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Banda criada em 1974 por artistas e intelectuais boêmios, como Plínio Marcos, sai do Teatro de Arena e passa por pontos tradicionais do Centro, como Paissandu e Theatro Municipal
A Banda Redonda, a mais antiga e tradicional do Centro de São Paulo se apresenta nesta segunda-feira, 5 de fevereiro, em frente ao Teatro de Arena ( Rua Theodoro Baima, 94, esquinas da Rua da Consolação com Av. Ipiranga), dando início à semana do Carnaval em São Paulo – embora vários blocos de rua já tenham se apresentado na cidade no fim de semana.
A Banda Redonda começa a se arrumar às 19 horas e a saída do desfile será às 20h30. No início da concentração haverá a entrega do “Troféu Banda Redonda” para personalidades que fazem a diferença na cultura, artes, educação e no social. Os homenageados deste ano são: Associação Ilú Obá De Min, o jornalista e escritor Oswaldo Faustino, a bailarina, coreógrafa e educadora Márika Gidali e a Peça “Navalha na Carne” montada pelo grupo Cia. Teatro Garagem. A apresentação de palco fica por conta do grande defensor do samba e do carnaval Moisés da Rocha, do programa “O Samba pede passagem”, há 40 anos no ar. A estandarte e rainha da Banda Redonda é a bailarina Dan Sonora e o Mestre Sala é o passista Marron.
A banda foi fundada por Carlos Costa (Carlão), Plínio Marcos, Chico de Assis, Oswaldo Mendes, Luiz Carlos Parreira, Aldo Bueno, Henrique Lisboa (Taubaté), atores do Teatro de Arena, jornalistas, músicos, artistas e boêmios que frequentavam o Bar e Restaurante Redondo.
“Nossa gente é essa aí: atores, jornalistas, boêmios, artistas do cinema, televisão sambistas, pintores, gente da noite, do dia, da madrugada e de todas as horas, enfim, gente que cultua a nossa cultura popular”, diz Carlão, o eterno General da Banda.
A Associação Ilú Obá De Min – Educação, Cultura e Arte Negra é uma associação paulistana, sem fins lucrativos, que tem como base o trabalho com as culturas de matriz africana e afro-brasileira e a mulher. Foi fundado em novembro de 2004 pelas percussionistas Beth Beli, Girlei Miranda e Adriana Aragão, e hoje a instituição tem a direção geral de Beth Beli e divide a direção musical do Bloco Afro Ilú Obá De Min com Mazé Cintra. O objetivo da associação é preservar e divulgar a cultura negra no Brasil, mantendo diálogo cultural constante com o continente africano através dos instrumentos, dos cânticos, dos toques, da corporeidade, além de abrir espaço para ideias que visem o fortalecimento individual e coletivo das mulheres na sociedade.
Marika Gidali – Nasceu em Budapeste, na Hungria, em 29 de abril de 1937. Bailarina, coreógrafa, professora, diretora artística, e fundadora do Ballet Stagium, o trabalho de Márika Gidali é considerado de vital importância para o desenvolvimento da dança e da educação no Brasil. No Brasil, iniciou seus estudos de dança em São Paulo, com o professor Serge Murchatovsky, na escola Carmem Brandão. Atuou como bailarina no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, Ballet do Teatro Cultura Artística e Ballet IV Centenário. Na área da educação e inclusão social está à frente de projetos sociais com grande repercussão, como o Projeto Joaninha, o Dança a Serviço da Educação- Stagium vai às Escolas e Escolas Vão ao Teatro, e o Professor Criativo. Trabalhou em espetáculos teatrais como coreógrafa e assistente de direção. Fundou, junto com Decio Otero, o Ballet Stagium, que em 2016, comemorou 45 anos de existência. Sua vida e obra estão registradas no livro “Marika Gidali, Singular e Plural”, escrito por Decio Otero.
Oswaldo Faustino – Jornalista desde 1976, com atuação em jornais, revistas, rádio e TV. Editor, repórter, locutor, contador de histórias e autor de 11 livros – com mais dois a serem lançados este ano – e histórias em quadrinhos que refletem investigação sobre as relações étnicas e raciais. Participou do Núcleo de Estudos Interdisciplinares Sobre o Negro Brasileiro (USP) e foi colaborador fixo da revista Raça Brasil desde as primeiras edições. Membro da Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo, a Cojira.
Sobre a peça Navalha na Carne e Cia. Teatro Garagem – A Cia. e o Teatro brotaram de um desejo imprescindível e urgente de ser livre para criar. Criar com tempo, com o nosso tempo, sem limites burocráticos pré-estabelecidos, e neste meu tempo e espaço próprios, através da magia do teatro, poder como testemunha, dar o meu depoimento. Hoje é a literatura no palco que toma forma e dá o seu recado, a nossa mensagem é um teatro aberto a novas experimentações, investigações, a todos os artistas que queiram compartilhar desse microcosmo que surge dentro da garagem da casa da atriz, e como em tantas outras, arsenal de ideias, trouxeram para muitos a possibilidade da experiência viva do encontro do ser humano com a sua parte mais divina, através da arte. (Anette Naiman – Atriz e idealizadora doTEATRO GARAGEM). Esta montagem da peça “Navalha na Carne” celebra os 50 anos de sua 1ª apresentação, com estreia simultânea no Rio de Janeiro e São Paulo em 1967 e integra a “Ocupação Plínio Marcos” no Teatro Garagem, que já teve a montagem de “O Bote da Loba”, também de Plínio.
A Banda Redonda substituiu a Banda Bandalha, criada no auge da repressão militar pelo dramaturgo e ator Plinio Marcos em 1972. Plínio gravava a novela Bandeira Dois, no Rio de Janeiro e não aguentava mais as piadas e provocações dos cariocas, dizendo que bloco de paulista é bloco de concreto armado, que cordão de paulista é cordão de isolamento, que São Paulo é o túmulo do samba, como dizia Vinícius de Moraes. Descontente com tantas brincadeiras, Plínio chamou seu colega de teatro, Carlos Costa, o Carlão, que já era frequentador do mundo do samba paulista desde que aqui chegou em 1945, mas ganhava a vida no teatro, Carlão foi bilheteiro, contrarregra e ator, atuou no teatro de Arena, no cinema e foi um grande parceiro do Plínio, atuando em várias peças e ao seu lado em vários momentos na luta. Então, Plínio Marcos se autoproclamou presidente da Banda Bandalha e convidou Carlão para ser o vice-presidente.
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Em 1972 e 1973, a banda sempre saindo da frente do Teatro de Arena e percorrendo o centro, foi sucesso de cara, tendo no primeiro desfile como porta estandarte a atriz Etty Fraser e mestre sala o ator Toni Ramos. Também contou com ilustres participantes, como a atriz Walderez de Barros, o dramaturgo Gianfrancesco Guarnieri, a atriz Eva Vilma, o ator John Herbert, Pepita e Lolita Rodrigues, os jornalistas Arley Pereira, José Ramos Tinhorão, o ator e artista plástico Luiz Carlos Parreira. Claro que não podiam faltar os sambistas famosos das escolas de samba e parceiros de Plínio e Carlão: Geraldo Filme, Jangada, Jorge Costa, Silvio Modesto, Talismã, Toniquinho Batuqueiro, Zé Keti, Zeca da Casa Verde, além da turma da boate “Vagão” e redondeza, entre tantos outros atores, jornalistas e foliões. A Bandalha durou dois anos, depois de brigas com a prefeitura, Plínio se injuriou e falou que não tinha mais Bandalha. Com o fim da Bandalha, seus remanescentes, encabeçados por Carlão, formaram a Banda Redonda, que desfilou pela primeira vez em 1974.
A Banda Redonda foi fundada por atores e profissionais de teatro, cinema, artistas plásticos e jornalistas e desfila todas as segundas-feiras antes do Carnaval, pelas principais avenidas e ruas centrais da cidade, cantando seu hino “Marcha Redonda”, marchas, frevos, sambas de velhos e tradicionais Reinados de Momo. Com a inspiração do Artista plástico Luis Carlos Parreira a “Redonda” adotou a pomba como símbolo e as cores azul, ouro e branco. O nome da Banda vem de um bar que ficava em frente ao Teatro de Arena.
Atualmente, os desfiles da banda são acompanhados por cerca de 15 mil pessoas e já fazem parte do calendário oficial do Carnaval de São Paulo. Carlão, quando assumiu a banda em 1974, transformou-se no “General da Banda” de São Paulo, lembrando Black-Out, o “General da Banda” no Brasil: diz um dos foliões: quando o Carlão sobe ao palco as pessoas cantam… “Chegou o General da Banda…”
SERVIÇO:
BANDA REDONDA 2018 – RESISTÊNCIA POPULAR
Rua Theodoro Baima, 19h. Saída às 20h30
Trajeto: Ruas Theodoro Baima, da Consolação, Xavier de Toledo, Teatro Municipal, Rua Cons. Crispiniano, Largo do Paissandu, Av. São João, Av. Ipiranga, Praça da República, regressando ao ponto da concentração na Rua Teodoro Baima, em frente ao Teatro de Arena, encerrando o desfile com o clássico de carnaval: “Tá chegando a hora”.
HINO DA BANDA REDONDA (Miguel de Deus e Orlando)
Redonda, Redonda, Redonda,
Esta que é a nossa banda!
Quando chega fevereiro,
Ela é que sai, dando início ao Carnaval!
(repete)
Desce a Consolação,
Passa pelo Municipal,
Cai na São João, levando a multidão,
Que se mistura, num tremendo Carnaval!
(volta ao começo)
Redonda, Redonda, Redonda,
Esta que é a nossa banda!
Quando chega fevereiro,
Ela é que sai, dando início ao Carnaval.
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