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Exposição Jean-Michel Basquiat, com curadoria de Pieter Tjabbes. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
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CCBB traz retrospectiva de Basquiat ao centro de São Paulo. Veja fotos

Artista nova-iorquino, que morreu aos 27 anos de overdose, foi um dos poucos negros na elite das artes plásticas dos EUA

Uma grande retrospectiva da obra do artista nova-iorquino de ascendência afro-caribenha Jean-Michel Basquiat estará em exposição no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) São Paulo a partir do dia 25 de janeiro, aniversário da cidade, até dia 7 de abril de 2018.

São mais de 80 peças, entre quadros, desenhos, gravuras e pratos pintados, a incrível coleção com inúmeras obras-primas do artista. Depois de São Paulo, a exposição será levada às unidades do CCBB de Brasília, Belo Horizonte e Rio de Janeiro.

As obras da retrospectiva de Jean-Michel Basquiat pertencem à coleção da família Mugrabi, dona das maiores coleções de Basquiat e de Andy Warhol. As peças foram disputadas por diversos países, entre eles Coreia do Sul, Japão e Rússia. As negociações demoraram cerca de dois anos, e a coleção chega ao Brasil graças à ação conjunta do Banco do Brasil e da produtora Art Unlimited, com patrocínio da BB Seguridade, Brasilcap e Grupo Segurador Banco do Brasil e Mapfre, com uso da Lei Rouanet.

A vida e a obra de Basquiat

Basquiat nasceu em 1960 e morreu jovem, aos 27 anos, de overdose. Seu pai era haitiano e, sua mãe, descendente de imigrantes porto-riquenhos. Desde muito cedo, foi reconhecido como um garoto excepcionalmente inteligente. Influenciado pela família, rapidamente aprendeu, além do inglês, francês e espanhol, e foi incentivado a desenvolver seu talento para as artes.

Leitor compulsivo, ainda criança foi atropelado quando brincava nas ruas do Brooklyn. No acidente, teve um braço quebrado e teve que retirar o baço. No longo período de recuperação, ganhou da mãe um exemplar do livro Gray’s Anatomy, um atlas de anatomia humana do século 19 que influenciaria seus trabalhos artísticos no futuro.

Na avaliação do curador da exposição, Pieter Tjabbes, Basquiat é fundamentalmente um artista de Nova York. “Sua obra personifica o caráter da cidade nos anos 70 e 80, quando a mistura de empolgação e decadência da cidade criou um paraíso de criatividade. Sua obra reflete os ritmos, os sons e a vida da cidade. Ela sintetiza o discurso artístico, musical, literário e político de Nova Iorque durante este período tão fértil”, afirma Tjabbes.

Veja algumas fotos da exposição:

Quando morreu, em 1988, Basquiat era uma estrela do cenário artístico de Nova York. Sua produção, marcada pelo uso de materiais simples, como papel comum, colagens, cópias reprográficas e a combinação de imagens humanas e palavras, atraía a atenção de críticos, curadores e também de compradores.

Nos últimos anos, suas obras têm valorizado ainda mais. No ano passado, uma tela sua, Sem título (1982), foi vendida por mais de US$ 110 milhões de dólares num leilão, tornando-se a obra americana mais cara já comercializada.

Basquiat é também um raro artista negro de sucesso, no contexto das artes plásticas, em um universo predominantemente branco. Em sua breve carreira, Basquiat trouxe à tona a negritude e as vicissitudes e traumas experimentados pelos negros nos EUA. “Eu percebi que não via muitas pinturas com pessoas negras”, afirmou o próprio artista. “O negro é o protagonista da maioria das minhas pinturas”, afirmou.

As fases de Basquiat

1976-1979 – A produção artística de Basquiat tem início quando, aos 16 anos, ele começa a espalhar poemas e epigramas assinados como SAMO, junto com Al Diaz, por Nova Iorque. Os grafites e cartazes na linha D do metrô e em outras áreas de Manhattan atraíram a atenção do Village Voice, jornal independente que destacou a produção do grafite nova-iorquino, marcou uma geração de artistas e militantes LGBT nos Estados Unidos e permanece, ainda hoje, ativo.

Basquiat torna-se um artista célebre, com aparições frequentes em programas de TV. Em 1979, o codinome SAMO é abandonado, numa intervenção na cidade que aumentou ainda mais sua notoriedade: a inscrição “SAMO is dead” apareceu grafitada no SoHo, no baixo Manhattan, bairro que marcou a história da arte norte-americana do período.

1980-1982 – Em 1979, Basquiat formou uma banda com Shannon Dawson, Michael Holman, Nick Taylor, Wayne Clifford e Vincent Gallo, inicialmente chamada Test Pattern, mas depois rebatizada como Gray. Em 1980, obras de Basquiat são expostas na coletiva The Times Square Show. No ano seguinte, ele faz a primeira exposição individual, e em dezembro, um artigo publicado na Artforum o torna conhecido internacionalmente.

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Esse é um dos períodos mais produtivos de Basquiat. Algumas das peças de maior destaque desta exposição foram produzidas neste período. Muitos dos seus trabalhos dessa época foram pintados em portas, em esquadrias de janelas e em peças de madeira jogadas fora e que ele achava pelas ruas.

1983-1988 – Em 1982, Basquiat conhece Andy Warhol, de quem se torna amigo. Entre 1984 e 1985, eles trabalhariam em parceria em uma série de quadros. Do trabalho conjunto, o público brasileiro poderá ver Heart Attack (infarto, 1984). Nesse período, Basquiat é um artista celebrado, disputado pelas galerias e com frequentes exposições internacionais. Apesar do vício em heroína, sua produção se mantém.

Serviço

Jean-Michel Basquiat – Obras da Coleação Mugrabi

Onde: CCBB – Rua Álvares Penteado, 112 – Centro

Quando: Até dia 7 de abril – aberto de quarta a segunda, das 9h às 21h

Grátis

Visita com hora marcada, diretamente na bilheteria ou com agendamento por aqui.