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Em entrevista exclusiva ao A Vida no Centro, Fernando Chucre, secretário municipal de Desenvolvimento Urbano de São Paulo, explica qual a visão da prefeitura sobre o Centro e a razão de obras como a do Vale do Anhangabaú e Parque Minhocão
Por Denize Bacoccina e Clayton Melo
A São Paulo do século 20, voltada para o tráfego de veículos, deve dar lugar a uma nova cidade, pensada para o século 21, que privilegia os espaços públicos e pensa na mobilidade incluindo os novos meios de transporte que surgiram nos últimos anos, como carros, bicicletas e, mais recentemente, patinetes compartilhados. É esta a visão do secretário municipal de Desenvolvimento Urbano de São Paulo, Fernando Chucre, convidado do novo episódio do PodCentro, o podcast da plataforma A Vida no Centro.
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Fernando Chucre é arquiteto e urbanista e ocupou vários cargos no setor público. Foi deputado federal por São Paulo, presidente do Conselho do Patrimônio do Governo do Estado de São Paulo e presidente da Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano, a Emplasa. Na Prefeitura, foi secretário municipal de Habitação, em 2017 e 2018, onde coordenou as ações de PPP, parceria público-privada. Neste ano, assumiu a Secretaria de Desenvolvimento Urbano, onde é responsável por todas as obras e planos urbanísticos da cidade.
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Visão da Prefeitura sobre o Centro
A visão desta administração está colocada no próprio PIU e em outro eixo que é muito caro para a gente e consenso entre os urbanistas, que é trazer mais moradores para o Centro, uma região muito bem servida em infraestrutura e transporte. Por dia são mais de 2 milhões de deslocamentos da região metropolitana para o Centro, e o maior motivo é o trabalho. Se a gente conseguir adensar mais o Centro, conseguimos combater uma das maiores deseconomias que temos nos centros urbanos que é o deslocamento. Outras administrações fizeram um esforço considerável nesse sentido. É um desejo constante das administrações revitalizar essa região central. E nós vamos tentar também adensar e aumentar o número de moradores.
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O nosso movimento é para ao mesmo tempo criar condições urbanísticas, tributárias e fiscais e passar a mensagem para o setor privado de que vale a pena investir no Centro. E a Prefeitura fazendo a parte dela. O cuidado que nós tivemos na discussão com o prefeito Bruno Covas é que era preciso mostrar que vamos fazer alguma coisa. Mais do que um sinal político, é importante dar um sinal orçamentário. Essas obras estão no orçamento. A prefeitura vai fazer a parte dela neste esforço para requalificar o Centro de São Paulo.
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https://soundcloud.com/avidanocentro/mobilidade-urbana
Troca do calçadão
Não é uma obra de piso apenas, mas de infraestrutura, para que as concessionárias não precisem mais quebrar para fazer reparos. Não adianta mudar o pavimento se ele vai ser quebrado pelas concessionárias que precisam fazer obras.
Orçamento e capacidade de execução
O orçamento para calçadas é de R$ 400 milhões. A área mais beneficiada é a da Sé, porque é onde tem mais movimento de gente circulando. Outra dúvida é se teremos capacidade de executar esta obra. Estamos dividindo em vários lotes e acreditamos que conseguiremos fazer um pouco neste ano e muito no ano que vem. Temos um total de 7,5 milhões de metros quadrados de calçadas que foram mapeados como prioritários. Com esses recursos, vamos arrumar 1,5 milhão de quadros quadrados.
É uma obra de R$ 80 milhões. O projeto veio do governo anterior, foi discutido em todas as instâncias e já estava aprovado, pronto para ser implantado. Projetos de intervenção urbanística sempre são muito criticados, o tema desperta paixões. Cada arquiteto vai achar que o projeto dele é o melhor. Vai ser um projeto que vai cumprir a sua função de requalificar o Centro de São Paulo. Tivemos vários projetos ao longo do século que mudaram totalmente o Vale do Anhangabaú. Mudamos o projeto da pista de skate, a pedido dos skatistas que vieram nos procurar. Será refeita toda a parte de infraestrutura, que é a instalação de uma vala técnica, que fica embaixo do piso, que vai evitar quebradeira para manutenção depois. São mais de 30 empresas de serviços que fazem manutenção ali. Vamos requalificar aquele espaço para a realização de grandes eventos, que já existem hoje. A estrutura de fontes, que não deve operar o dia todo, também estará associada a pequenos equipamentos culturais, que vão dar uso ao local, além de paisagismo, arborização. Vamos valorizar os usos que o Anhangabaú já tem. Respeito as opiniões contrárias. Também sou arquiteto. Mas ela foi discutida. A reforma do Anhangabaú vai permitir ainda a integração com outros locais da região.
Mirante do Martinelli
No momento estamos com visitas monitoradas, com limitação de pessoas. Estamos fazendo uma licitação para conceder o local. Tem mais de oito interessados em fazer investimento ali. Uma vez definida a proposta ganhadora da licitação, ano que vem começam as obras. Além de um restaurante e bar, a licitação prevê a obrigação de um equipamento cultural. Ano que vem esperamos ter isso pronto.
Parque Minhocão – fechamento x impacto no trânsito
Fizemos um estudo de impacto de tráfego. O estudo da CET mostra que apesar de passaram 70 mil carros ali por dia, o impacto na cidade como um todo é muito pequeno. O impacto maior é na região, e para isso estamos analisando as soluções para minimizar os problemas. Tem um PIU sobre isso, que já teve duas consultas públicas. E é possível também dar opiniões pela internet. Quando se fala em desativação de vias de tráfego, a resistência sempre é muito grande, porque a nossa matriz é muito rodoviarista. Mas isso está mudando. Tem uma revolução na questão da mobilidade: Uber, bicicletas compartilhadas, patinetes. É uma opção. A prefeitura vai ficar olhando para trás, para o passado rodoviarista dos anos 70, ou vai olhar para a frente? O futuro é a micromobilidade. Vamos garantir a segurança com a instalação de um gradil, de 1,2 metro. Isso já foi licitado e não será afetado pela judicialização sobre o parque (o projeto está suspenso pela Justiça no momento). Este ano começam as obras de gradil e acessibilidade, que já permitiria que a gente já usasse aquele espaço para eventos, de forma controlada. Ali tem que ter regras específicas de uso.
Quanto custa demolir o Minhocão?
Os nossos estudos falam em mais de R$ 100 milhões.
Parque Augusta
Toda a parte legal já está superada. Estamos terminando a parte executiva e este ano ainda deve começar a obra. É uma obra rápida, que com certeza estará entregue até o meio do ano que vem.
Visão de cidade aberta e muito voltada ao pedestre
É essa a nossa visão. Não é contra o automóvel. São adequações que vão sendo feitas para atualizar. Em alguns meses apareceram 10 mil patinetes na cidade, e apenas em alguns bairros. São novidades que estamos aprendendo a lidar. Está havendo uma revolução na área de mobilidade. Estamos olhando para a cidade do século 21, e não para a cidade do século 19, do século 20. O prefeito Bruno Covas é um cara novo e está olhando para a frente em questões de meio ambiente, de mobilidade, de forma muito avançada.
Qual a sua relação com o Centro?
Eu trabalho no Centro e uso muito os equipamentos culturais do Centro, especialmente os teatros. Trabalho no Martinelli, de frente para o Anhangabaú.
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