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Terraço do Martinelli será reformado e deve reabrir ainda este ano

Reforma do Terraço do Martinelli vai criar espaços de visitação e de gastronomia, com restaurantes e cafés. Veja projeto

Denize Bacoccina

O terraço do Edifício Martinelli, prédio histórico que durante muito tempo foi o prédio mais alto do Brasil, será reformado e reaberto ao público nos próximos meses. “Vamos tentar finalizar a primeira parte da reforma para abrir para o Reveillon”, disse ao A Vida no Centro Fabio Balestro Floriano, sócio de Junior Passini no Grupo Tokyo, que venceu a licitação para a concessão do espaço. Quando estiver pronto, o espaço terá cafés, restaurantes, bares e espaços para eventos.

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O contrato de concessão entre a Prefeitura e a empresa foi assinada no dia 16 de junho, por um prazo de 15 anos, com pagamento de outorga mensal (uma espécie de aluguel pelo espaço) de R$ 135 mil, além dos investimentos nas reformas e adequações dos espaços, num contrato estimado pela Prefeitura em R$ 61 milhões.

A incerteza sobre a data exata da reabertura deve-se às autorizações que o projeto precisa receber, por tratar-se de um local tombado pelos órgãos de defesa do patrimônio. Embora o projeto já esteja pré-aprovado, os detalhes dependem dos órgãos reguladores.

Os primeiros passos na reforma serão a instalação de dois elevadores com acesso direto ao terraço e a elevação do piso, para que fique nivelado e acessível, além da instalação de uma proteção de vidro em toda a lateral do terraço, que tem vista 360º.

O projeto completo, com previsão de entrega em 12 meses, terá bilheteria, loja e café no térreo, um museu histórico no 25º e espaço de eventos, restaurante e café no 25º, 26º (onde fica o terraço), 27º e 28º, onde fica a chamada Casa do Comendador – a antiga residência de Giuseppe Martinelli, o construtor do edifício, que foi morar com a família no local para provar aos paulistanos da época que o prédio era seguro. O subsolo terá um bar de drinques e a reativação do Cine Rosário, que funcionou da inauguração do prédio, em 1934 até os anos 1950.

Fabio Balestro e Junior Passini, sócios do Grupo Tokyo

“Queremos um projeto muito atual, com muita tecnologia, com estúdios para criadores digitais, espaços de cocriação. Queremos pegar algo histórico e devolver para a cidade recheado de tecnologia”, disse Junior Passini.

A estimativa de público é de 600 mil pessoas ao ano nos primeiros anos e 1 milhão depois de alguns anos. Os novos gestores podem cobrar a entrada no mirante, que deve funcionar todos os dias da semana, inclusive feriados, durante o dia e parte da noite, mas devem oferecer pelo menos um dia de visitação gratuita.

“Nosso objetivo é trazer vida para o centro de São Paulo, tanto de dia quanto à noite. Que as pessoas possam vir para observar a cidade, tomar um café, ver a arquitetura”, disse Junior.

Veja imagens do projeto:

O terraço do Martinelli está fechado desde o início da pandemia. Quando estava aberto, era um dos lugares mais visitados do Centro Histórico, com longas filas em alguns horários.

“Hoje damos mais um passo importante para a requalificação do Centro. O Edifício Martinelli deve ser um dos locais líderes de turismo em são Paulo”, disse na assinatura do contrato o secretário municipal da Casa Civil, Fabrício Cobra, que é responsável também pelo projeto Todos pelo Centro, ação da Prefeitura que integra ações relacionadas à região central em várias secretarias municipais.

Cerimônia de assinatura do contrato de concessão.

Um dos objetivos desse projeto é atrair mais moradores para a região central, facilitando a conversão de prédios comerciais em residenciais e acelerando as autorizações para projetos de retrofit. A meta é atrair 200 mil moradores para a região central, que segundo os dados da Prefeitura tem 447 mil habitantes.

Histórico

A construção do Edifício Martinelli, projetado inicialmente para ter 12 andares, começou em 1924. Mas o construtor, Giuseppe Martinelli, imigrante italiano que fez fortuna no Brasil, queria ter o prédio mais alto da América e seguiu construindo até chegar aos 26 andares. E ainda fez uma casinha no terraço para chegar ao posto de prédio mais alto. É a chamada Casa do Comendador, que com a concessão voltará a ser palco de festas e celebrações, com a vista mais bonita da região. O prédio foi inaugurado em 1934 e foi o mais alto do Brasil até a construção do Edifício Altino Arantes, hoje Farol Santander, em 1947.

Nas décadas seguintes, o prédio foi sendo degradado e, em 1975 foi desapropriado pela Prefeitura, restaurado e reinaugurado em 1979. Atualmente, o Martinelli sedia diversos órgãos municipais, como as secretarias de Habitação, Subprefeituras e Urbanismo e Licenciamento, além da São Paulo Urbanismo.

Em 2019, a Prefeitura lançou a primeira consulta pública sobre a concessão do Martinelli. O primeiro edital de licitação foi publicado em 2020, suspenso pelo Tribunal de Contas do Município para ajustes. Em dezembro de 2022, o processo licitatório foi reaberto e, após a análise da proposta comercial encaminhada pela Tokyo SP, a empresa foi anunciada vencedora em março de 2023. 

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