Viaduto Santa Efigênia passa por reforma. Prefeitura diz que vai manter desenho do mosaico do piso
Pastilhas estão sendo retiradas e serão trocadas por outras semelhantes, segundo nota oficial da Prefeitura de São Paulo.
Entre 1927 e 1996 prédio funcionou como uma luxuosa agência do Banco do Brasil, antes de virar centro cultural. Veja fotos históricas
O prédio que abriga o Centro Cultural Banco do Brasil em São Paulo, na esquina da Rua Álvares Penteado com a Rua da Quintana impressiona. O prédio do CCBB já impressiona do lado de fora, e ainda mais quem atravessa o hall de entrada e chega ao átrio, com um piso de mosaico original e um pé direito de cinco andares, culminando num vitral. E isso se deve à longa história do edifício, de mais de um século desde que ele foi construído, reformado, fechado, restaurado e transformado num centro cultural, protagonista de toda a história do desenvolvimento econômico e cultural de São Paulo e do Brasil no século 20.
O edifício foi construído em 1901 e comprado em 1923 pelo Banco do Brasil. Seria a primeira agência em imóvel próprio do banco na capital paulista. Fundado em 1808 no Rio de Janeiro, após a instalação da Corte Portuguesa na cidade e a abertura dos portos brasileiros ao comércio internacional, o Banco do Brasil queria ter em São Paulo instalações à altura da cidade, que vivia um processo acelerado de desenvolvimento econômico e em breve se tornaria a maior cidade do país. Nos anos 1920, o café respondia por 70% das exportações brasileiras, e foi a sua riqueza que permitiu o desenvolvimento da cidade: primeiro com a imigração e a consequente industrialização para atender ao crescente mercado interno.
O arquiteto contratado para a reforma foi Hippolyto Gustavo Pujol Júnior, carioca filho de um imigrante francês e uma brasileira, que estudou engenharia e arquitetura em São Paulo, na então recém-criada Escola Politécnica, e na Europa. Ele foi um dos pioneiros no uso de concreto armado na cidade e fez um projeto ao gosto da época, misturando diferentes estilos europeus. Enriquecida pela exportação de café, a elite paulistana da época queria reproduzir em São Paulo os prédios que via em suas viagens à Europa. Bem estilo da época, ele misturou elementos da arquitetura neoclássica, art nouveau, art déco e eclético.
Edifício grandioso
O prédio, grandioso, tem cinco pavimentos. O cofre ocupava todo o subsolo, com portas que ainda estão lá e podem ser vistas pelos visitantes. Dentro da sala cofre, havia espaço para gavetas menores, usadas para guardar documentos, joias e pertences pessoais.
A agência bancária ocupava o térreo e o primeiro andar e era separada dos pisos superiores por um vitral, que hoje está no terceiro andar, deixando todo o vão central livre. Os pisos superiores eram alugados para escritórios.
A agência começou a funcionar em 1927 e ficou em operação até dezembro de 1996, testemunhando todas as fases pelas quais atravessou o Centro de São Paulo. Do crescimento acelerado nas décadas de 1930, 1940 e 1950 ao início da decadência nos anos 1960, quando o eixo financeiro mudou para a região da Avenida Paulista, inicialmente, depois para a região da Faria Lima e Berrini, esvaziando o centro histórico. Bancos, empresas e moradores deixaram a região, num processo que só foi revertido neste começo de século 21.
Mas a história continuou. E o Banco do Brasil ajudou na mudança e recuperação daquela região central. Em outubro de 1999, o BB começou as obras para transformar o prédio no Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo. E o prédio ganhava outra função.
Restauração e transformação em centro cultural
A restauração, com projeto do arquiteto Luiz Telles, recuperou os elementos originais do prédio histórico e os adaptou para novos usos.
Os balcões que eram usados para atendimento aos clientes são usados no térreo na bilheteria, na loja/livraria e no café.
No subsolo, o cofre fabricado na França no início do século passado está totalmente preservado e virou espaço de exposições – além de uma atração em si, com suas portas monumentais.
A principal mudança foi a transferência do vitral do primeiro para o terceiro andar, abrindo todo o átrio central e permitindo uma vista aberta de todos os andares. O acesso ao cofre, que antes só era possível pelo elevador pantográfico, ganhou uma escada.
Nascimento do CCBB SP
E, em 21 de abril de 2001 foi inaugurado o Centro Cultural Banco do Brasil, um espaço de 4.183 metros quadrados com espaço de exposições, teatro, cinema, auditório para palestras e debates, oficinas educativas, cafeteria e loja/livraria.
A abertura do CCBB foi importante no processo de recuperação do Centro Histórico. Hoje, 20 anos depois, a região se tornou um polo histórico e cultural, com a recuperação de outros edifícios importantes, além de um circuito de cafeterias. O CCBB-SP tem uma ampla programação cultural, com exposições, shows, teatros, cinema, programação educativa. Tudo gratuito ou a preços baixos. Desde o início da pandemia, tem também programação online.
Veja alguns destaques de cada estilo arquitetônico:
Fachada neoclássica. Simetria dos dois lados do edifício. As colunas tem ornamentos de folhas e coloração dourada, tradicionais do neoclassicismo.
Art nouveau. Estilo europeu que se desenvolveu entre o fim do século 19 e as primeiras décadas do século 20, é inspirado em formas sinuosas e assimétricas da natureza. Como o vitral na parte superior e as grades de ferro do mezanino e do primeiro andar.
Art déco. Formas geométricas e monumentais. O edifício do Banco do Brasil foi um dos primeiros a empregar esse estilo, presente no lustre, no hall de entrada e nas luminárias das paredes.
Eclético. É a mistura de vários estilos europeus. Na fachada do CCBB, encontram-se arcos romanos, colunas gregas, janelas e portas art déco e art nouveau.
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