Igreja Santa Ifigênia: conheça a história da Basílica da Imaculada Conceição
O guia de turismo Laércio Cardoso de Carvalho fala sobre a história da igreja Santa Efigênia, que é oficialmente uma basílica.
Obras de artistas consagrados estão à vista de todos, em um passeio a pé e gratuito pelo Centro de São Paulo
Você já viu obras de artistas consagrados Portinari, Di Cavalcanti, Claudio Tozzi, Clóvis Graciano em paredes no centro de São Paulo?
Não digo um cartaz com foto de trabalhos deles anunciando alguma exposição, mas uma obra feita especialmente para determinada parede. Os que acham que só existe pichação no Centro não devem estar acreditando, mas existem sim. E não precisa olhar lá para o topo do prédio, estão diante dos nossos olhos. E, como a poesia Vista Cansada nos diz, de tanto vermos, não vemos, ou porque passamos tão apressados que não percebemos.
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Você lembra de haver visto alguma delas? Então, vamos apresentá-las.
Dento da estação Sé do Metrô, na saída em direção à Praça João Mendes, na parede de concreto aparente está instalado desde 1979 um mosaico figurativo com 3 metros de altura e 10 metros de comprimento, com pequenas pastilhas de vidro de 1cm x 1cm bem coloridas. O título, bem de acordo: Colcha de Retalhos. O autor? O consagrado artista gráfico, mestre em Arquitetura, Claudio Tozzi. Foi Serafino Faro o artista da Vidrotil, a indústria que fez as tesselas, (nome correto das pastilhas) que passou para o mosaico a obra de Claudio Tozzi.
O primeiro painel que enfeitou a empena cega (aquela parede sem janelas) de um prédio foi Zebra, de 1972. Tozzi não pintou na parede mas em poliuretano sobre zinco, com 64 metros quadrados. Fica num prédio na Praça da República, entre a Rua Barão de Itapetininga e a Rua Vinte e Quatro de Maio.
Um pouco mais à frente da estação Sé do Metrô, na Rua José Bonifácio, o edifício Triângulo, projetado na década de 1950 por Oscar Niemayer, apresenta dois painéis denominados Operários, de autoria de Di Cavalcanti. Estão nas paredes externas do edifício, um na face curva frontal do acesso e o outro do lado direito. Nessa parte é que está a assinatura do artista, passa-se bem ao lado dela, a qualquer hora do dia ou da noite. Está precisando ser limpa, pois a sujeira encobre a beleza da obra e ainda salta aos olhos um remendo mal feito. Trata-se de um prédio comercial. A recepção e os elevadores estão no subsolo. Olhando para seu acesso vemos as paredes internas limpas, e podemos então observar a beleza do trabalho.
No edifício Montreal (Av. Ipiranga esquina com a Av. Cásper Líbero) inaugurado em 1954, em meio aos festejos do Quarto Centenário de São Paulo, outro projeto de Niemeyer utilizou a mesma solução da entrada no subsolo, deixando o térreo totalmente livre para o comércio. Nas paredes dos dois acessos do prédio, um na Av. Cásper Líbero e o outro na Av. Ipiranga, estão mosaicos de Di Cavalcanti. Não são fáceis de ver como no Triângulo, pois, como se trata de um prédio residencial, as portas ficam na entrada, junto à calçada, fechadas. Para ver a obra só chegando bem perto e olhando através dos vidros.
Composições Abstratas é o tema desses mosaicos. São formas abstratas formadas por curvas entrelaçadas em tons de vermelho, azul e preto, bem integradas às curvaturas do prédio.
Em outra obra de Oscar Niemeyer, a Galeria Califórnia, que liga a Rua Barão de Itapetininga à Rua D. José de Barros, passa quase desapercebida a obra de Portinari, um painel com quase 250 metros quadrados, com pastilhas cinzas e pretas. Não apresenta figuras, é totalmente geométrico, único no gênero feito pelo artista. Vai quase da porta de entrada na Rua Barão de Itapetininga à entrada de um subsolo onde funcionou um cinema e depois um bingo. A assinatura de Portinari está bem embaixo, logo no início.
Praticamente impossível de não ser visto é o painel A Imprensa, com 2,70 m de altura e 9,55 m de comprimento. Di Cavalcanti foi o autor escolhido pela família Mesquita, que construiu o prédio no início dos anos 1950 para sediar a administração, redação e parque gráfico do jornal O Estado de São Paulo. Bem colorido, está na linha do olhar, num espaço especialmente preparado para destacar esse mosaico em pastilhas de vidro, um presente para a cidade que estava completando 400 anos. Exibe as atividades ali exercidas para se produzir o jornal. Grandes bobinas de papel, a máquina de linotipo, funcionários uniformizados.
Desde 25 de janeiro de 2004 o prédio é totalmente ocupado por um hotel. No amplo espaço térreo onde está a recepção, pode-se apreciar um painel com pinturas em tela feito por Clovis Graciano, intitulado Os Bandeirantes. Clóvis Graciano (Araras 1907 – SP 1988) foi pintor, desenhista, cenógrafo, ilustrador. Estudou em Paris onde aprendeu técnicas de produção de murais.
Outro trabalho de Clóvis Graciano está na parede do Empório Datavenia na Rua Senador Paulo Egídio, 70 (aquela pequena rua que liga o Largo São Francisco com a Rua José Bonifácio). Foi feito entre 1961 e 1962 para um banco que estava ali instalado utilizando a técnica chamada eucástica, com pintura a óleo e cera virgem. Pintou dois painéis com 4 metros de altura e 12 de comprimento. São vários temas referentes à colonização e à fundação de São Paulo. O desembarque dos colonizadores, a subida da serra, marco da fundação de São Paulo, penetração dos bandeirantes, jesuítas, índios, negros, convento e igreja dos jesuítas. Em 2011 os atuais proprietários restauraram a obra. Num pequeno quadro envidraçado está o texto que conta a história do painel naquele espaço. Pode-se entrar para apreciar, proprietários e funcionários recebem com o maior prazer, permitem inclusive que se fotografe os painéis.
Difícil de ser visto e impossível de fotografar é o painel feito por Fulvio Pennachi, na Av. Cásper Líbero, 88, o primeiro em um prédio comercial. Retrata a história da Imprensa, desde os papiros até Cásper Líbero com o jornal A Gazeta nas mãos. Foi ele quem mandou construir o prédio em 1939, o primeiro a ser projetado especialmente para ser redação e parque gráfico de um jornal. Depois que A Gazeta foi para a Avenida Paulista o prédio teve outros usos. Sediou a Justiça do Trabalho e depois a Justiça Militar da União, por isso a impossibilidade de se fazer fotos. Trata-se de área de segurança, mas dá para ver a obra da calçada, pois está no hall de entrada. O interessante é que membros da Justiça Militar perceberam a importância da obra, que estava deteriorada, e providenciaram o restauro como pode ser visto na internet.
Na Galeria do Rock no andar térreo, logo acima dos elevadores um painel em cerâmica feito na Casa Conrado exibe o trabalho do artista italiano Bramante Buffoni. Dele também são os pisos, com desenhos geométricos, diferentes em todos os andares. A Galeria, de 1963, cujo nome original é Centro Comercial Grandes Galerias, foi construída por Alfredo Mathias, mas o projeto arquitetônico foi do casal de italianos Ermanno Siffredi e Maria Bardelli, que, não validando seus diplomas italianos não podiam assinar as obras. Foram eles que chamaram seu compatriota para fazer os pisos e o painel.
Do mesmo construtor e projetado pelo mesmo casal temos a Galeria Nova Barão. Diferente das outras galerias por ser uma rua, tem lojas no térreo e no mezanino, residências e salas comerciais. Nas paredes externas dos prédios, alguns desenhos geométricos com a assinatura do Buffoni, acima da entrada, ocupando todo o espaço cerâmicas trabalhadas. Ali é bem mais fácil observar a assinatura do artista.
O mesmo casal projetou o prédio residencial Nobel, na Av. Higienópolis, 375 também estão obras de Buffoni. Mosaicos na fachada criam faixas decoradas entre as janelas. Nos andares ímpares, figuras geométricas derivadas de losangos. Nos pares, de retângulos. Um painel em mosaico com 2,46 m por 8,45m ocupa uma parede curva junto à parte envidraçada no hall do prédio. Para recebê-lo foi construída uma estrutura, como uma moldura. Da calçada podemos apreciá-lo.
Voltando à área central, na Rua 24 de Maio, em frente à Galeria do Rock, está a Galeria R. Monteiro, fazendo a ligação com a rua Barão de Itapetininga. Projetada por Rino Levi, tem nas paredes da sobreloja cerâmicas que da calçada dão a impressão de apresentarem relevo, mas utilizando as escadas rolantes podemos observá-las bem de perto e observar que são lisas. Trata-se de uma obra de arte de Burle Marx, conhecido mais como paisagista mas que foi também artista plástico. Em outro prédio projetado por Rino Levi, o famoso edifício Prudência e Capitalização, na Av. Higienópolis, além dos jardins Burle Marx produziu painéis em cerâmicas com desenho nas paredes da entrada do prédio, que também podem ser apreciados da calçada.
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No post anterior mencionamos os belos trabalhos nas portas do Centro de São Paulo, mas não sabemos o nome dos autores. Aqui, nessas paredes, os artistas estão identificados e vemos que são consagrados no Brasil e no exterior. Mencionamos os que estão praticamente diante dos nossos olhos. Num próximo post falaremos dos painéis e grafites que estão no topo dos prédios, também de artistas consagrados, mas para observá-los precisamos levantar a cabeça e olhar bem para cima.
Na linha do nosso olhar, no alto das paredes dos prédios, ou nos pisos estão muitas obras de arte de artistas consagrados. Que tal olhar nossa cidade, nosso Centro com outros olhos, buscando ver tantas obras de arte que ali estão para serem apreciadas?
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