Viaduto Santa Efigênia passa por reforma. Prefeitura diz que vai manter desenho do mosaico do piso
Pastilhas estão sendo retiradas e serão trocadas por outras semelhantes, segundo nota oficial da Prefeitura de São Paulo.
O urbanista Lincoln Paiva alerta para os riscos da simples transferência da “Cracolândia” para outro ponto, como anunciou o governador
Por Lincoln Paiva (*)
O governador de São Paulo anunciou recentemente que iria transferir a “Cracolândia” do centro de São Paulo para o complexo Prates, localizado no bairro tradicional do Bom Retiro. O Bom Retiro é um bairro multicultural com mais de um século de história, fundado por imigrantes italianos e que em 1933, com a ascensão de Hitler na Alemanha, começou a receber um novo fluxo de imigrantes judeus fugidos do nazismo.
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Ao que tudo indica, se for cumprido a vontade do governador, o Bom Retiro receberá um novo fluxo, mas não mais de imigrantes que vieram em busca de oportunidade com o intuito de se estabelecerem no bairro, mas o de migração forçada para concentração de pessoas oriundas da “Cracolândia”, como se convencionou chamar os adictos que vivem do consumo de entorpecentes conhecido como “fluxo”, no centro de São Paulo.
O que chamou a atenção nessa iniciativa é que o governador de São Paulo anunciou seu intento com a mesma empáfia de quem levaria para um bairro a Disneylândia. Nesse caso o bom senso não deixa de ser também um bom retiro – não devemos levar o problema de um lugar para outro com a perspectiva de se criar um novo problema. Onde havia um problema poderá haver mais dois ou três problemas semelhantes. O que nos leva a pensar sobre como a “Cracolândia” cresceu e se perpetuou na cidade ao longo dos últimos 30 anos.
Segundo a Prefeitura de São Paulo, havia em 2021 cerca de 600 pessoas vivendo numa concentração de dependentes químicos no centro da cidade de São Paulo. Segundo a UNIFESP, o número de dependentes químicos subiu de 600 (2021) para 1.720 (2022) no horário de pico. Ou seja, esse número mais do que triplicou de um ano para o outro. Isso significa que a “Cracolândia” vem aumentando cerca de 100 pessoas ao mês e que essa estatística vem triplicando de um ano para o outro, o que demonstra que apenas a estratégia de dispersão e remoção da “Cracolândia” do centro de São Paulo não bastará para impedir o seu crescimento e só criará mais problemas futuros.
Segundo a pesquisadora Deborah Fromm, doutora em Antropologia Social pela Universidade Estadual de Campinas, seu trabalho de pesquisa nesta área mostrou que a “Cracolândia” não seria apenas uma ilha cercada pela cidade e que ela não poderia ser isolada de dinâmicas urbanas mais amplas e das estruturas de desigualdade e nem poderia ser resumida apenas à questão do consumo e venda de crack.
O que leva a crer que a “Cracolância” não poderá ser combatida somente com estratégias improvisadas e vista apenas como caso de segurança pública. O problema vai muito além, é preciso se debruçar nos vastos estudos científicos sobre a questão, se aprofundar nos debates com especialistas das diversas áreas envolvidas e o mais importante agir com profilaxia.
(*) Lincoln Paiva
Doutor em Arquitetura e Urbanismo
Morador do centro de São Paulo.
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Pastilhas estão sendo retiradas e serão trocadas por outras semelhantes, segundo nota oficial da Prefeitura de São Paulo.
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