Igreja Santa Ifigênia: conheça a história da Basílica da Imaculada Conceição
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Localizada na Barra Funda, a Casa Mário de Andrade, onde o multiartista viveu por mais de 20 anos, permite vivenciar a história do escritor
Casa Mário de Andrade traz programação que mostra como era a vida do multiartista modernista.
Denize Bacoccina
Fotos Clayton Melo
Mário de Andrade é muito conhecido, hoje em dia, por dois motivos: como um dos criadores da Semana de Arte Moderna de 1922, o marco do Modernismo em São Paulo, e a Biblioteca Municipal que leva seu nome (também conhecida como A Mário). Mas a atuação de Mário de Andrade vai muito além da Semana de 22 ou mesmo dos livros que escreveu. Poeta, cronista e romancista, crítico de literatura e de arte, fotógrafo, musicólogo e pesquisador do folclore brasileiro, Mário de Andrade deixou um legado que vai além de suas obras artísticas.
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Autor de pesquisa sobre a cultura popular e música regional, Mário de Andrade foi diretor do Departamento Municipal de Cultura de São Paulo e é considerado o primeiro gestor cultural do país, criador de políticas para a cultura nacional e de várias instituições pioneiras nesta área. Entre elas, a primeira coleção de discos (hoje reunida na Discoteca Oneyda Alvarenga, instalada no Centro Cultural São Paulo), o serviço de proteção do patrimônio histórico, que chegou a funcionar na sua casa, e a Sociedade de Etnografia e Folclore, um congresso de língua cantada. Além, é claro, da Biblioteca Municipal que depois ganhou seu nome.
E a Casa Mário de Andrade, onde o multiartista viveu por mais de 20 anos permite vivenciar essa história. A residência da família, onde ele viveu com a mãe, a tia e as irmãs, na Barra Funda, foi construída em 1920, quando o bairro que hoje vive um boom gastronômico, com cafés, bares e restaurantes tinha um perfil bem diferente. Distante do Centro Histórico e da região do Theatro Municipal, onde a vida cultural estava concentrada, era considerada periferia de São Paulo, perto da várzea do Rio Tietê.
A boa notícia é que a casa, onde a família Andrade viveu até 1968, foi tombada pelo governo do Estado do Estado, está restaurada e em perfeitas condições para contar a história de uma das figuras mais importantes da cultura brasileira, autor de obras importantes como Pauliceia Desvairada e Macunaíma.
A casa faz parte da Rede de Museus-Casas Literários da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, junto com a Casa das Rosas, na Avenida Paulista, e a Casa Guilherme de Almeida, em Perdizes. O museu abriga uma exposição permanente, que é aberta à visitação, com objetos pessoais do modernista, além de documentos de imagem e áudio relacionados à sua trajetória. Tem ainda uma intensa programação de atividades culturais e educativas com temas relacionados às atividades desenvolvidas por Mário.
Na visita, que é gratuita, é possível ter uma ideia de como o escritor vivia. No térreo ficam a sala do piano, onde Mário dava aulas, e a estante de livros, desenhada por ele, além da sala de estudos e o salão principal, onde o escritor recebia convidados modernistas. Na parede, uma das obras da amiga Anita Malfatti.
Mário tinha um sistema próprio de catalogação e fichário dos livros, e um quadrinho com o recado do escritor dá o tom da intensa atividade cultural da casa: Não empreste livro. A casa é sua. Venha ler aqui. Também está lá o piano do século 19 usado pelo artista, que também dava aulas do instrumento. Os famosos óculos do escritor também estão expostos na casa. No salão principal, uma foto dos modernistas, de 1924, quando do lançamento da revista Klaxon.
No piso superior ficavam os quartos da família (mãe, tia e irmã), o quarto do Mário e o estúdio de trabalho do poeta. No porão, Mário guardava os livros, com notas pessoais e periódicos.
No primeiro andar, uma das salas tem objetos de Mário e uma linha do tempo contando a sua biografa. Outra sala, batizada de Tarsivaldo, é dedicada ao trio Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral. Ao lado, uma sala menor, que originalmente seria o closet, era efetivamente o seu quarto de dormir.
Além da biblioteca, Mário colecionava obras de arte, desde arte popular até pinturas, gravuras e discos, entre outros. Por toda obra de Mário se encontra a sua relação com a casa e a cidade de São Paulo.
“O Mario era um multiartista. E os espaços da casa refletiam isso. Ele foi ocupando cada cômodo com uma coleção. Num cômodo ele deixava os livros de obras raras. Num outro ele deixava os livros de etnografia. As revistas e jornais ele deixava no porão. Ele tinha coleções de obras de arte pela casa toda”, conta Marcelo Tupinambá Leandro, coordenador de programação cultural da Casa Mário de Andrade e doutorando em Musicologia na Unesp.
Logo após a morte de Mário, em 1945, toda a sua coleção pessoal (móveis, livros, gravuras, pinturas, esculturas, objetos de arte popular, partituras etc.) foi tombada pelo Sphan – Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, pois se esperava a criação de um museu em memória ao poeta. Hoje essa coleção está guardada no Instituto de Estudos Brasileiros (IEB), da Universidade de São Paulo (Usp).
A Casa Mário de Andrade tem uma programação com três perspectivas: a biografia e a história de Mário de Andrade, a história da casa como um patrimônio histórico e um museu-casa que conta também a história do território em que está instalado.
Casa da família Andrade
A casa foi construída para a família em 1920, depois da morte do pai de Mário – antes, a família morava numa casa no Largo do Paissandu. O sobrado da Barra Funda foi projetado por Oscar Americano, em estilo eclético em alvenaria e tijolos. Eram três sobrados. A primeira casa abrigava a mãe de Mário, D. Maria Luiza, a madrinha tia Ana Francisca e sua irmã Maria de Lourdes. O sobrado do meio era de seu irmão mais velho, Carlos, e o último ficaria para Mário, quando se casasse. Como ele não se casou, ele sempre viveu com as mulheres da família, que ajudavam a sustentar a casa com costuras e cozinhando para fora.
O escritor morou lá com a família entre 1921 e 1945, quando morreu. A família Andrade permaneceu no local até 1968.
Em 1975 o imóvel foi tombado em nível estadual pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo – Condephaat, e em 1991 na esfera municipal pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da cidade de São Paulo – Conpresp.
Nos anos 1970 a casa também sediou o Teatro Escola Macunaíma e várias atividades culturais. Foi ali que Elis Regina ensaiou o espetáculo Falso Brilhante e onde o psiquiatra Roberto Freire criou a Somaterapia.
Nos anos 1990, funcionou como oficina cultural e foi reaberta ao público em 2015, com a exposição Morada do Coração Perdido, de longa duração, que também pode ser vista neste link.
A região da Barra Funda
Hoje em dia a Barra Funda fica na região central de São Paulo e, nos últimos anos, os sobrados geminados e as vilas operárias vêm dando lugar a prédios modernos e um comércio variado, com bares, cafés e restaurantes. Quando a casa foi construída, no entanto, a região era praticamente a periferia da cidade, mais perto da várzea do Rio Tietê do que da região do Centro Histórico e do entorno do Theatro Municipal, onde a vida cultural da cidade acontecia.
Mário sempre foi interessado na cultura popular e pesquisou manifestações culturais em todo o Brasil, inclusive em longas viagens pela Amazônia e pelo interior de Minas Gerais. A 50 metros da casa, ficava o Largo da Banana, batizado desta forma porque por ali, por um ramal da ferrovia, chegavam as cargas de banana do interior. Era ali que trabalhadores pobres – a maioria composta por negros – se reuniam para jogar capoeira e acabaram criando o samba rural paulista, com as influências do samba caipira, que veio de Pirapora.
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“Em 1914 foi fundado o Bloco da Barra Funda, que depois de alguns anos se transformou na Camisa Verde e Branco, a primeira escola de samba de São Paulo é da Barra Funda”, conta Marcelo Tupinambá. “Ali no bairro tinha uma mistura cultural que foi criando o caldo cultural da cultura paulista, com negros, indígenas e europeus”, diz Marcelo.
Além de promover várias atividades culturais em casa, Mário de Andrade acabou indo morar vizinho da maior manifestação de cultura popular do país.
Como visitar:
Telefone: (11) 3666-5803 | 3826-4085
Endereço: Rua Lopes Chaves, 546 – Barra Funda
Terça a domingo, das 10h às 18h
Leia também: MÁRIO DE ANDRADE E O CENTRO DE SÃO PAULO
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