Igreja Santa Ifigênia: conheça a história da Basílica da Imaculada Conceição
O guia de turismo Laércio Cardoso de Carvalho fala sobre a história da igreja Santa Efigênia, que é oficialmente uma basílica.
Exibição tem mais de 300 obras e vai além dos famosos azulejos que enfeitam os principais prédios públicos de Brasília. Veja fotos
Se na paisagem de Brasília são as obras do arquiteto Oscar Niemeyer que se destacam, por dentro dos prédios principais é a azulejaria de Athos Bulcão que dá identidade à capital brasileira. Os painéis de azulejos com formas geométricas também podem ser vistos em São Paulo, no Memorial da América Latina e em outros lugares, como o Sambódromo, no Rio. A partir de primeiro de agosto e até o dia 15 de outubro, a obra de Athos Bulcão pode ser vista numa grande exposição retrospectiva no Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB).
“100 Anos de Athos Bulcão” comemora o centenário de nascimento do artista e propõe um profundo mapeamento e imersão na diversidade de seus trabalhos e técnica. Com curadoria de Marília Panitz e André Severo, a exposição mostra o processo de produção de Athos Bulcão, com a exibição de mais de 300 trabalhos, alguns dos quais inéditos, realizados entre os anos 1940 e 2005. Obras de artistas mais jovens que direta ou indiretamente foram influenciados por Athos também serão apresentadas.
Dividida em núcleos, “100 anos de Athos Bulcão” vai além da arte da azulejaria, sua faceta mais conhecida: destaca também a pintura figurativa do artista realizada nos anos 1940 e 1950, antes de Brasília. “A série dos carnavais e sua relação com a pintura sacra é extraordinária”, afirma Marília Panitz, ao destacar que Athos Bulcão utilizou uma mesma estrutura composicional para trabalhos sacros e profanos, citando como exemplo A Vida de Nossa Senhora, que está na Catedral do Distrito Federal.
A mostra contém ainda os croquis que Athos Bulcão fez para o grupo de teatro O Tablado, do Rio de Janeiro, os figurinos das óperas Amahl e Os Visitantes da Noite de Menotti, paramentos litúrgicos modernistas, grande acervo de seu trabalho gráfico e até os lenços que desenhou quando estava em Paris. No Estado de São Paulo, outro trabalho público se destaca: o relevo em madeira pintada no foyer do Teatro de Araras, em 1991.
Outro aspecto relevante da exposição é a interatividade, desenvolvida a partir do caráter urbano e democrático da obra pública de Athos Bulcão inserida nas cidades. Através de um aplicativo criado especialmente para a mostra, o público será convidado a interagir e apropriar-se de projetos do artista.
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Além disso, no dia 1º de agosto, às 19h, no CCBB, um bate-papo completa a programação. Os curadores, a secretária executiva da Fundação Athos Bulcão, Valéria Cabral, dos artistas Pedro Ivo Verçosa, Julio Lapagese e Virgílio Neto, que tem obras patentes na exposição, e o fotógrafo Tuca Reinés, responsável por muitos clicks das obras de Athos, irão dialogar com os visitantes sobre a vida e obra de Athos Bulcão.
Veja algumas obras:
A exposição é dividida em vários núcleos, representando diferentes momentos da trajetória do artista.
As obras do Núcleo 1 – A cor da fantasia – exibem o caráter figurativo, e menos conhecido, no conjunto de criação de Athos Bulcão. Com figuras simplificadas e uma paleta particular, as cores puras e os tons terrosos predominam. O universo imaginário do artista formalmente aproxima as festas profanas com as imagens religiosas que produziu, ainda no início dos anos 1960, para a Catedral de Brasília. Nesse núcleo estão também as vestes litúrgicas e projetos para painéis e vitrais de igrejas, assim como os desenhos realizados no final da vida do artista, quando o tema do carnaval que aparece como lembrança ancestral, reaparece.
No Núcleo 2 – Devaneios em preto e branco – fotomontagens apontam para um pensamento tributário das experimentações surrealistas e de certa vertente construtiva presente nos desdobramentos da experiência da Bauhaus. Aqui é possível identificar a maestria da composição associada a um viés de humor. Além das Fotomontagens pertencentes ao acervo da Fundação Athos Bulcão, a mostra exibe pela primeira vez as colagens que deram origem a elas – todas pertencentes a uma coleção particular.
Na abertura do Núcleo 3 – É tudo falso – surge o artista segurando uma máscara que é a reprodução de uma outra, ancestral. O título do núcleo toma uma fala de Athos Bulcão que questionava a ideia de originalidade e, portanto, a de falsificação, assim como outros artistas seus contemporâneos.
Junto a essas “pinturas objetos” estão pinturas, gravuras e desenhos em torno do mesmo tema da documentação antropológica imaginária. Ainda estão presentes alguns dos bichos – coleção de esculturas criadas em pequena escala, à maneira dos seres imaginários de Borges, e depois construídas em tamanho maior para ajudar o desenvolvimento do aparelho locomotor das crianças da Rede Sarah de hospitais.
No Núcleo 4 – A geometria e a poesia – se pode observar mais profundamente o grande colorista Athos Bulcão e sua paleta de cores. Em um tríptico estão reunidos os três vieses desse grupo de obras pictóricas desenvolvidos entre o final dos anos 1960 e os anos 1990: as máscaras, que quase desfaziam a figuração; a associação de recortes quadrados que se espalhavam sobre o fundo monocromático; e as texturas com pequenos círculos, pontos, cruzes, quase ideogramas particulares criados pelo artista, que se espalham por toda superfície da tela e definem, sutilmente, formas que parecem instáveis dando-se a ver e desaparecendo sob o olhar do observador. Em diálogo com as telas, estudos de painéis de azulejos, desenhos e gravuras que comprovam o parentesco conceitual nas diversas experimentações: coerência e diversidade.
O Núcleo 5 – A forma reinventada e seus modos de usar – reúne as experiências do artista em diversos campos como capas de revistas e livros, ilustrações de jornais, projetos de estamparia em lenços e capas de discos. Também são apresentadas suas incursões no teatro – em especial, junto ao grupo O Tablado, de Aníbal Machado – onde foi cenógrafo e figurinista, além de designer dos programas das peças. Os projetos para mobiliário, realizados em residências particulares e também para a Rede Sarah, completam esse núcleo. É um bom momento para refletir como, a partir de uma clara proposta estética e conceitual, o artista se aventura por outros campos de fazer.
O Núcleo 6 – Construções/Montagens: a invenção de uma forma de integração da arte à arquitetura – é o maior núcleo da mostra. Dele fazem parte os trabalhos que evidenciam essa integração reconhecida em muitas cidades no Brasil – Brasília (mais massivamente), Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Natal, Recife, Salvador, Fortaleza, São Luiz, Teresina, Cuiabá, Aracajú, Vitória – e no exterior – Buenos Aires (Argentina), Praia (Cabo Verde), Lagos (Nigéria), Nova Delhi (Índia), Milão (Itália), Saint-Jean-Cap-Ferrat (França). Nesse conjunto de obras é possível observar o método do artista, sua precisão e sua abertura para a surpresa, para o inesperado, o que mantêm sua obra com um frescor perene.
Como se estivesse em um jogo, o visitante é convidado a interagir e apropriar-se de projetos de painéis de azulejos (marca maior do trabalho do artista). O exercício proposto no Núcleo 7 – Interagir com Athos Bulcão, transformar a cidade – ocorre através da utilização de um aplicativo desenvolvido especialmente para a mostra. A reprodução de imagens projetadas na parede da sala permite que o público possa experimentar os azulejos de Athos Bulcão sobre superfícies de prédios escolhidos dentro do repertório oferecido pelo jogo.
O Núcleo 8 – Rastros de Athos Bulcão – mostra a influência de Athos no trabalho de artistas contemporâneos. Obras de alguns artistas que reconhecem de alguma forma a presença de Athos Bulcão em suas poéticas são exibidas junto a obras de Athos Bulcão, que correspondem a esta zona de influência.
SERVIÇO
100 anos de Athos Bulcão
Visitação: De 1o de agosto até 15 de outubro
Bate-papo: 1o de agosto às 19h
Com a presença dos curadores, Marilia Pantz e André Severo, da Secretária Executiva da Fundação Athos Bulcão, Valéria Cabral, dos artistas Pedro Ivo Verçosa, Julio Lapagese e Virgílio Neto, além do fotógrafo Tuca Reinés.
Gratuito
Horário de funcionamento: de quarta a segunda, das 9h às 21h
Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo
Rua Álvares Penteado, 112 – Centro. São Paulo – SP
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