Quem foi João Brícola, que dá nome ao prédio que foi do Mappin, nos últimos anos uma loja das Casas Bahia, e vai virar uma unidade do Sesc? Além do prédio em frente ao Theatro Municipal, João Brícola também dá nome a uma rua no Centro Histórico, ao lado da Praça Antônio Prado.

Nascido em 1853, João Brícola era banqueiro e foi tesoureiro voluntário da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Quando morreu, em 1914, deixou vários bens para a entidade, mesmo tendo herdeiros. No jardim da Santa Casa, um busto homenageia e agradece ao benfeitor por ter deixado à entidade “a metade da sua fortuna”.

Cristina Carro Maia, tataraneta de João Brícola, conta que o antepassado foi importador e depois teve um banco, o Banco João Brícola, e que o pai sempre gostou de falar sobre o bisavô. “Meu pai gostava de levar a gente no Centro, contar a história e mostrar o busto na Santa Casa”, conta Cristina. O prédio da Praça Ramos, conta ela, também tinha um busto em frente, que hoje já não existe mais.

Troca de prédios

João Brícola deixou à Santa Casa, na verdade, um palacete na Praça Antônio Prado, na época o lugar mais nobre de São Paulo, que hoje chamamos de Centro Histórico.

Ao mesmo tempo, o Banco do Estado de São Paulo (Banespa) construiu um prédio na Praça Ramos, em frente ao Theatro Municipal. Mas o banco percebeu que o local era distante do centro financeiro da época (justamente onde ficava o Palacete João Brícola). Por outro lado, para a Santa Casa o prédio do banco era excelente, pois ficava bem no início da Rua Barão de Itapetininga, rua importante do comércio na época.

Em 1936 trocaram os imóveis e a Santa Casa ficou com o atual edifício João Brícola. O prédio foi alugado para o Mappin, que montou ali uma loja enorme para a época, a primeira loja de departamentos do Brasil.

O Banespa demoliu o Palacete João Brícola e, em seu lugar, construiu o Edifício Altino Arantes, que, inaugurado em 1947, tornou-se um dos prédios mais conhecidos de São Paulo, símbolo da cidade com a bandeira do Estado hasteada no topo. Hoje, é o Farol Santander.

O prédio em frente ao Municipal pertenceu à Santa Casa durante décadas, até que há alguns foi vendido à São Carlos, empresa criada para administrar os ativos imobiliários da Lojas Americanas. E, agora, será uma nova unidade do Sesc, cujo projeto ainda não está definido.

Retrato de João Brícola pintado em 1915, abaixo, um ano após a morte do retratado, pelo pintor italiano Nicolo Petrilli.

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