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São Paulo tem muitas igrejas históricas. Algumas são bem famosas, como a Catedral da Sé, ou o Mosteiro de São Bento. Mas há outras, menos conhecidas, que guardam histórias e obras de arte igualmente interessantes. O fogo destruiu boa parte dos acervos das primeiras construções, mas muitas resistiram parcialmente, e em restaurações posteriores muita coisa foi recuperada. Neste post mostramos a você onde passear em SP, com um roteiro a pé no Centro que permite conhecer muito da história de São Paulo. E toda a região tem vários cafés e lanchonetes para descansar e recuperar o fôlego.
Apresentamos aqui uma sugestão de circuito com 11 igrejas no Centro de São Paulo, num passeio que pode ser percorrido a pé num domingo pela manhã, numa caminhada que começa no Largo da Liberdade e termina na Catedral da Sé, percorrendo boa parte do centro histórico de São Paulo. No caminho há vários cafés e lanchonetes que permitem uma pausa para descanso e reabastecimento.
O roteiro foi organizado pelo guia Isidro Navaes, que criou um percurso batizado de Passos da Fé, e pode ser feito como uma jornada religiosa ou histórico-cultural.
O passeio começa na Igreja Santa Cruz das Almas dos Enforcados, ao lado do Largo da Liberdade, no bairro que a partir do início do século 20 virou a casa dos imigrantes japoneses no Brasil. A igreja recebeu este nome em homenagem ao cabo Francisco José das Chagas, o Chaguinhas. Condenado à forca em 1821 pela liderança em uma revolta de soldados, ele quase escapou da pena, já que a corda arrebentou duas vezes. O povo achou que era milagre e a devoção a Chaguinhas começou ali mesmo. Uma cruz foi erguida e velas foram acendidas. Há registros de que a igreja foi erguida em 1887, mas a primeira missa foi celebrada em 1891.
Praça da Liberdade, 238 – Liberdade
É tão pequena a capela Nossa Senhora dos Aflitos, no fim de uma rua sem saída, que os fiéis ficam em cadeiras ao lado do altar. Tem missas às segundas-feiras, às 15h. No local foi construído, em 1775, o primeiro cemitério de São Paulo, destinado inicialmente aos negros. A capela surgiu em 1779.
Rua dos Aflitos, 70 – Liberdade
A capela foi erguida por Anna Maria de Almeida Lorena Machado, dama da sociedade paulistana, depois que ela sobreviveu a um naufrágio numa viagem de navio a Paris. Em estilo gótico medieval, foi construída em 1901 e tombada como patrimônio histórico em 1994. Tem missa em latim todos os últimos domingos do mês.
Rua Tabatinguera, 104 – Sé
Construída em 1810 em taipa de pilão e adobe (tijolos de terra batida), a igreja em estilo rococó e barroco foi restaurada entre 2006 e 2010. Ao longo do século 19, a Igreja Nossa Senhora da Boa Morte era parada de escravos condenados à forca, que eram executados ali perto, onde hoje é o Largo da Liberdade. Ali, os condenados pediam à Nossa Senhora da Boa Morte, como o próprio nome sugere, uma “boa morte”.
No século 19 também era conhecida como a igreja das boas notícias. Como a sua localização no alto da colina permitia avistar os que chegavam da Serra do Mar, seus sinos repicavam para anunciar as novidades e a chegada de forasteiros. Era o lugar mais alto da região central de São Paulo naquela época. Fica aberta 24 horas.
Rua do Carmo, 202 – Sé
A edificação atual foi erguida em taipa de pilão, entre 1747 e 1758. Entre 1772 e 1802, a Igreja Nossa Senhora do Carmo foi ampliada e ganhou um novo frontispício, executado por Joaquim Pinto de Oliveira, conhecido como “mulato Tebas”, escravo do mestre-de-obras Bento de Oliveira Lima, responsável por outras obras da arquitetura religiosa da São Paulo colonial. Em 1929, o templo passou por uma ampla reforma, sendo parcialmente reconstruído. Ainda tem imagens de santos com cabelos de verdade.
Avenida Rangel Pestana , 230 – Brás
O local onde fica o Mosteiro de São Bento é um dos mais antigos de São Paulo, com ocupação ininterrupta desde o século 16. Foi fundado em julho de 1598, com a concessão de duas sesmarias pelo capitão-mor Jorge Correia. O colégio São Bento surgiu em 1903 e, em 1910, o mosteiro atual, projeto do arquiteto Richard Berndl, de Munique, Alemanha. Quatro anos mais tarde, em 1914, estava completo o conjunto beneditino que conhecemos hoje: a Basílica de Nossa Senhora da Assunção, o Mosteiro e o Colégio de São Bento. Cerca de 45 monges vivem no local, seguindo a tradição de rezar e trabalhar. Tem também uma loja de produtos feitos segunda a tradição dos monges e um brunch servido uma vez por mês. Tem missas diariamente, em alguns horários com canto gregoriano.
Largo São Bento – Centro
A Igreja Santo Antonio é considerada a mais antiga igreja remanescente da cidade, tendo sido fundada no fim do século 16. Sofreu diversas reformas e intervenções nos últimos quatro séculos, sobretudo em sua fachada, reinaugurada em estilo eclético em 1919. Foi destruída por vários incêndios, mas o interior da igreja ainda conserva resquícios da arte produzida em São Paulo no período colonial.
Durante a restauração realizada em 2005 descobriu-se no forro do altar-mor pinturas murais seiscentistas de alta qualidade técnica e artística, as mais antigas de que se tem notícia em São Paulo. O altar principal, executado em 1780, é um belo exemplar da talha barroca. A igreja é tombada desde 1970, em virtude de sua importância histórica, artística e arquitetônica.
Praça do Patriarca, 49 – Centro
O convento São Francisco de Assis foi construído em 1647 e a igreja contígua foi modificada em meados do século 18, quando recebeu a atual forma barroca. Em 1880 os dois prédios foram muito danificados num incêndio. Nessa época instalou-se no altar-mor um novo retábulo, trazido da Alemanha. As pinturas no teto curvo de madeira da nave foram refeitas em 1953, com cenas sobre a vida de São Francisco.
Largo São Francisco, 133 – Centro
A catedral gótica projetada pelo professor da Escola Politécnica, Maximilian Hehl tem 111m de comprimento, 46m de largura e 65m de altura (exceto as torres). Foi construída para ser o espelho da fartura dos materiais de uma São Paulo que enriquecia com o café e uma escola de arte. Apesar do estilo, sua construção começou em 1912 e ela foi inaugurada em 1954, no aniversário de 400 anos de São Paulo, ainda sem as torres. Símbolos do poder econômico da metrópole estão presentes na construção: esculpidos em pedra, logo acima da porta, cacau, trigo e uva.
E espalhados pelo interior e exterior da Catedral da Sé encontram-se animais de nossa fauna como sapo-boi, tatu, tucano, lagarto e a garça. Os vitrais também chamam bastante atenção. Na cripta inaugurada em 1919, estão restos mortais dos bispos e arcebispos, além do cacique Tibiriçá, o primeiro cidadão de Piratininga, e do padre Feijó, Regente do Império.
Praça da Sé
Matriz Paroquial Pessoal Nipo-Brasileira São Gonçalo é o nome oficial desta igreja. Erguida em 1757 no local uma ermida, dedicada à Imaculada Conceição e a São Gonçalo, que ruiu com o tempo. Em seu lugar, em 1840, foi construída a igreja, com a fundação da Irmandade Nossa Senhora e São Gonçalo. Em 1893, foi entregue aos Jesuítas, que nela trabalharam promovendo as Congregações Marianas e a Catequese dos Japoneses.
Em 1966, Dom Agnelo Rossi criou a Paróquia Pessoal de São Gonçalo para os japoneses e seus descendentes e a confiou aos Jesuítas. A igreja de São Gonçalo, situada na Praça João Mendes, passou a ser a Matriz da Paróquia. Na época, havia na Arquidiocese cerca de 120 mil imigrantes e descendentes de japoneses, metade dos quais católicos.
Missa em japonês aos domingos, às 8h
Praça Doutor João Mendes , 108 – Centro
Serviço:
O roteiro pode ser feito por conta própria, já que todos os lugares são públicos, ou no passeio Passos da Fé, organizado pelo guia Isidro Navaes. O e-mail de contato é: navaes@arlivreturismo.com.br
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