Igreja Santa Ifigênia: conheça a história da Basílica da Imaculada Conceição
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Restauro não é só arquitetônico, mas também dos usos, diz Frederico Lohmann, superintendente do Cultura Artística sobre café, livraria e restaurante que serão instalados dentro do espaço aumentando o movimento durante o dia na Nestor Pestana
Por Denize Bacoccina
O superintendente da Sociedade Cultura Artística, Frederico Lohmann, promete uma relação próxima do novo teatro, que deve ficar pronto em 2021, com os moradores da região. A própria arquitetura do novo espaço já favorece essa interação: o teatro terá uma parede envidraçada, voltada para a Praça Roosevelt, e um café, uma livraria e um restaurante que funcionarão durante todo o dia e serão abertos ao público, favorecendo o movimento de pessoas na rua.
Lohmann também vê com otimismo as mudanças que estão acontecendo na região, com mais moradores jovens, interessados em usufruir dos equipamentos culturais da região.
A seguir, a entrevista que ele concedeu ao projeto A Vida na Centro:
A Vida no Centro – Qual é a relação do Cultura Artística com essa região da cidade?
Frederico Lohmann – A gente entende que essa localização é muito importante. É como uma ponte entre o Baixo Augusta e o centro. E é uma região que está se transformando muito, o Baixo Augusta vai ter o parque, está recebendo vários empreendimentos imobiliários. O Cultura Artística está totalmente conectado com isso. Uma das laterais do teatro será aberta para a Praça Roosevelt. Vamos também fazer uma nova rotatória, com calçadas mais largas. Criamos ali um foyer para aumentar o diálogo do teatro com a região. O projeto original do Rino Levi tinha previsto lojas do lado esquerdo e direito, com o propósito não só de gerar renda para o Cultura, mas também de manter o prédio vivo durante o dia. O novo projeto resgata essas duas lojas, que serão uma livraria e café, e cria um restaurante no primeiro andar. Tudo isso contribui para o prédio se manter vivo, o dia todo. Também teremos cursos que serão frequentados por estudantes durante o dia. É um restauro não só arquitetônico, mas também dos usos. Além de atender aos assinantes, queremos ter um diálogo muito grande com os moradores da região. Por isso teremos não só música clássica, mas também música popular. O auditório do saguão do prédio vai abrigar espetáculos inclusive para crianças numa localização privilegiada. Praticamente se vê o palco da rua.
Qual é a relação dos frequentadores com a rua?
Queremos incentivar essa convivência. Não existe estacionamento no prédio, as pessoas estacionam na praça ou nos estacionamentos aqui perto. Também gostaríamos de resgatar o que acontecia antes, que além do restaurante do teatro as pessoas usavam os restaurantes da região: aqui perto tem o Ca´d´oro, tem a Rua Avanhandava, o Drosophyla. Vai ser muito bom para os restaurantes aqui da região.
E existe alguma preocupação com a segurança?
Passamos por um momento muito difícil, especialmente na década de 1990. Mas desde 1950 nunca tivemos um problema sério. Só uma vez entraram na bilheteria, a bilheteria saiu correndo e pegaram um saco de moeda.
E como você vê esse movimento de mais gente vindo para o centro?
Fico feliz que as pessoas estejam voltando a ocupar o centro. Ajuda também na questão do trânsito. Em outros países, como as pessoas usam mais o transporte público, conseguem uma previsibilidade maior. Aqui, o uso do transporte individual obriga a começar os concertos mais tarde. Se as pessoas optarem por morar perto do trabalho, mais perto do centro, será muito benéfico. Isso já está acontecendo, esse fluxo de saída do centro dos anos 80 e 90 já está se revertendo. Hoje vemos um movimento inverso de jovens ocupando o centro e interessados em usufruir os equipamentos culturais que o centro oferece.
Por que uma sala para música de câmara?
Contratamos consultores internacionais que recomendaram salas não múltiplas, mas específicas, porque isso aumenta a qualidade acústica. A nossa leitura é que, embora o Cultura tenha sido um palco importante para peças de teatro no passado, hoje a cidade está bem servida de salas de teatro e também para grandes concertos. Nossa programação será mantida na Sala São Paulo para grandes concertos e criamos um outro espaço para formações menores. Por outro lado, não existe ainda um lugar em São Paulo para música popular acústica.
De onde vêm os recursos para a reconstrução? Vocês já têm todo o montante necessário?
Temos R$ 30 milhões, que vieram de 400 doadores. Da mesma maneira que o teatro foi construído em 1950 com doações de pessoas físicas, vamos conseguir agora o dinheiro para reconstruí-lo através de doações. Mas é claro que aceitamos também contribuições de empresas. Ainda não sabemos quanto vai ser necessário porque ainda não escolhemos a construtora, estamos no fim do processo. Mas estimamos que esses recursos sejam suficientes para a primeira fase, que é um pouco menos da metade.
Foi difícil captar?
Não foi. A captação foi feita numa campanha lançada logo depois do incêndio. E mesmo sem ter todo o dinheiro consideramos que era importante começar as obras e a partir de agora lançar uma segunda fase de captação, ainda este ano. Somos otimistas e temos recebido algumas sinalizações interessantes que podem doar materiais também.
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