A Vida no Centro

Publicado em:
Tempo de leitura:5 minutos

Como a inovação pode ajudar na construção de uma cidade sustentável

Um dos maiores desafios para uma metrópole como São Paulo é criar condições para se transformar numa cidade sustentável e com melhor qualidade de vida para as pessoas

Por Maria Lígia Pagenotto *

Um dos maiores desafios para uma metrópole como São Paulo está, certamente, na criação de condições inteligentes de sustentabilidade. Isso significa pensar um modelo de desenvolvimento com base em tecnologias que promovam melhorias substanciais nas condições de vida da população.

O futuro aponta que viveremos comprimidos em espaços mínimos. “Seres diferentes, com culturas diferentes, vivendo dessa forma – já imaginou?”, provocou Carlos Piazza, darwinista digital, fundador da CP Consulting, empresa focada em transformação e negócios digitais, durante sua fala no evento “Smart Cities: mobilidade inteligente para uma cidade quase inteligente”.

Realizado na sexta dia 18 pela plataforma São Paulo São em parceria com o Inovabra Habitat, hub de inovação do Bradesco, o encontro contou com um amplo debate sobre mobilidade urbana, um dos pontos que mais afetam as pessoas que vivem em grandes cidades.

Cidade sustentável e inteligente

E foi justamente nesse aspecto que a capital paulista passou recentemente por grandes transformações, como observaram os palestrantes. “São Paulo está em nítida sintonia com o mundo, retomando os espaços públicos de uma maneira muito interessante”, disse Mauro Calliari, mestre em urbanismo e dono do blog Caminhadas Urbanas. “Os empreendedores estão cada vez mais ligados no fato da cidade ter deixado de ser uma abstração nos negócios. Não há negócios sem considerar a vida urbana”, completa.

Mauro Calliari - Cidade sustentável

Mauro Calliari, mestre em urbanismo, no evento. Foto: São Paulo São

Várias experiências e soluções de locomoção na cidade foram apresentadas. Já na abertura, Maurício Machado, criador da plataforma São Paulo São, chamou atenção para uma das principais mudanças recentes no comportamento do paulistano, com impacto em muitas outras: o compartilhamento de automóveis, bicicletas e, ampliando um pouco mais, de espaços de trabalho, residências e até casas de férias – algo impensável anos atrás.

“Hoje, duas das palavras que mais traduzem o conceito de Smart City são: multimodalidade (todos os meios de transporte são importantes) e intermodalidade (todos os meios têm que se integrar). Sendo assim, a combinação entre planejamento urbano e integração de modais é uma das saídas para melhorar a qualidade de vida nas cidades.”, afirmou Machado.

Marcaram presença também no evento Anderson Santos (especialista em mobilidade e VP de planejamento da Otima, plataforma de mídia exterior), Daniela Coimbra Swiatek (cofundadora do MobiLab – Laboratório de Inovação em Mobilidade da Prefeitura de São Paulo), José Renato Mannis (fundador da Mobilitee, uma startup que centraliza o uso e a gestão de taxis e aplicativos de transporte), Felipe Perruso, (head jurídico e de Relações Governamentais da Grin, primeira startup brasileira de patinetes elétricas compartilhadas),  Fabiano Grisolia (assessor de comunicação do gabinete do vereador Police Neto, autor da lei que instituiu o programa Bike SP), Rafael Darrouy (cicloativista e fundador da Pedivela, plataforma de transporte de carga em bicicletas) e Bruno Zardi (responsável pela operação do projetoCicloSampa, da Bradesco Seguros).

Ações inovadoras

São Paulo, em função de seus problemas de mobilidade, tem visto crescer por parte das empresas de tecnologia uma imensa gama de desenvolvimento de soluções. Nesse sentido, para Daniela, a cidade é hoje um lugar bastante propício para ideias sustentáveis e iniciativas transformadoras e inovadoras. “Temos espaço e necessidade para isso e têm surgido muitas soluções inteligentes nascidas aqui, o que é um grande alento.”

Por outro lado, os contrastes por aqui são gritantes e os investimentos em infraestrutura deixam bastante a desejar na implementação de tecnologias que possam de fato transformar para melhor a mobilidade por São Paulo.

“A questão da convergência digital é claríssima quando falamos em cidades do futuro. E como convergir todos os recursos e soluções?”, indagou Piazza.

É preciso levar em conta os problemas funcionais da capital paulista, segundo Santos, e trabalhar em cima dessa realidade. A gente vê empresas e até o governo falando em tecnologias de reconhecimento facial, em carro autoguiado, mas ainda temos ausência de infraestrutura e problemas na cidade de São Paulo que nos limitam.”

A ideia de que somos todos pedestres e que o espaço público sofre um impacto imenso qualquer que seja a solução de mobilidade apresentada para a cidade permeou a fala dos palestrantes do encontro.

O carro, objeto de desejo da imensa maioria dos paulistanos décadas atrás, soa hoje como quase obsoleto nas grandes cidades.

Ciclistas

Os ciclistas e adeptos de patinete crescem em número e diversificam o uso desses transportes. Mas há segurança para sua utilização? Como podemos melhorar isso e tornar seu uso mais viável? Felipe Perruso, da Grin, aponta que é importante dar alternativas de deslocamento para as pessoas e discutir com elas o impacto que causam.

Mas e quem não quer ou não pode pedalar ou subir num patinete como faz para se deslocar com segurança, rapidez e economia?

Nesse sentido, Fabiano Grisolia, do gabinete do vereador Police Neto, Zardi e Mannis, da Mobilitee, apresentaram soluções que têm como ponto de partida a integração de vários meios de transporte. Darrouy mostrou como tornar o ciclismo para a cidade algo que interessa também do ponto de vista econômico e, de quebra, aumentar a segurança de quem pedala.

No evento, o São Paulo São e o projeto CalçadaSP lançaram um filme para homenagear os 465 anos de São Paulo que acontece em 25 de janeiro próximo.

* Maria Lígia Pagenotto, especial para o São Paulo São, que autorizou a publicação da reportagem pelo A Vida no Centro.