exatamente como naquela época. E outros que já estão diferentes, mas ainda podem nos trazer as lembranças daquele começo do século 20.
Homenagens permanentes
Na estação Metrô República está instalada, desde 1990 a obra “Monumento Antropofágico” do artista Peticov.
O rosto de Oswald de Andrade, criador em maio de 1928 do “Movimento Antropofágico”, aparece refletido numa coluna de alumínio. Numa extensa faixa de azulejos em forma estilizada está a pintura “Abaporu (em tupi, que come carne humana), obra de Tarsila do Amaral que a artista deu de presente de aniversário para Oswald, seu marido na época..
A obra traz outras referências aos modernistas. Em outros azulejos, “Pássaros”, obra de Ferrignac (nome artístico de Ignácio da Costa Ferreira), ilustrador do livro “O Perfeito Cozinheiro das Almas desse Mundo” (diário da garçonnière de Oswald de Andrade).
Num pedestal, a frase “Tupy or not Tupy”, presente no Manifesto Antropofágico. Separados pela coluna de alumínio, a foto de um casal de desconhecidos, que fazia parte do “reclame” (como se falava na época) do Café Paraventi no jornal O Homem do Povo, que Oswald teve com Pagú.
Na estação Santa Cecília do metrô, outra referência. Nos corredores laterais de saída, lado esquerdo (o lado da igreja), painéis com fotos dos organizadores e mecenas da Semana de 22. Há também imagens de Brecheret e pintores e poetas participantes, a capa do folheto com a programação. Na parede oposta, escritores que antecederam os Modernistas, como é o caso de Monteiro Lobato e Menotti Del Picchia. Uma verdadeira aula.
Lugares que aparentemente estão do mesmo jeito que da época dos Modernistas
Na Barão de Itapetininga, a rua de comércio mais glamurosa até a década de 1960, no número 262, um prédio de quatro andares construído em 1913 está do mesmo jeito.
Ocupando todo o primeiro andar esteve instalada ali até os anos 1970 a elegante Confeitaria Vienense. Era onde os Modernistas se reuniam para o chá da tarde. No segundo andar, sala 201, ficava o escritório do poeta Guilherme de Almeida, uma das figuras importantes na criação da Semana de 22.
Atrás do Theatro Municipal ergue-se, desde 1923, mantendo a mesma aparência externa, o imponente prédio “Ermírio de Moraes”. O nome justifica-se, pois ali estiveram instalados, a partir de 1963, os escritórios das Indústrias Votorantim. O edifício hoje pertence ao Governo do Estado de São Paulo, e sedia a Secretaria de Agricultura e Abastecimento e a de Turismo e Viagens. O majestoso prédio foi construído pela família Guinle para ser o luxuoso “Hotel Esplanada”.
Esse foi também o nome da praça até 1928, quando se tornou Praça Ramos de Azevedo, após o falecimento do construtor do Theatro Municipal. O hotel funcionou até 1957. Seus salões e seu restaurante eram o que havia de mais elegante em São Paulo e no Brasil na época, local de reuniões, comemorações da elite. Também os Modernistas se reuniam ali e Oswald de Andrade chegou a escrever um poema “Balada do Esplanada” em homenagem ao hotel.
Balada do Esplanada
Ontem à noite
Eu procurei
Ver se aprendia
Como é que se fazia
Uma balada
Antes de ir
Pro meu hotel.
É que este
Coração
Já se cansou
De viver só
E quer então
Morar contigo
No Esplanada.
Eu queria
Poder
Encher
Este papel
De versos lindos
É tão distinto
Ser menestrel
No futuro
As gerações
Que passariam
Diriam
É o hotel
É o hotel
Do menestrel
Pra me inspirar
Abro a janela
Como um jornal
Vou fazer
A balada
Do Esplanada
E ficar sendo
O menestrel
De meu hotel
Mas não há, poesia
Num hotel
Mesmo sendo
Splanada
Ou Grand-Hotel
Há poesia
Na dor
Na flor
No beija-flor
No elevador
Em 1987 Cazuza musicou a poesia.
No Largo do Paissandú, o restaurante Ponto Chic também está completando 100 anos, mantendo a mesma aparência externa de cem anos atrás. Os Modernistas também frequentavam aquele local.
Na avenida São João, da mesma forma de quando foi construído no final do século 19, agora incrustado entre prédios do século 21, está o Conservatório Musical de São Paulo, onde Mário de Andrade foi aluno e depois professor.
Na Rua Líbero Badaró, atual 452, na época número 67, fica o prédio de três andares onde nos fundos do terceiro andar esteve instalada a garçonnière de Oswald de Andrade. O prédio ainda está igual, mudou o uso.
Hoje a sala é ocupada por uma escola de formação de bombeiros civis. Ali, em 1917, era o local onde vários Modernistas se reuniam. Falavam de tudo, política, arte, projetos literários, isto é, quando Oswald de Andrade, o responsável pelo apartamento, não estava utilizando o local para encontros amorosos.
Na mesma rua, no atual 332, na época 111, a placa da Jornada do Patrimônio nos indica que foi ali, no salão daquele prédio pertencente ao Conde de Lara, que aconteceu de 12 de dezembro de 1917 a 11 de janeiro de 1918 a exposição de Anita Malfatti, com 53 obras de arte moderna.
A mostra foi bastante visitada. Escultores, pintores consagrados estiveram presentes e, no dia 17 de dezembro, Altino Arantes, presidente de Estado (governador) assinou o livro de presença. Mas houve uma crítica bastante dura de Monteiro Lobato, publicada em 20 de dezembro no jornal O Estado de S. Paulo.
Externamente, o prédio está do mesmo jeito, só o salão onde aconteceu a exposição hoje é ocupado por uma lanchonete.
Comenta-se bastante a crítica que Monteiro Lobato fez a Anita Malfatti. Ficou a impressão que Monteiro Lobato era totalmente contra a modernidade, o que não é verdade. Naquele mesmo espaço, entre outubro e novembro daquele mesmo ano, Monteiro Lobato realizou um concurso para escolha de ilustração para seu livro O Saci, bastante moderno pela temática e pela busca de identidade nacional, com saci, em vez de fadas, duendes, gnomos. Anita foi uma das concorrentes. Não venceu, mas ganhou vários elogios, mais do que o vencedor, o italiano Cippicchia.
Espaços que não apresentam nada daquela época
Em alguns outros locais temos referências, pesquisando encontramos fotos, textos, mas nada está como naquela época. É o caso do Circo do Piolin. Ficava no Largo, do Paissandu, quase na esquina com a avenida São João.
Como referência está lá o hotel denominado Piolin e a pequena Rua Aberlado Pinto o nome de batismo do palhaço Piolin. Os Modernistas admiravam Piolin. Também Washington Luiz, Presidente de Estado, como era denominado o cargo de governador, era seu admirador e presença constante no circo.
No aniversário do Piolin (27 de março de 1929) os Modernistas promoveram no elegante salão da Loja Mappin, no seu segundo endereço, na Praça do Patriarca, o Banquete Antropofágico: Piolin Moqueado. O acontecimento foi publicado na revista Cruzeiro (era assim na época, sem o artigo O), com texto de Menotti Del Picchia.
Existem fotos do almoço, mas do prédio de 4 andares onde esteve instalado o Mappin não existe mais nada. No local hoje há um prédio moderno com 130 metros de altura.
Existem ainda outros espaços ligados aos Modernistas, documentados com fotos, de espaços que já não existem, como é o caso das redações dos jornais O Estado de São Paulo, na Praça Antônio Prado, e do Correio Paulistano, na Rua João Brícola. Na redação trabalhou Menotti Del Picchia, que ia relatando o que acontecia com o movimento Modernista. Monteiro Lobato trabalhou na redação de O Estado de S. Paulo e foi na edição noturna do jornal, apelidado de “O Estadinho”, que publicou a famosa e demolidora crítica às telas de Anita Malfatti em 1917.
Em outros casos, mesmo com o endereço original do prédio não é possível localizar o lugar atual, visto que a numeração mudou a partir de 1936. De sequencial passou a ser por metragem e mudou também o ponto de início da numeração. Com isso, lado par ficou impar e vice versa.
É o caso da primeira exposição Modernista. Teve início em 23 de maio de 1914 no prédio da loja de Departamentos do Mappin na Rua XV de Novembro, número 26, com o título “Exposição de estudos de pintura Anita Malfatti”. A inciativa foi de sua mãe, dona Bety, e de seu tio, o famoso engenheiro arquiteto Jorge Krug. A exposição reunia trabalhos realizados em sua estadia de estudos na Alemanha entre 1910 e 1914.
O mesmo acontece com a primeira exposição de pintura modernista de Lasar Segall em 1913, na Rua São Bento.
Obras de artistas da Semana de 22
Na região central temos vários obras de artistas da Semana de 22. Não são as obras que estiveram expostas, mas nos fazem recordar da participação desses artistas.
Di Cavalcanti participou expondo telas e criando a capa do programa da Semana de 22. Na região central temos painéis de Di Cavalcanti no Teatro de Cultura Artística, na Rua Nestor Pestana, na fachada do Hotel Jaraguá, nos edifícios Triângulo e Montreal, projetados por Niemeyer.
Brecheret, desde o início fez parte do Movimento. Quando da Semana de Arte Moderna, estava em Paris, mas enviou várias obras para serem expostas. Na região central podemos apreciar “Mulher após o Banho” no Largo do Arouche, “Graças” (duas obras) encomendadas pelo prefeito Prestes Maia para a Galeria que posteriormente recebeu seu nome. Monumento ao Duque de Caxias, na praça Princesa Isabel.
O Theatro Municipal, local onde ocorreu a Semana de 22 continua maravilhoso da mesma forma que na época, encantando a todos com suas escadarias, seu grande hall, palco e plateia com materiais nobre.
Podemos ficar ali apreciando o maravilhoso espaço e imaginando como teria sido a Semana de 22, espantos, vaias, depois de algum tempo, a consagração do movimento.
Referências: 1922 A Semana que não Terminou, de Gonçalves Marcos Augusto.
Editora Companhia das Letras
A Semana de 22 entre vaias e aplausos, de Camargos, Márcia
Boitempo Editorial
Leia também: PORTINARI, DI CAVALCANTI, CLAUDIO TOZZI. VEJA OBRAS DE ARTISTAS CONSAGRADOS NAS PAREDES DO CENTRO
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