Casa das Rosas: conheça o casarão de 1935 que vai passar por restauro

A Casa das Rosas – Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura, instalada num casarão construído em 1935, será restaurada. As obras começam no dia 18 de outubro e devem durar dois anos. Neste período em que a casa ficará fechada, continuarão sendo realizados eventos e exposições no jardim, um dos mais belos da cidade, ponto de atração para turistas ou moradores da cidade em suas andanças pelos equipamentos culturais da região.

A Casa das Rosas é um dos poucos casarões que ainda restaram na Avenida Paulista, que no começo do século 20 era toda ocupada por imóveis deste tipo. E é o único ainda conservado e mantido como um espaço cultural aberto ao público. O imóvel foi construído pelo escritório Ramos de Azevedo, autor dos mais importantes edifícios públicos e privados da época, como o Theatro Municipal, o Mercado Público de São Paulo e o prédio que hoje abriga a Pinacoteca do Estado.

Embora o casarão já esteja relativamente bem conservado, a reforma vai recuperar algumas características originais do imóvel, atualizar o sistema elétrico e hidráulico, ampliar a acessibilidade de pessoas com mobilidade reduzida e melhorar o espaço para visitantes.

Durante as obras, os objetos abrigados no museu serão guardados na sede da POIESIS, Organização Social responsável pela gestão do museu. O acervo bibliográfico Haroldo de Campos, biblioteca que pertenceu ao poeta, continuará aberto para consultas de pesquisadores mediante agendamento prévio.

A reforma vai custar R$ 4,2 milhões. Desse montante, 80% virão de recursos do Fundo de Defesa de Direitos Difusos do Ministério da Justiça, que recebe valores de condenações judiciais e multas, e 20% do governo do Estado de São Paulo.

Durante o restauro, atividades culturais como exposições, recitais, feiras e lançamentos de livros, continuam sendo realizadas no jardim. “A Casa das Rosas prosseguirá com sua intensa programação, voltada essencialmente à poesia, à literatura e à nossa memória cultural. Continuaremos promovendo o contato do público com obras literárias e autores de diferentes períodos de nossa história, mantendo viva a participação de autores da atualidade por diferentes formatos e meios, incluindo-se os tapumes que contornarão o edifício em obras”, diz Marcelo Tápia, diretor da Rede de Museus-Casas Literários de São Paulo, que inclui a Casa Guilherme de Almeida e a Casa Mário de Andrade.

A programação do museu pode ser acompanhada aqui.

No jardim, também continuará funcionando o Caffé Ristoro, café e restaurante com mesas ao ar livre.

História do casarão

Quando a Casa das Rosas começou a ser projetada, em 1928, o escritório do arquiteto Francisco de Paula Ramos de Azevedo já era autor dos principais prédios da cidade. Entre outros, ele projetou e construiu prédios de importância histórica hoje, como a Pinacoteca do Estado, o Theatro Municipal, o Prédio da Light (hoje Shopping Light) e o Mercado Público de São Paulo.

O imóvel, em estilo clássico francês, tinha 30 cômodos em quatro pavimentos, com sótão, porão, andar térreo e andar superior, além de edícula, jardins, quadras e pomar. A casa ficou pronta em 1935 e foi ocupada por uma das filhas de Ramos de Azevedo. Na época, a Avenida Paulista reunia a maioria dos milionários barões do café e os primeiros industriais da cidade.

Como era comum na época, quase todos os materiais são importados. Mármores italianos, vidros e cristais da Bélgica, além de encanamentos de cobre e louças do banheiro e da cozinha, que também vieram da Europa.  

Os herdeiros de Ramos de Azeveo viveram no local até meados dos anos 1980. Nessa época, a Avenida Paulista já não era mais a mesma. A Casa das Rosas já tinha como vizinhos prédios comerciais, bancos, edifícios modernos e um grande movimento de pessoas e veículos.

Ameaçado de demolição, o casarão foi tombado em 1985 pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arquitetônico e Turístico), desapropriado pelo governo do Estado no ano seguinte e preservado em ação inédita no Brasil, com a liberação parcial do terreno. Na parte do terreno que dá para a Alameda Santos, foi permitida a construção de um moderno edifício comercial, enquanto a casa foi restaurada e transformada pelo governo do Estado em espaço cultural, inaugurado no ano do centenário da Avenida Paulista, 1991.  

Nessa época, a Paulista já começava a mostrar sua vocação cultural, com a instalação de museus, livrarias, salas de cinema e de teatro, além de pequenos parques e jardins. A Avenida Paulista começa a se tornar um ponto turístico e cultural.

A reinauguração como Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura acontece no final de 2004, com uma programação de cursos, oficinas de criação e crítica literárias, palestras, ciclos de debates, lançamentos de livros, apresentações literárias e musicais, saraus, peças de teatro, exposições ligadas à literatura. Cerca de 190 mil pessoas visitam a Casa das Rosas anualmente.

Como visitar:

Avenida Paulista, 37 (próximo à estação Brigadeiro do metrô)

Convênio com o estacionamento Parkimetro: Alameda Santos, 74 (exceto domingos e feriados)

Acessibilidade: rampa de acesso, elevador e videoguia em libras.

Programação gratuita

Telefone: (11) 3285-6986 | 3288-9447 | E-mail: contato@casadasrosas.org.br | para atividades do Núcleo de Ação Educativa: educativo@casadasrosas.org.br

Leia também: VILA ITORORÓ: DE RESIDÊNCIA LUXUOSA AO ABANDONO E O RETORNO COMO CENTRO CULTURAL