Igreja Santa Ifigênia: conheça a história da Basílica da Imaculada Conceição
O guia de turismo Laércio Cardoso de Carvalho fala sobre a história da igreja Santa Efigênia, que é oficialmente uma basílica.
Uma caminhada no Minhocão é o ponto de partida para reflexões sobre a vida e as escolhas que fazemos
Em um final de semana de inverno saí para almoçar com uma amiga. Íamos em um restaurante na República e de lá caminhar pela região. Uma hora antes do encontro, ela desmarcou e eu decidi seguir com os planos, mas antes, caminhar pelas ruas do centro.
Na metade do caminho, subi o Elevado Costa e Silva, o Minhocão. Gosto de ver pessoas e, principalmente, as variações de ritmo vivo da cidade. Os domingos, por exemplo, costumam ser dias mais tranquilos na região, sem muito tráfego de carros, com muitas famílias e jovens passeando.
Assine nossa newsletter para ficar por dentro de tudo o que rola no centro
Ao chegar em uma das saídas do Minhocão, desci e resolvi andar por baixo, pela avenida. Incrível como um lugar não conversa com o outro. Em cima, um projeto de Parque, e um cenário cada vez mais moderno, com jardins verticais, pessoas tomando sol, fazendo piqueniques, andando de bicicleta, com os pets etc. E, embaixo uma realidade ignorada. Um retrato da ineficiência do setor público.
Continuei andando, rumo à Rua da Consolação. No meio do caminho, parei e fiquei observando um prédio antigo. Olhava a beleza da estrutura, mas meus pensamentos estavam em outro universo. Eu só conseguia pensar em uma pessoa que eu gosto e havia afastado. O que sinto por ela não é simples ou comum. Aliás, nunca senti isso antes. Um sentimento sutil e singelo e, ao mesmo tempo, forte. Ele foi crescendo e eu não percebi. Quando identifiquei a força o brequei.
Enquanto eu pensava, uma senhora se aproximou e me pediu um trocado. Eu não entendi o que ela disse, retruquei algo e ao invés dela responder, se sentou na guia. Dona de um rosto meigo e enrugado, com fisionomia estrangeira. Não sabia o porquê, mas sentei-me também. Começamos a conversar.
A senhora é do Equador e mora no centro de São Paulo há cinco anos. Ela veio ao Brasil para ajudar o marido que faz tratamento gratuito pelo SUS em uma unidade básica de saúde. Os dois saíram de seu país para tentar uma oportunidade de vida mais digna e viver com o filho do casal, no Brasil há mais tempo. Moram em uma pequena casa, próximo à antiga Prefeitura, no Parque Dom Pedro.
Depois de meias palavras, a senhora me questionou o porquê de eu estar ali. Contei brevemente do não almoço, até o momento, e que eu estava andando para refletir na vida. Disse que gostava de alguém e que por incapacidade de dizer isso a ele, preferi sair da situação, que eu iniciei. Ela me olhou e sorriu.
Mudamos de assunto. Começamos a falar sobre comida. A gastronomia dá um tempero a mais em tudo. Não foi diferente. O tom sério deu espaço a gargalhadas e compartilhamento de receitas. Ela contou que adorava fazer banquetes para a família e amigos na cidade onde nascera.
Depois, ela voltou a falar sobre o esposo. Comentou que sentia falta da família, mas, por opção, o acompanhou. Ela cuida dele e ele dela, estão juntos há pouco mais de 20 anos e pretendem ficar por muito mais. Segundo ela, o segredo da união é viver o hoje, independentemente dos problemas. “Quando os dois dão as mãos e caminham para a mesma direção, tudo funciona.”
A conversa foi fluindo até a senhora estender a mão e se levantar. A ajudei. Nos abraçamos e ela sussurrou em meus ouvidos: “Gosto de ouvir pessoas falando sobre amor. Não se cobre tanto, a vida é assim e o amor é assim: ele aparece, não tem um manual. Não dá os caminhos. Você o segue com o coração e a cabeça. Certifique-se apenas que seja algo natural, verdadeiro e que venha dos dois”. Nos despedimos.
Voltei a andar e fui almoçar. Enquanto comia lembrava do papo inusitado com a senhora e só pensava que a caminhada é longa. Aprendi que a persistência é uma das chaves para as conquistas, mas quando envolve o coração, sou estagiária sem um manual. Não sei nem por onde começar. Mas, aquela conversa me fez refletir que quando dois buscam os mesmos objetivos e dão as mãos, não importam os desafios, pois são passageiros.
.
Sobre a senhora, a encontrei três dias depois e ela conseguiu um emprego em um restaurante da região. Ela fala muito bem português e pareceu ser uma cozinheira de mão cheia! Já eu, esse foi um daqueles dias que a gente só agradece (como devem ser todos) e lembra do poder das escolhas. No caso de Maria (a senhora), ela escolheu estar com o marido e batalhar junto a ele no Brasil. No meu, foi uma semana que pude refletir um bocado. Percebi que eu não escolhi ficar só, mas sim estar com alguém por completo e com os mesmos objetivos: desfrutar a companhia um do outro e compartilhar momentos juntos. É uma esperança de, um dia, podermos dar as mãos. A mesma se estende à cidade.
Leia também: OS NOVOS BARES E RESTAURANTES DE IMIGRANTES QUE ESTÃO RENOVANDO A GASTRONOMIA DO CENTRO DE SÃO PAULO
O guia de turismo Laércio Cardoso de Carvalho fala sobre a história da igreja Santa Efigênia, que é oficialmente uma basílica.
Conheça a história da Praça Roosevelt, de primeiro estádio de futebol do Brasil a espaço cultural
Cine Bijou e outros cinemas marcam a volta dos cinemas de rua. Veja vários cinemas que resistem ou abriram nos últimos meses
Seja para um café da manhã caprichado, um cafezinho depois do almoço ou para bater papo, são várias as opções de cafés no Copan
Construída no começo do século 20, Vila Itororó tinha bailes e festas elegantes e teve a primeira piscina particular de São Paulo
O escritor Marcio Aquiles narra a visita do teatrólogo à Unicamp para uma homenagem aos 50 anos do Oficina
A historiadora e antropóloga Paula Janovitch fala sobre a "gramática dos caminhantes", que pode ser percebida ao se andar a pé pela cidade.
Pastilhas estão sendo retiradas e serão trocadas por outras semelhantes, segundo nota oficial da Prefeitura de São Paulo.
Há 50 anos, o incêndio do Edifício Joelma, no Centro de São Paulo, deixou 181 mortos e causou um trauma que nunca foi esquecido.
O guia de turismo Laercio Cardoso de Carvalho conta como eram os primeiros carnavais no Centro de São Paulo no começo do século 20.
O Parque do Rio Bixiga, ao lado do Teatro Oficina, já tem uma verba de R$ 51 milhões para sua implantação. O parque vai ocupar […]
A colunista Vera Lúcia Dias, guia de turismo, fala sobre as diferentes fases do Vale do Anhangabaú, por onde já passou um rio
O guia de turismo Laércio Cardoso de Carvalho conta a história de prédios ao redor da Igreja Santa Ifigênia.
Espaço, que fica no 42º andar do edifício Mirante do Vale, amplia a área para uma vista de 360 graus e recebe exposição que teve participação do A Vida no Centro
Clique no botão abaixo para receber notícias sobre o centro de São Paulo no seu email.
Clique aqui não mostrar mais esse popup