Igreja Santa Ifigênia: conheça a história da Basílica da Imaculada Conceição
O guia de turismo Laércio Cardoso de Carvalho fala sobre a história da igreja Santa Efigênia, que é oficialmente uma basílica.
Dono do JazzB, um bar que transformou a maneira de ouvir jazz em São Paulo, Maximo Levy conta como atrai público de outras regiões da cidade para o Centro. Veja fotos
Por Denize Bacoccina e Clayton Melo
Argentino criado em Barcelona, Maximo Levy chegou ao Brasil há 15 anos. Há 12, é dono de um bar que transformou a maneira de ouvir jazz em São Paulo. O Jazz nos Fundos, montado num estacionamento em Pinheiros, apresentou o estilo de maneira jovial, mostrando que música de qualidade não precisa de um ambiente formal para ser apreciada. Há cinco anos, resolveu trazer seu estilo também para o Centro da cidade. Montou o JazzB, num local que havia sido uma garagem e onde funcionou por alguns anos o Bar B, na Vila Buarque. Max colocou o local abaixo e começou a montar o bar com suas próprias mãos – literalmente – instalando mobiliário e equipamentos que adquiriu em lojas de material de demolição. Numa época em que o Centro ainda não fazia parte do circuito hype, como hoje, acabou atraindo apreciadores de jazz que sentiam falta de um pouco de conforto no Jazz nos Fundos, onde podiam sentar e jantar enquanto ouviam músicos consagrados se apresentarem no piano centenário do local.
Em julho, o JazzB completou cinco anos e o público já não teme chegar ao local – colado no badalado restaurante Casa do Porco. Já existem frequentadores que moram na região e chegam a pé. Mas ainda atrai apreciadores que atravessam a metrópole para ouvir boa música. “O negócio se sustenta. Hoje em dia fazemos 60 shows por mês, passam 300 músicos por mês pelas casas, mantemos uma cena grande acontecendo. Já é um pouco mais do que um bar. É um projeto cultural”, afirma ao A Vida no Centro Maximo Levy, fundador do Jazz B.
Veja fotos:
O sucesso de crítica, no entanto, não significa que ele não veja problemas à sua volta. Max reclama da falta de ação por parte do poder público, que fala mais do que faz quando o assunto é incentivar os negócios no Centro. “Acho que falta poder público querendo. Não falando. Querendo.”
Veja abaixo a entrevista.
A Vida no Centro – Você começou em Pinheiros e há cinco anos resolveu vir para o Centro. O que te trouxe para cá?
Maximo Levy – A gente tinha começado uma parceria com o Bar Brahma, num bar na lateral, o Brahminha. Chamava Jazz nos Fundos no Brahma. Fizemos uma experiência que não deu tão certo porque os públicos eram diferentes. Mas eu comecei a vir todos os dias para o Centro. Isso foi em 2011 ou 2012. Durou só uns dois ou três meses. Quando saia do Bar Brahma passava aqui, que era o Bar B, e tomava cerveja com o Marcelo, dono do bar e meu amigo. Ele estava querendo sair daqui. E um dia me convenceu a comprar o ponto dele e aí começamos.
Foi ele quem transformou o local de garagem em bar?
Foi ele. Mas era outra proposta. Tanto que a gente derrubou tudo até o chão e refizemos tudo. Com ele junto, que é arquiteto. Deu muito trabalho, porque eu faço tudo com minhas próprias mãos. Aqui fiz com o meu irmão. Demoramos 11 meses. Comprei coisas em demolições, fui juntando o material e fizemos tudo.
E como era o Centro naquele momento?
Só tinha balada alternativa, com um público que não estava preocupado com segurança, com serviço, não estava preocupado com nada, só com a balada legal. Rolava um pouco desse ambiente ainda. O Centro ainda era um lugar underground. Só tinha uns poucos que não eram assim. Aqui nesta região era puteiro, tráfico de drogas, baladas da pior espécie na rua de baixo. Por esses motivos, fazer o JazzBB aos sábados de manhã sempre foi um desafio. Agora está muito tranquilo, mas vale a pena insistir.
E mesmo assim os pais traziam os filhos aqui?
Os mais modernos e amantes da música. No começo as pessoas não queriam vir de carro. Só vinham de táxi, pois era mais barra pesada.
Você pensou em desistir?
Nós montamos pensando que ia ter investimento para a Copa, que o Centro precisava de uma renovação e que a prefeitura iria fazer. Mas quando já estávamos no terceiro ano à noite estava dando certo, de dia mais ou menos, mas já não enxergávamos fechar as portas e ir embora. Agora, depois de cinco anos, não é um supernegócio lucrativo. Ainda há momentos mais difíceis, mas a gente faz por uma questão cultural. A gente está aqui pela cultura.
É uma resistência?
É uma resistência, pura e dura. Tem meses que não chegamos (a dar lucro) e aguentamos, e tem meses que chega. Nos últimos anos não tem meses fáceis. Para ninguém. Hoje as pessoas saem menos, porque não têm dinheiro.
E você conseguiu um respeito com os músicos que consegue trazer os grandes nomes. Conta um pouco mais.
O Jazz B foi criado para acomodar o público que adorava o Jazz nos Fundos, mas não curtia a proposta 100%. Não gostava que não podia sentar, que não tinha restaurante. Era muito descontraído. Mas não mudamos os preços. O ingresso custa em média R$ 25,00 há sete anos. O jazz passa por uma época efervescente, mas as pessoas têm uma resistência a pagar, quando o artista não é conhecido. Quando é conhecido as pessoas pagam.
E a sua proposta foi focar em música instrumental.
E somos os únicos com foco principal na música instrumental. E acho que foi isso que nos salvou. Tem alguns músicos que só trazemos para cá. Os pianistas, por exemplo, gostam muito de tocar aqui, o que nos alegra muito. Tenho um piano que vai fazer 100 anos no ano que vem e me custa mil reais por mês para manter. É um Steinway and Sons feito nos Estados Unidos em mogno em 1919, chegou ao Brasil em 1920, comprei no Rio, passou por vários músicos.
Houve dificuldade em trazer pessoas para cá?
No começo muito. Hoje conseguimos, porque a Vila Buarque virou a queridinha. Todo mundo quer vir pra cá. Eu digo que é a Nova Vila Madalena. Tem todo o potencial para a vida cultural da região florescer cada vez mais. Temos um público de Higienópolis, o público do Centro e também o público do próprio artista. Cada artista tem o seu público, que o acompanha.
E quanto você falar para os seus amigos, potenciais investidores, como eles veem a região?
Agora já sabem. Quando eu comecei falavam: Max, você foi muito cedo, ainda não era o momento, tinha que ter esperado um pouco mais. Hoje eles já veem, mas também o aluguel já subiu. Eu vim aqui porque o Marcelo foi um corajoso, mas para mim também fazia sentido: na rua tinha a Escola da Cidade de um lado, o Polis, aí tinha a prefeitura, o IAB, um monte de instituições numa rua que a princípio parecia abandonada.
E como você vê o Centro de São Paulo hoje? Melhorando ou não?
Há pioras e melhoras. Acho que falta um olhar mais cuidadoso deste último governo.
Mas tem mais gente morando na região.
Sim, tem mais gente andando na rua de domingo, antes não tinha. Mas não tenho certeza se estão consumindo na área. Ainda não tem uma economia local forte. Ainda falta. Mas há boas e novas iniciativas que também acreditam na região. É um trabalho de formiguinha e em conjunto com a comunidade. Mas sempre há o medo de haver uma gentrificação. O aspecto democrático do Centro é para mim, como artista e cidadão, uma das coisas mais interessantes e vivas da cidade. É um grande desafio essa questão – isso no mundo todo.
Você é argentino, foi criado em Barcelona. Como você vê esse movimento nos centros das cidades, fazendo uma relação com o nosso Centro aqui: primeiro de decadência depois de recuperação, o aumento do movimento?
Primeiro não tem um número suficiente de moradores na área, com poder aquisitivo para criar uma economia de bairro. Só quem vende o suficiente são os supermercados. Hoje em dia as pessoas vêm por motivos de cultura e gastronomia. É um bom começo, mas precisa de muito mais. Se fosse suficiente, o modelo da Vila Madalena teria dado certo, e não deu. Precisaram ampliar para um tipo de comércio que não tem nada a ver com o público que mora lá. O que está acontecendo no Centro é que tem pequenos pontos: dez restaurantes, 12 no máximo, e três ou quatro coisinhas a mais de cultura, quando muito. Muitos abriram e já fecharam. Cultura não tem nenhum suporte. No Centro de São Paulo tem calçadões que no fim de semana não tem nada. A prefeitura veio me procurar para abrir lá, mas eu falei: como eu levo o meu público lá? É complicado porque as pessoas têm que caminhar vários quarteirões à noite, não tem uma pessoa na rua, não tem um restaurante aberto, não tem um bar, não tem um policial, não tem câmeras. A Casa de Francisca precisa ter seguranças em todo o caminho. E eles têm um nome superforte. Acho que falta muito poder público querendo. Não falando. Querendo.
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Mas as coisas estão acontecendo. As pessoas estão vindo morar aqui, muitos prédios novos, púbico jovem vindo morar aqui.
Está aumentando sim. Mas acho que ainda demorará alguns anos para que fique minimamente parecido com um bairro comercial. Inclusive de dia. Quantos comércios temos aqui? Temos poucos. Para que seja um bairro legal tem que ter todos os tipos de lojas. Primeiro vieram as baladas underground, artísticas, depois vieram pessoas mais como a gente e no começo demos um passo agressivo, mas agora já estamos na linha do que é o bairro. Mas para que chegue todo o resto, falta volume de público.
O cerne do problema na sua visão é o poder público, que não age.
O poder público às vezes age em benefício de coisas pontuais, interesses pontuais. E ao mesmo tempo não parece estar acreditando no potencial do Centro. O potencial existe 100%. Eu sou de Barcelona. Durante toda a minha infância e juventude o centro de Barcelona era o lugar mais underground, aquele porão mais escondido. Hoje em dia o centro de Barcelona é lotado de gente caminhando, e todo mundo trabalhando, todo mundo vendendo, as pessoas passeiam. Foi a partir das Olimpíadas que fizeram um grande plano de reurbanização, de pensar a cidade. Desde que cheguei aqui, há 15 anos, São Paulo ainda não sabe o que quer ser. Qual é o poder, a força de São Paulo? Para mim São Paulo é gastronomia e passeios culturais. Esse é o forte de São Paulo. Tem alguns movimentos muito bons. Mas como a Secretaria de Turismo está vendendo São Paulo? Diziam que não tinha mercado para hostel em São Paulo, mas abriram uns 30 hostels e todo dia eu tenho hóspede do hostel nos meus bares. Eles passam por aqui, eles ficam uma semana, vão a baladas, procuram coisas para fazer, sem que ninguém venda para eles.
E são pessoas de onde? Tem alguma predominância?
Do mundo todo. O melhor secretário de Turismo de São Paulo é o TripAdvisor. Esse é o operador de turismo de São Paulo. Porque não tem um site da prefeitura que tenha um telefone que te dê informações. Eu já liguei, até em inglês para ver se funciona. Não funciona. São Paulo é cultura, gastronomia e turismo de negócios. São Paulo tem o potencial de ser o melhor turismo do país. O turismo de negócios tem muito dinheiro. Por que a gente não tira proveito disso?
Como o Centro se encaixa dentro dessa vocação de cultura e gastronomia?
Falta mais quarto de hotel na região. Mas tem um circuito muito interessante para qualquer visitante do mundo e acreditamos que tem todo o potencial para melhorar ainda mais.
Você listou todas essas dificuldades e seus bares são uma referência de música de qualidade. O que te faz ficar aqui ainda? Não seria mais fácil se concentrar na Vila Madalena?
Talvez um misto de cabeça dura e de acreditar na região. Mas é um lugar mais democrático e que tem uma efervescência cultural muito inspiradora. Mas passamos anos difíceis e isso as vezes desanima. Mas o projeto se sustenta e cresce, com dias piores e melhores, mas segue e é referência na música, o que nos deixa muito felizes. Hoje em dia fazemos 60 shows por mês, passam 300 músicos por mês pelas casas. Mantemos uma cena grande acontecendo. Já é um pouco mais do que um bar. É um projeto cultural. Não foi feito para ser lucrativo desde o primeiro dia e, se não der, fechamos as portas. Estamos aqui para fazer música. Como artista plástico, criei uma coisa que tem todo sentido para um setor. É importante para o setor, é importante para os músicos, para as pessoas que trabalham dentro, para a produção, que tem outras sete pessoas. O que nos leva a continuar é o exemplo de outros países, de que casas de música duram 100 anos. Em Nova York, o Village Vanguard tem 90 anos com os mesmos donos. E não mudou a decoração, não mudou as cadeiras, e as pessoas vão lá por causa da música. Então, faz sentido manter um lugar dedicado à música? Faz. Este local há cinco era uma loucura, agora parece um bom futuro. Daqui a cinco anos eu não sei nem dizer o que será. Parecia uma tendência, aí muda o governo, muda de direção. Se um dia tiver que vender para continuar é melhor do que fechar. Doze anos é muito mais do que eu pensei que chegaria. E hoje em dia estamos como se estivéssemos acabado de começar, há dois anos no prédio novo. É um negócio para ser perene, não é um negócio para ser uma moda. Mas está mudando o consumo das pessoas, como consomem música, como consomem tudo.
Nesse sentido, como você avalia o momento do jazz no Brasil?
A produção musical é fértil e de muita qualidade, mas o mercado da música independente, instrumental e do jazz é sempre muito desafiador.
Os jovens vêm aqui ouvir jazz?
Mais no Jazz nos Fundos. Lá tem mais jovens. Aqui o púbico é mais acima dos 40. Conquistamos no coraçãozinho do paulistano uma opção a mais na vida noturna e cultural. Agora, escutar música também é uma opção de divertimento noturno. Isso foi uma coisa que o Jazz nos Fundos trouxe para São Paulo. Fazer uma balada legal de jazz.
Serviço
JazzB
Rua General Jardim, 43, Vila Buarque
Funcionamento: terça a sábado, das 10h às 2h
Para obter mais informações, acesse o site.
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