A Vida no Centro

CalçadaSP

Wans Spiess e Tony Nyenhuis são publicitários e criadores do CalçadaSP, iniciativa de ativismo urbano com olhar artístico. Aqui, eles usam as calçadas do centro para caminhar sobre diferentes temas da região mais pulsante da cidade.

Virada Sustentável 2020: dentro e fora de 4 paredes

A Virada Sustentável 2020 traz interessantes possibilidades sobre o uso do espaço público e alarga sua experiência no espaço virtual

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Tempo de leitura:5 minutos

Por Wans Spiess

Ufa! Finalmente a capital paulista entrou na fase verde no último dia 9 de outubro! Uma ótima notícia para a área cultural, que aguardava esta liberação para que museus, cinemas, casas de shows e teatros pudessem retomar suas atividades. Nós, do CalçadaSP, também amamos caminhar para curtir um bom filme na telona, pipoca e a poltrona de cinema.

Por outro lado, a rua é, e continuará sendo, um lugar de honra para manifestações artísticas. Shows, manifestações e outros eventos ao ar livre fazem parte da programação cultural desde sempre, sem contar o fenômeno da retomada do espaço público nos últimos tempos. O que a pandemia causada pelo Covid-19 deixou mais evidente é que há muitas outras possibilidades a serem experimentadas para além dos limites de espaço e tempo.

Um bom exemplo disso é a Virada Sustentável, festival que há 10 anos mobiliza o tema da sustentabilidade no Brasil. Grande parte de suas atrações sempre aconteceu em teatros, cinemas e outros locais fechados, concentradas em 3 ou 4 dias de evento. Com a necessidade de evitar multidões, a edição 2020 teve que se reinventar. Conversamos com André Palhano, fundador do evento, que explica: “A edição assume, de uma maneira interessante, uma cara de campanha. Vamos continuar trazendo mensagens e informações usando a arte e elementos disruptivos e criativos, e queremos ocupar locais da cidade sem necessariamente chamar as pessoas para aglomerar“.

A sacada deles foi genial. Para além das lives (sim, aconteceram poucas – e boas – conversas online), a Virada Sustentável 2020 ocupou diversas regiões da cidade com instalações urbanas, grafites, projeções mapeadas e performances artísticas, sempre com a preocupação de evitar aglomerações e em linha com os protocolos de saúde. “Um convite para a nossa audiência transitar do presencial para virtual, um festival híbrido“, afirma Palhano.

Ficamos animados em ver a mobilidade e a ocupação do espaço público entre os temas de destaque desta edição, e curtimos ainda mais a explicação para tal escolha: “não é preciso confinar a cidade em alguns poucos lugares; dá para ocupar lugares diferentes do espaço público e ainda transitar entre o físico e o virtual“.

Elencamos a seguir os nossos destaques para que juntos a gente possa conhecer algumas das atrações.

Os painéis de Andy Singer

FR12 SAO PAULO – SP – 11/10/2020 – CADERNO 2 – EXPOSIÇÃO DE CARTUNS ANDY SINGER – Foto da exposição dos cartuns do Andy Singer, que está no canteiro central da Av. Paulista como parte da Virada Sustentável. FOTO: FELIPE RAU/ESTADAO

Não importa se a pé, de carro ou de bike. Quem passa na Paulista pode ver os cartazes de Andy Singer expostos ao longo da avenida. De forma irônica, ele coloca em pauta a relação entre pedestres, ciclistas e motorizados, e nos faz refletir sobre porque o pensamento pedestre continua sendo inferiorizado. E não deixa de ser marcante o fato do programa Paulista Aberta – quando a rua é aberta aos pedestres e fechada para os carros aos domingos – permanecer suspenso. Uma dica: se você não conseguir dar um corre lá na Av. Paulista, o livro CARtoons – Atropelando a ditadura do automóvel foi editado no Brasil e está disponível para download gratuito neste link. A exposição permanece no canteiro central da Avenida Paulista até 15 de novembro.

A ocupação do Minhocão

O conhecido Minhocão, via elevada, estéril e cinza, é transformado em floresta no meio da cidade. Uma intervenção performática, uma intervenção sonora e uma exposição ao ar livre problematizam o crescimento urbano e a imposição dos modelos econômicos em contraponto da necessidade de preservação ambiental e da mudança dos nossos hábitos.

Acontece no sábado e domingo, 17 e 18 de outubro.

Para ser a mudança

Contribuir com inspiração e reflexões para a construção de um REFUTURO possível. Esta é a proposta de uma série de intervenções e performances que ocupam as estações do metrô, de 16 de setembro a 19 de outubro. O que mais chamou nossa atenção foi a escolha pela sinalização nas escadarias das estações. É o chão dando o seu recado ao lembrar que não dá pra ficar parado e que podemos ser a mudança que desejamos no mundo.

Os ovos estão fritando

A instalação “Eggcident” do artista holandês Henk Hofstra, Países Baixos, China, Chile e na Rússia, chega ao Largo da Batata com a proposta de trazer sarcasmo e impacto à Virada. Sua instalação artística simula ovos fritos gigantes e dá o alerta ao aquecimento global. A ideia é que as pessoas interajam com a obra (só não pode subir na estrutura amarela) sem deixar de refletir sobre o meio ambiente. O local foi escolhido por ser uma região bastante movimentada, ao ar livre, e com espaço livre e generoso que facilita a montagem. Já ficamos imaginando esta grande fritada no novo Anhangabaú.

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ONDE PRATICAR ATIVIDADES FÍSICAS AO AR LIVRE NO CENTRO DE SÃO PAULO