Igreja Santa Ifigênia: conheça a história da Basílica da Imaculada Conceição
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No aniversário de Artacho Jurado, a pesquisadora Mariana Nobre escreve sobre o legado do arquiteto que trouxe mais beleza ao Modernismo
Por Mariana Nobre
Três de Setembro, aniversário de um transgressor autodidata da arquitetura que pouca gente conhece: João Artacho Jurado. Tenho a alegria de acompanhar desde 2007, quando peguei as chaves da minha primeira morada em um de seus edifícios, o Planalto, um crescimento vertiginoso de fãs de seu legado. Mas ainda é pouco. Alguém que ousou tanto quanto ele merece mais reconhecimento e registro.
Mesmo quem não liga a obra à pessoa, não passa batido por uma criação artachiana. Artacho está no imaginário coletivo, seus prédios aparecem o tempo todo em filmes, propagandas, além de posts e hashtags nas redes sociais. Quem transita pelo coração de São Paulo, seja pelo centro novo ou em Higienópolis, esbarra em suas pastilhas e cores. Quem desce a serra e caminha pela orla de Santos também. Ele coloriu estas cidades, mas não só. Artacho trouxe o nonsense para a rotina. Deu a oportunidade de se inclinar para o céu e imaginar que no topo de um prédio houvesse um disco voador. Eu não consigo olhar para o alto do Viadutos e não sonhar ser abduzida.
Lá no Planalto, chamávamos o terraço de coroa. Do APRACS eu tomava o meu shot de alegria vendo os tambores malucos do Hortênsias. No Bretagne, pensei ser Alice. Estou certa de que encontrei um coelho branco por ali. Em quatorze anos vivi em quatro obras suas: Edifício Planalto, Edifício Viadutos, Condomínio Parque Verde Mar e APRACS. Posso dizer de cadeira que não há algo que melhor tenha moldado minha vida. São poucos os aborrecimentos do cotidiano que resistem à entrada triunfal de um tapete vermelho a caminho do elevador. Os que permanecem, são para serem levados ao último andar para meditar vendo o oceano de concreto, ou o verde do mar. Acho que posso me atrever ao trocadilho de que sua arquitetura é de um verdadeiro restauro. Seja pelos espaços gentilmente comuns para quem está dentro, ou pela contribuição para uma cidade mais criativa para quem está fora.
Artacho nos permitiu sonhar e sonhos também têm sua concretude. Para além da arquitetura, ele engendrava seus empreendimentos de modo que o morador se sentisse mudando de patamar de vida. Por exemplo: quem vê seus edifícios da rua imagina que seus apartamentos sejam todos enormes, porque há uma continuidade entre suas sacadas e janelas, o que cria essa impressão. No entanto, na maioria das vezes, há uma mescla entre apartamentos maiores e menores, dando a possibilidade de uma coexistência social. Seus prédios foram ocupados, nos anos 50 e 60, por professores, funcionários públicos, em suma, uma classe média emergente. Como eu, quando tinha meus 24 anos, vivendo o meu sonho de princesa. Suas janelas cuidadosamente confeccionadas pelo Liceu de Artes e Ofícios são anguladas, como no caso do Bretagne, para que se possa direcionar os olhos aos jardins e à piscina, que estão no térreo. “Olhe para o alto ou olhe para baixo, eu te indico o caminho de um momento mais feliz”, penso que diria ele.
A arquitetura de Artacho foi perseguida pela norma culta moderna, abastada e minimalista, que julgava tudo isso como pastiche, kitsch ou mera referência Hollywoodiana. Imagine você comprar uma casa em um lote distante da cidade e “ganhar” um Ford de brinde? Artacho fez isso com a Cidade Monções, seu projeto habitacional de casas que deu origem ao bairro da zona sul de São Paulo. Era mesmo uma audácia dar a aqueles que não estavam nas pequenas rodas um pouco de possibilidade. Aliás, hackear modos de bem viver era com ele mesmo, pois era possível se morar com conforto e estrutura, em um condomínio repleto de elevadores e funcionários, não pagando uma exorbitância ao virar o mês, pois os grandes letreiros publicitários sobre algumas casas de máquinas amenizavam os custos de administração do prédio, sem impedir que a cobertura fosse de uso de todos.
Artacho é um dos exemplos que gosto de dar em meus estudos ou palestras de futurologia. Foi alguém que viveu a passos largos à frente de seu tempo e que encontrou a fertilidade das janelas históricas apenas muitos anos depois. Algo que costumo chamar de “Arqueologia do Futuro”, embriões que eclodem das camadas da história e que contribuem exponencialmente com o que chamamos de presente.
Artacho não teve este pleno reconhecimento em vida, embora a tenha vivido em sua máxima potência criativa. “Ele ficaria radiante se tivesse conhecido jovens como vocês, tão interessados pelo trabalho dele”, disse sua única filha, Diva Artacho, ao emprestar parte de seu acervo para a exposição “Edifício Planalto: 60 anos de cor em São Paulo”, curada pelo meu amigo e parceiro de trabalho, Felipe Grifoni, e produzida por mim, em 2016, na Jornada do Patrimônio Histórico. Foi nessa ocasião também que ganhamos de presente a ciência de que seu aniversário era justamente dia 3 de setembro, término de nossa exposição. Algo sem registro até aquele momento, mas endereçado por quem sempre direciona olhares. E é no encontro deles que moram o extraordinário e a fantasia, tão comuns à odisseia artachiana.
Mariana Nobre é pesquisadora e articuladora de novos cenários culturais, futuro e tendências. Fundadora do Atelier do Futuro e sócia da Dolores Nostalgias. Mora no centro desde 2007, colecionando experiências arquitetônicas e outras formas de ver a cidade. Produziu o evento de lançamento do livro “Artacho Jurado: Arquitetura Proibida”, de Ruy Debs Franco, em 2018, e a exposição “Edifício Planalto: 60 anos de cor em São Paulo”. Além de ter colaborado com a conquista do selo de Patrimônio Cultural ao Edifício APRACS, junto aos moradores do prédio. Um feito pioneiro na época, também em 2016. Atualmente escreve sua dissertação, “Arqueologia do Futuro”, no mestrado de Comunicação e Semiótica da PUC, com orientação de Norval Baitello Jr.
Leia também: EDIFÍCIO PLANALTO: ARTACHO JURADO TRAZ COR AO MODERNISMO. CONHEÇA HISTÓRIA DO PRÉDIO E VEJA FOTOS
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