A Vida no Centro

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Rua da Consolação vira corredor de grafites. Veja fotos

Grafites transformam a Rua da Consolação num museu de arte urbana, com trabalhos que refletem os assuntos em pauta no momento

A Rua da Consolação virou um corredor de grafites. Nos dois sentidos, subindo em direção à Avenida Paulista ou descendo em direção ao Centro, a rua virou um museu de arte urbana a céu aberta, sempre incorporando novas obras.

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As obras também contam a história do seu tempo e as preocupações que afligem a sociedade em cada momento. Da necessidade de reafirmar a rua como espaço público no painel entregue pelo bloco de carnaval Baixo Augusta em 2017 à luta antirracista nos dias de hoje, tema de vários murais, os assuntos vão mostrando o que está na pauta dos artistas urbanos.

Roteiro a pé, de carro ou de ônibus

Fizemos um roteiro que começa na Praça Roosevelt e segue em direção à Paulista, depois volta em direção ao Centro. E pode ser percorrido a pé, de ônibus ou de carro.

É Proibido Proibir, do coletivo Os Tupys

O primeiro deles é a obra É Proibido Proibir, do coletivo Os Tupys para a sede da Associação Cultural Bloco Acadêmicos do Baixo Augusta, bem em frente à Praça Roosevelt, inaugurado no Carnaval de 2018.

Nina, de Apolo Torres

Bem ao lado, o painel Nina, de Apolo Torres. Uma das obras mais conhecidas e mais bonitas da cidade, ela foi pintada como parte de uma campanha mundial pela educação, Educação não é Crime, em protesto contra a falta de acesso dos jovens à educação.

A Cidade é Nossa, de Rita Wainer

Olhando para a esquerda, também a partir da Praça Roosevelt se vê a obra de Rita Wainer, A Cidade é Nossa, também encomendada pelo bloco do Baixo Augusta, entregue o carnaval de 2017. Este painel quase foi apagado quando mudou a diretoria da Cremesp, dona do prédio, mas os protestos contra o apagamento acabaram falando mais alto e o painel foi mantido.

Painel de Hannah Lucatelli que pode ser visto da Praça Roosevelt

Olhando para a direita, dois painéis de Hanna Lucatelli que não ficam bem na Consolação, mas podem ser vistas da Praça Roosevelt ou do viaduto em cima da ligação entre o Minhocão e a Radial Leste.

Hip Hop e Altamira

Seguindo em frente, na esquina da Consolação com a Rua Maria Antonia estão dois painéis, em muros. Um dele em alusão ao Hip Hop e outro aos indígenas de Altamira, no Pará.

Os próximos painéis estão do lado esquerdo de quem sobe em direção à Paulista.

Lambe-lambe com foto de Elza Soares

O primeiro deles é em homenagem à cantora Elza Soares, também encomendado pelo Baixo Augusta e inaugurado no carnaval de 2020. A foto de Francio de Holanda foi transformado num lambe-lambe gigante, de 35 metros de altura.

Viver de Luz, de Mona Caron

Em seguida, está o painel Viver de Luz, da artista Mona Caron, que retratou o artista Mauro Neri, cuja obra está do outro lado do prédio e pode ser vista quando se desce a Consolação.

Chegando ao alto do espigão da Paulista, o ponto mais alto da região central da cidade, é hora de dar a volta e ver as obras que ficam do outro lado.

Painel do Kobra, na entrada do Habita

A primeira delas fica do lado esquerdo, no alto do jardim do Habitat, o coworking do Bradesco. Trata-se de um painel do Kobra, um dos grafiteiros mais famosos do país, com diversas obras espalhadas pela cidade e muitas no exterior.

Preta Veracidade, de Mauro Neri, e Matuê, de Regis Teixeira

Seguindo, do lado direito, dá pra ver duas obras de uma vez.

Preta Veracidade, de Mauro Neri

Mauro Neri, autor deste painel, é conhecido por escrever a veracidade em muros e empenas da cidade. Neste painel, que integra o MAR (Museu de Arte de Rua, da Secretaria Municipal de Cultura), ele fez uma homenagem a mulheres negras como Marielle Franco, Lélia Gonzales e Angela Davis, usando o rosto de Mona Caron como modelo. O nome da obra é Preta veracidade.

Matuê, de Regis Teixeira

Em seguida, o trabalho de Regis Teixeira retratando o cantor Matuê, numa propagando disfarçada do disco Máquina do Tempo.

“O ancião é o nosso livro” de Tito Ferrara

Num muro, na altura do número 1817, o artista Tito Ferrara homenageia as comunidades indígenas, mais afetadas pela pandemia. “O ancião é o nosso livro” é a mensagem contida no mural, que retrata a perda de anciãos e a perda de histórias e conhecimentos fundamentais para a cultura dessas comunidades.

Sereia do artista Speto

Voltando a olhar para o alto, outra obra encomendada pelo bloco do Baixo Augusta, esta para o carnaval de 2019. Do artista Speto, deixando a chegada ao Centro muito mais colorida.

A Cura, de Cadumen

Logo em seguida, uma das mais recentes, de Cadumen, o painel A Cura.

Começo da Rua da Consolação visto da Praça Roosevelt

A chegada de volta ao Centro reserva outra imagem impressionante.

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Denize Bacoccina

Denize Bacoccina é jornalista e especialista em Relações Internacionais. Foi repórter e editora de Economia e correspondente em Londres e Washington. Cofundadora do projeto A Vida no Centro, mora no Centro de São Paulo. Aqui é o espaço para discutir a cidade e como vivemos nela.