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Coletânea do Porta dos Fundos e investigação sobre a morte da Rê Bordosa estão entre os filmes que serão exibidos de 23 de agosto a 3 de setembro em várias salas da cidade
O Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo chega à sua 28ª edição entre os dias 23 de agosto a 3 de setembro de 2017 usando o humor para tratar de questões polêmicas.
Com o tema “Humor em tempos de cólera” e cartaz assinado por Laerte, serão apresentados 365 filmes de 55 países. Todas as sessões são gratuitas e podem ser vistas em seis salas de cinema – Espaço Itaú Augusta, CCSP, Cineses, MIS, Cinemateca Brasileira e Cinusp, além de outros 17 salas do Circuito Spcine. O festival é dirigido por Zita Carvalhosa e organizado pela Associação Cultural Kinoforum, com a chancela do Ministério da Cultura e patrocínio da Petrobras e da Sabesp.
Zita Carvalhosa diz que o curta-metragem detecta muito rapidamente as questões urgentes do mundo, e notou que o humor está muito presente no momento atual, “apesar de tudo”. “O humor vem com força. Utilizado não só como alívio cômico, mas uma ferramenta de reflexão e crítica, nos faz lembrar que é possível rir das situações, de nós mesmos e até do outro, mesmo em tempos de ânimos acirrados e discussões tão polarizadas”, afirma.
A programação é dividida em três partes: as mostras principais Internacional, Latino-Americana e Programas Brasileiros, que reúnem o melhor do cinema atual; os Programas Especiais, com atrações já tradicionais do festival, como a Mostra Infantojuvenil e Quinzena dos Realizadores, além de novidades a cada edição; e as Atividades Paralelas, que incluem debates e workshops em torno do audiovisual, estreando neste ano o laboratório de desenvolvimento de projetos LABEX – Curta Kinoforum.
A Mostra Internacional reúne 60 filmes – quase 2.500 foram inscritos na categoria, produzidos em 33 países. Além de curtas de nações de forte tradição audiovisual, como Estados Unidos, França e Reino Unido, há preciosidades vindas, por exemplo, do Nepal, Filipinas e Indonésia, permitindo que o público viaje pelo mundo ao entrar numa sala de cinema.
Em meio a uma diversidade de temas, gêneros e formas, percebe-se que os filmes são em conjunto um grito pela liberdade, como a desfrutada de maneira íntima na animação polonesa “Periquita”, de Renata Grasiorowska, respondendo à onda conservadora de seu país, ou a liberdade sonhada e nunca alcançada pelo garoto em fuga no turco “Baran”, de Hasan Serin.
Outra questão que surge nesse panorama é a dos deslocamentos. Refugiados, imigrantes ou simples viajantes, que por vontade própria ou forçados pelas circunstâncias, precisam deixar seus locais de origem.
É o caso de “Elene”, de Sezen Kayhan, uma coprodução da Turquia e Geórgia, sobre uma imigrante ilegal que trabalha em uma plantação de chá turca e se sente ameaçada na terra estrangeira. Sobre o mesmo tema o americano “Lucia, Antes e Depois”, de Anu Valia, em que a jovem protagonista viaja 320 km e espera 24 horas do lado de fora de um órgão do governo do Texas para fazer um aborto.
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A Mostra Latino-Americana traz 28 curtas de 10 países – selecionados entre mais de 260 inscritos –, que exploram universos particulares e relações interpessoais por meio de temas como luto, tabu, preconceito e a brutalidade entre os homens. No peruano “Monopólio da Estupidez”, de Hernán Velit, um rapaz tenta conseguir o atestado de óbito de seu pai, mas se depara com a burocracia. Já o porto-riquenho “O Presente”, de Joel Pérez Irizarry, retrata uma mãe com passado obscuro que faz tudo para impedir sua filha de ser mandada para os EUA.
Os Programas Brasileiros incluem 96 curtas, produzidos em 16 estados do país, revelando um panorama amplo e diverso do audiovisual nacional. Na Mostra Brasil estão 45 deles. Muitos tratam de temas sociais e políticos relevantes, como representação negra e indígena, direitos sociais e trabalhistas e a situação dos imigrantes no Brasil e de brasileiros que deixaram o país.
Para o Panorama Paulista foram escolhidos 23 curtas do estado de São Paulo. “Super Oldboy” (foto), de Eliane Coster, segue um idoso que trabalha como office boy e se envolve em um assalto a banco inusitado. Com Laerte e Elke Maravilha, recebeu prêmio do júri popular no Festival de Gramado.
Dez escolas de audiovisual, de sete estados brasileiros, estão no Cinema em Curso Petrobras. Os filmes tratam de assuntos variados, com abordagens distintas, mesclando originalidade e um forte tom referencial.
Humor em tempos de Cólera, tema da edição, é também um dos programas especiais do ano. O humor crítico, que nos faz refletir sobre situações delicadas e provocativas e, claro, rir delas, está presente em uma retrospectiva de filmes de várias épocas que já passaram pelo festival e flertam com a comicidade em suas diferentes facetas.
Estão incluídos clássicos como “Vereda Tropical”, de Joaquim Pedro de Andrade, de 1977, um episódio do longa-metragem “Contos Eróticos”, que tem Cláudio Cavalcanti no elenco, “A Alma do Negócio”, de 1996, dirigido por José Roberto Torero e, mais recente, de 2009, é “Recife Frio”, de Kleber Mendonça Filho.
Estão ainda na retrospectiva os curtas “Dossiê Rê Bordosa”, de Cesar Cabral, documentário em animação stopmotion que investiga o “assassinato” do personagem criado pelo cartunista Angeli, e “Tapa na Pantera”, de Esmir Filho, Mariana Bastos e Rafael Gomes, que se tornou um sucesso instantâneo na internet ao exibir uma senhora usuária de maconha, interpretada por Maria Alice Vergueiro.
Da internet para a TV e agora para as telas do cinema, o coletivo Porta dos Fundos apresenta uma seleção de suas esquetes que abordam a fé e suas implicações no mundo moderno. Sorrindo à Francesa reúne filmes de humor particular que revelam que, apesar da impressão de seriedade, os franceses gostam de rir e sabem fazer rir. Já o programa MUMIA é uma parceria com a Mostra Udigrudi Mundial de Animação, de Belo Horizonte, com obras desde a década de 1990 de autores como Otto Guerra e Allan Sieber.
Clique aqui para ver a programação completa.
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