Igreja Santa Ifigênia: conheça a história da Basílica da Imaculada Conceição
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Conheça um roteiro para passeio a pé no centro que ajuda a entender a história do café e como São Paulo se transformou numa metrópole em poucas décadas
Quando se pensa em café em São Paulo, hoje, a primeira coisa que vem à cabeça são as cafeterias, que nos últimos anos foram alçadas à categoria de locais gourmet. O que pouca gente se lembra é que o café está no início da formação de São Paulo na configuração atual, como centro cosmopolita, ponto de atração de imigrantes de todas as partes do mundo que vieram para cá em busca de novas oportunidades.
A exportação do café, em larga escala a partir da virada do século 19 para o século 20, está na origem da riqueza da cidade, que a partir daí se industrializou e diversificou sua economia. Foi a semente cultivada no interior do Estado a responsável pela transformação da pequena vila de São Paulo dos Campos de Piratininga numa das maiores metrópoles do mundo.
Boa parte dessa história pode ser observada num passeio a pé pelo centro de São Paulo. O historiador e consultor Marcos Marsulo, da Estação História, é quem nos guia neste passeio, que pode ser feito por conta própria, seguindo as indicações deste post, ou num dos passeios organizados pela Estação História ou pelo Passeios Baratos em São Paulo.
A história de São Paulo com o café começou por volta de 1850, e a cidade foi enriquecendo à medida em que virou o principal entreposto comercial da economia cafeeira que se desenvolvia no interior do Estado. E, conforme o consumo de café crescia, tanto nos cafés parisienses quanto nas fábricas europeias, as exportações paulistas aumentavam.
Uma caminhada pelo centro de São Paulo, num raio de menos de um quilômetro, permite vivenciar esta história, através da arquitetura que foi construída com esta riqueza, e refletir sobre o que restou disso tudo, um século depois.
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São edifícios luxuosos, muitos hoje vazios, como o Altino Arantes e o Martinelli, o primeiro arranha-céu da América Latina. Outros, como o antigo prédio do Mappin, que já foi a lojas mais luxuosa loja da cidade, estão degradados. Mas há também os que ainda estão como novos, como o Edifício Matarazzo, hoje sede da Prefeitura de São Paulo, e o Theatro Municipal, restaurado e com mesmo brilho de quando foi inaugurado, em 1911.
E para dar energia para a caminhada, o tour começa no Café Girondino, há mais de 100 anos no centro de São Paulo – atualmente ao lado da Estação São Bento do metrô, numa ambientação que lembra os cafés parisienses.
A dois quarteirões de distância, pela Rua São Bento, o Largo do Café, onde no início do século 20 foi criada a Bolsa Mercantil e depois da Bolsa de Mercadorias e Futuros, que comercializava o café. Hoje, tudo é feito na B3, fusão da Bolsa de Valores, Mercantil e de Mercadorias e Futuros.
O café trouxe tanto dinheiro para São Paulo – que no fim do século 19 era uma cidade ainda relativamente pequena, distante da capital, Rio de Janeiro – que os bancos estrangeiros começaram a se estabelecer na cidade. O Deutsch Bank montou, na esquina da Rua 3 de Dezembro com 15 de Novembro, uma filial na nova capital cafeeira. Um prédio imponente, com blocos de granito, que foi atacado durante a segunda guerra.
Cópia do Palácio Strozzi, em Florença, a sede do Banco Francês e Brasileiro foi construído em 1927. Todas as ferragens foram feitas pelo Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, uma escola que ensinava técnicas de construção e decoração europeias a uma mão de obra brasileira que ainda não tinha a sofisticação desses países.
A primeira agência própria do Banco do Brasil em São Paulo, na esquina da Rua Álvares Penteado com a Rua da Quitanda. O prédio de 1901 foi comprado pelo BB em 1923 e reformado para servir como luxuosa agência bancária. Em 2001 foi novamente reformado para abrigar o Centro Cultural Banco do Brasil.
Durante mais de 300 anos a cidade de São Paulo ficou restrita a uma área pequena, hoje chamada de “triângulo histórico”. Pois a cidade acontecia entre as ruas XV Novembro, Direita e São Bento tanto econômica, como financeiramente e socialmente. Foi a riqueza do café que permitiu a expansão para a “cidade nova” para o outro lado do Vale do Anhangabaú, com a construção do Viaduto do Chá, em 1892. O dinheiro do café fez nascer uma nova cidade. Tanto que para ir “à cidade”, expressão que generalizou-se como sendo para toda a cidade nas décadas seguintes, os cidadãos tinham que pagar 2 tostões de pedágio para atravessar o viaduto, com guaritas na entrada e na saída do primeiro viaduto nos primeiros seis anos de vida.
E foi ali, no centro novo, reduto da elite cafeeira, onde foi instalado o Theatro Municipal em 1911. Na época com capacidade para 2 mil pessoas, o Municipal só anunciava sua programação após a florada do café, quando já se sabia se a economia da cidade também iria florescer naquele ano.
Entre os prédios privados, no entanto, o mais luxuoso e chamativo foi o Edifício Matarazzo, construído nos anos 1930 e inaugurado em 1939 para ser a sede das Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo, na época o maior conglomerado industrial brasileiro, com atuação em alimentos, têxteis, mineração, metalurgia e tudo o mais que fosse necessário.
Hoje sede da Prefeitura de São Paulo, o Edifício Matarazzo foi projetado pelo arquiteto italiano Marcelo Piacentini, arquiteto do ditador Benito Mussolini, todo em mármore travertino e com obras de arte trazidas diretamente da Itália. É possível visitar o edifício e seu famoso jardim suspenso. Saiba aqui como visitar e veja aqui uma galeria de fotos feitas lá em cima.
Do outro lado do Viaduto, o edifício que ficou conhecido como sede da loja de departamentos Mappin, também inaugurado em 1939, e hoje Shopping Light, construído como sede da Light and Power Co., empresa canadense de energia elétrica e construído em duas etapas, em 1930 e 1942.
Serviço:
É possível fazer o passeio a pé, seguindo as instruções, inclusive visitar o interior de alguns prédios, abertos nos dias úteis e alguns também aos sábados.
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