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Patrimônio cultural de São Paulo ganha visibilidade com placas de memória espalhadas por toda a cidade. Saiba mais
Patrimônio cultural de São Paulo ganha visibilidade com placas de memória espalhadas por toda a cidade
Paula Janovitch
Para quem afirmava que São Paulo não tem memória, desabafo comum de muitos paulistanos que voltam de viagens às cidades europeias e ficam deslumbrados com o dinamismo do patrimônio cultural de lá, aqui vai uma boa nova. A cidade considerada desmemoriada, sem rosto definido, está mudando de caráter e já faz algum tempo.
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Apesar de uma parcela bastante expressiva destes turistas que amam o bem comportado patrimônio cultural europeu ainda não se aventurarem pelas diversas atividades que já se anunciam na querida Paulicéia, temos notícias de que muita gente que se jogou na experiência de conhecer sua própria cidade encantou-se com a aventura de embrenhar-se em universos visíveis e invisíveis que São Paulo oferece em sua extensa malha urbana.
É com esta nova onda de cultura urbana presente nas ruas, de memórias as mais diversas, que São Paulo começa a se livrar da pecha de não ter passado. Com caráter bem diverso de suas irmãs europeias – porém na esteira das inspirações destas quanto à liberdade de se apropriar das ruas e do prazer de vagar para além dos fluxos diários ditado pelo trabalho – o turista-cidadão descobre-se a cada dia um viajante integrando-se das formas mais variadas à identidade urbana de São Paulo.
Desalinhada. Só Sampa. De beleza complexa. Com aspectos dissonantes, sem dúvida. Com falta de coerência arquitetônica, com certeza! Cidade de expatriados, refugiados, nordestinos, imigrantes. Da diversidade de gênero. De poucos ricos e muitos pobres. Cidade do hip e do hop e da periferia insurgente também. É desta cidade, muito diversa do “sonho feliz de cidade”, que surge uma rede criativa e potente de narrativas que talvez explique a espantosa surpresa de vermos surgir uma epidemia de memórias que se espalham em forma de pílulas azuis sendo fixadas nos muros, nas fachadas de casas, lojas e nas instituições públicas e privadas.
Na verdade, esta epidemia faz parte de um projeto da Secretaria Municipal de Cultura de colocar nas ruas placas com registros de memórias as mais diversas, e surgiu em 2019 como parte do Inventário de Memórias Paulistanas promovido pelo Departamento de Patrimônio Histórico (DPH) com a colaboração da sociedade civil.
A simpática plaquinha azul, circular, com um título e cinco linhas explicando do que se trata o registro de memória naquele local, vai se fazendo presente nos logradouros públicos rapidamente. São muitas no centro da cidade, mas já se tornam bem representativas nas áreas mais periféricas também. São singulares e falam de grupos, feitos, ritos, esportes amadores, cinemas e religiões que dizem respeito às várias maneiras de habitarmos a cidade ao longo dos séculos. São feitas de memórias que muitas vezes desapareceram por conta da velocidade das transformações do espaço urbano, mas que calam fundo nas narrações de quem ficou para contar. São feitas de dores, coisas difíceis de lembrar, mas que precisam ser ditas, porque recuperam momentos, formas de agir, cicatrizes importantes que as futuras gerações não podem esquecer na garantia dos nossos direitos humanos.
Para mim, esta epidemia de plaquinhas azuis, além de uma surpresa muito bem vinda, consolida o resultado de um investimento nas memórias da cidade que vem sendo feito em São Paulo há alguns anos, por vários gestores culturais.
Não dá para esquecer o Sesc, que muitas vezes faz o papel de vanguarda das experiências no território urbano. Seu estímulo no que é novo e diverso é exemplar para que outras instituições passem a replicar ou integrar propostas que não vingariam sem sua chancela inicial.
A universidade é outro braço deste investimento de memórias no território urbano que opera numa via de mão dupla. A presença dos pesquisadores que pouco a pouco vão perdendo a vergonha para botar nas ruas assuntos complexos de forma mais palatável. E, que, no retorno destas vivências, passam a ter o espaço urbano como uma nova ferramenta pedagógica importante no seu percurso acadêmico.
Finalmente, não posso deixar de falar do próprio Departamento de Patrimônio Histórico (DPH), aquele que é o curador oficial do patrimônio cultural da cidade. O órgão vem mudando de caráter a fim de expandir as memórias paulistanas e valorizar as várias narrativas que uma cidade destas dimensões compõe de forma coletiva.
Há alguns anos o DPH, que historicamente se caracterizou por um viés mais técnico, voltado para a análise e gestão do patrimônio cultural da cidade, ampliou suas prerrogativas na maneira de preservar e manter vivas as referências culturais da cidade. Prova mais cabal disso é a bem-sucedida Jornada do Patrimônio. Num fim de semana por ano a cidade oferece à população um ir e vir pelo passado através de percursos, discussões, cursos de curta duração e visitas a imóveis tombados.
Nestes dois dias dedicados à memória coletiva da cidade, pesquisadores, guias turísticos, coletivos e outras instituições públicas e privadas vestem a camisa da Jornada do Patrimônio para receberem a população. É um sucesso absoluto.
No caso das placas, são 466 histórias que descendem das várias experiências primárias de parcerias com a sociedade civil. E isso faz uma diferença enorme nas memórias que estão indo para as ruas. Não se trata de colocar placas apenas no patrimônio já eleito historicamente, porém pouco sinalizado, mas de integrar as memórias da cidade às nossas memórias: os vários registros vernaculares, os modos de habitar e viver que passaram ao largo de estilos arquitetônicos ou expressões artísticas consagradas.
Para quem quiser saber mais sobre as plaquinhas azuis, vale a pena acessar o link do DPH para o mapa digital da cidade de São Paulo, o Geosampa, e fazer um passeio virtual pelos pontos/placas já fixadas na cidade. O mapa digital é uma ferramenta muito legal e um ótimo jeito de caminhar pela cidade nestes tempos de isolamento.
Da minha parte, eu espero que esta epidemia de memórias seja apenas o começo de uma onda crescente, endêmica mesmo, de novos investimentos nas tantas narrativas que a cidade compõe. Depois que a vacina chegar, com certeza, você já tem um monte de roteiros para fazer pela cidade. A gente se cruza num deles. Até lá!
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Saber mais: Resolução que deu origem ao Inventário de memórias paulistanas.
Paula Janovitch é mestre em antropologia e doutora em história. Participa do coletivo PISA: pesquisa + cidade e do Escutando a cidade. Autora do capítulo/roteiro O mistério das passagens: galerias comerciais da área central de São Paulo do livro Dez percursos históricos a pé por São Paulo ( Narrativa Um), editora da Carbono 14 e escreve sobre cultura urbana em seu blog versão paulo.
Leia também: PALACETE, COLÉGIO DE FREIRAS, ESTACIONAMENTO: A HISTÓRIA DO PARQUE AUGUSTA
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