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2018 foi um ano bom para o Centro de São Paulo, quando a região se firmou como um polo gastronômico, boêmio e de entretenimento
Para muita gente, 2018 é a própria definição de annus horribilis. De fato, não foi um ano fácil. Vimos um governo de extrema direita se eleger e empoderar o discurso homofóbico, violento e de exclusão social. Vimos o fim de amizades e até rompimentos familiares com a divisão política que tomou conta do país. E, no momento em que iniciamos um novo ano, vivemos com o receio de que o discurso de ódio disseminado nas redes sociais se transforme em prática de governo.
Mas nós, do A Vida no Centro, preferimos olhar para o copo meio cheio. Compartilhamos de todos os receios acima e, especialmente, de um retrocesso institucional. Mas, apesar de tudo, para o Centro de São Paulo, 2018 foi um ano de muitos avanços.
A região se consolidou, aos olhos de quem ainda não tinha percebido, como o novo polo gastronômico, boêmio e de entretenimento da cidade. Dezenas de bares, restaurantes, café e baladas abriram as portas, ampliando o leque de opções de lazer e divertimento na cidade, em locais como Arouche, Vila Buarque, Bixiga e outros.
As lacunas continuam – como a falta de atenção do poder público para com as calçadas, os moradores de ruas, a limpeza pública – mas nós também entendemos que um novo ciclo virtuoso já começou. Enquanto não vêm as políticas públicas para resolver os problemas de forma abrangente, iniciativas isoladas vão pipocando aqui e ali, criando uma espiral positiva. Pode parecer pouco, mas a simples abertura de um bar ou uma loja aberta até tarde numa rua vazia transforma o local, aumentando a segurança dos que passam por ali.
O número de moradores vem aumentando, com a inauguração de novos edifícios e o lançamento de outros: a região da República é líder no número de lançamentos residenciais em toda a cidade, com uma proporção maior a cada ano. E o que busca este novo morador? Um modo de vida mais simples, mais sustentável, em que o transporte coletivo, a bicicleta e a caminhada ganham força, e a ocupação do espaço público substitui o medo das gerações anteriores, que preferia se trancar em casa. A Praça Roosevelt, cada vez mais frequentada por diferentes grupos, é o melhor exemplo.
2018 também teve uma tragédia no Centro de São Paulo. O incêndio e consequente desabamento do edifício Wilton Paes de Almeida, ocupado por dezenas de famílias que não tinham um lugar melhor para morar escancarou o drama da falta de habitação acessível na maior cidade da América Latina. Jogou na cara da sociedade uma dura realidade: mesmo pais e mães de família que trabalham duro não ganham o suficiente para morar relativamente perto de seus empregos. Isso ainda não mudou. Mas ninguém mais pode dizer que não sabe do problema.
Como podem ver, houve avanços, mas o caminho ainda é longo. Que 2019 incorpore os avanços deste ano e continua em frente. Feliz Ano Novo!
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