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“São Paulo não é um filme” é o tema de uma mostra de películas que retratam a cidade e as relações humanas dentro dela. Veja a programação
São Paulo não é um filme. Este é o título de uma programação especial de cinema sobre São Paulo no Sesc 24 de Maio, que inclui a exibição de filmes sobre a cidade, oficinas e bate-papos. Os filmes serão exibidos todas as terças-feiras de outubro, a partir das 19 horas, com entrada gratuita mediante retirada de ingressos 30 minutos antes, na Biblioteca.
O centro de São Paulo desperta diferentes sentimentos entres seus frequentadores e desde os primeiros anos da chegada do cinematógrafo ao Brasil a cidade se tornou cenário de cineastas.
Eles ajudaram a construir uma ideia de cidades desde o documentário amador, que mostrava a opulência da elite que encomendava os filmes aos cineastas imigrantes, ao cinema experimental contemporâneo que tem a cidade como pano de fundo ou mesmo como protagonista.
Inicialmente o centro é mostrado como moderno, símbolo do desenvolvimento da cidade. Com o tempo, porém, a solidão, a desigualdade e a diversidade começam a predominar nos filmes sobre a região. A urbanidade deixa de ser positiva e passa a ser a opressora de seus personagens. Os filmes escolhidos para a mostra mostram essas mudanças na visão de São Paulo na cinematografia sobre a cidade.
O filme “São Paulo Sociedade Anônima” (1965) é um marco nessa visão da opressão social da metrópole em construção. O Cinema Novo e a Boca do Lixo inauguram uma nova estética da decadência da cidade e a consequente angustia de seus personagens, o submundo do centro ganha destaque nas narrativas.
O cinema de cunho social dos anos 1970 começa a abordar os migrantes e as classes sociais menos favorecidas e o sofrimentos que estes personagens passavam na metrópole. Já nos anos 1980, a decadente vida noturna da cidade começa a chamar atenção dos realizadores.
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Com os anos 1990, marcados pela crise e pela retomada do cinema brasileiro, a vida cotidiana na cidade vem à tona e os realizadores começam a pensar nos problemas das comunidades no espaço urbano.
Na mostra do Sesc 24 de Maio, a diversidade e a ocupação do espaço público e suas disputas tomam conta do cinema brasileiro contemporâneo. Não há somente histórias com personagens individuais com crises existenciais, mas também as lutas coletivas de classe, gênero, raça, imigração e refúgio e questões sociais tomando conta da narrativa. O cinema está refletindo e denunciando essas relações.
Nesse sentido, pode-se notar na história do cinema sobre São Paulo, que tem o Centro da cidade como cenário, duas vertentes: a angústia e o mal-estar dos indivíduos, em meio ao caos da metrópole, e os filmes mais sociais que mostram conflitos e disputas por territórios entre os excluídos e o processo de gentrificação da região.
A cidade não é a mesma para cada pessoa. A mostra de cinema “São Paulo não é um filme”, no Sesc 24 de Maio, começa em outubro e vai até dezembro, com exibições, oficinas e bate-papos.
Veja abaixo a programação de outubro:
Oficina
Webdocumentário e narrativas transmídia – Com Marina Thomé e Márcia Mansur (Estúdio Crua). Inscrições 8/10, 13h às 17h30 para Credencial Plena e 11/10, 13h às 20h30 para Credencial Atividade. 16 anos. Grátis. 24 a 28/10. Terça a sábado, 19h às 22h.
Exibição Ingressos 30 min antes na Biblioteca. Grátis. Terças, 19h
São Paulo Sociedade Anônima (Luiz Sérgio Person, Brasil, 1965. 107′). Carlos é um jovem de classe média paulistana que trabalha numa grande empresa durante a instalação de indústrias automobilísticas estrangeiras no Brasil. Ele aceita um cargo numa fábrica de peças para automóveis, da qual torna-se gerente. A certa altura, ele é um chefe de família que trabalha muito, ganha bem, mas vive insatisfeito. Sem um projeto de vida ou perspectivas para mudar a condição que rejeita, só lhe resta fugir. Livre. 10/10
O Bandido da Luz Vermelha (Rogério Sganzerla, Brasil, 1968. 92′). Jorge, um assaltante de casas de luxo em São Paulo, apelidado pela imprensa sensacionalista de “Bandido da Luz Vermelha”, desconcerta a polícia com seu comportamento fora do comum. Além de usar uma lanterna vermelha, ele possui as vítimas, conversa com elas e faz fugas ousadas para depois gastar o dinheiro roubado de maneira extravagante. O mundo de Jorge é povoado de tipos como o detetive Cabeção, a prostituta Janete Jane e o político corrupto J. B. Silva. 16 anos. 17/10
O homem que virou suco (João Batista de Andrade, Brasil, 1981. 91′). Deraldo, poeta popular nordestino recém-chegado a São Paulo, é confundido com o operário de uma multinacional que mata o patrão na festa onde recebe o título de operário símbolo. O filme aborda a resistência do poeta diante de uma sociedade opressora, esmagando o homem no dia-a-dia, eliminando suas raízes.. Livre. 24/10
A Dama do Cine Shanghai (Guilherme de Almeida Prado, Brasil, 1987. 115′). Numa noite quente e úmida de verão, Lucas, um corretor de imóveis e ex-boxeador, entra em um cinema no centro de São Paulo para ver um filme policial. Na sala escura conhece Suzana, uma bela e misteriosa mulher, muito parecida com a protagonista do filme. A partir desse encontro, aparentemente fortuito, o vendedor passa a viver uma aventura de suspense e sua paixão o envolve num labirinto de pistas e assassinatos. 14 anos. 31/10
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