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Conheça os jornalistas fundadores da Banca Tatuí, Sala Tatuí e Lote 42, protagonistas de uma nova cena na literatura, arte e cultura no País
Ariane Cordeiro| Uma editora que publica livros diferentes, abrindo espaço para autores independentes e atendendo aos consumidores que não querem apenas o que é publicado pelas grandes editoras. Foi esta a ideia da Lote 42, editora criada em 2013 inicialmente pelos jornalistas e amigos João Varella e Thiago Blumenthal. Com a saída de Thiago, a editora agora é de João e da também jornalista Cecília Arbolave.
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Após um ano de trabalho, a dupla começou a pensar em maneiras de expor as obras editadas pela Lote 42 de um jeito diferente das tradicionais livrarias e websites. Foi então que surgiu a ideia de reformar uma banca de jornal de rua, praticamente inutilizada, para compor uma livraria única e exclusiva. Iniciavam assim a trajetória da Banca Tatuí, não por acaso na Rua Barão de Tatuí, na Vila Buarque. Leia aqui uma matéria com os outros estabelecimentos na Rua Barão de Tatuí. Com a democracia e o acesso à informação como pilares, a Banca Tatuí virou um modelo inovador de consumo literário de obras independentes.
Hoje, são mais de 180 títulos apresentados ao público, e a banca deu outros frutos. Em 2018 surgiu a Sala Tatuí, um espaço no terceiro andar de um prédio próximo à banca, no número 302 da Rua Barão de Tatuí. Onde também funciona a sede da Lote 42. A Sala Tatuí é reservada para visitações, networking, troca de conhecimentos e aprendizados técnicos, com uma programação especial composta por palestras, cursos e workshops dentro do universo literário, voltados à cultura, arte e ao mercado de produção editorial.
Em conversa para o A Vida no Centro, o casal contou um pouco mais sobre cada estabelecimento e como é a interação entre eles, as pessoas, o Centro e a cidade.
A Vida no Centro: Como surgiu a ideia de abrir um negócio para livros independentes no Centro?
Cecília e João – A Cecília é argentina. Chegou ao Brasil há 10 anos e foi morar na região da Rua Augusta, no Centro de São Paulo. Ela ficou na casa de um amigo, depois foi para a Lapa onde passou 2 meses, até encontrarmos um apartamento no Campos Elíseos que pudéssemos dividir. No mesmo ano, fomos morar juntos no Centro. Somos jornalistas e trabalhávamos em redação. Nós e mais um amigo, Thiago Blumenthal, conversávamos muito sobre livros e mercado e sentíamos falta de mais livros diferentes, com contextos fora dos mercadológicos. Queríamos ver livros de amigos e até nossos publicados, ou mesmo poder achá-los com maior facilidade. Foi então que começamos a estudar esse mercado e ver que havia essa necessidade de consumo e, para os artistas, um espaço para publicação. Assim surgiram os primeiros passos do negócio.
Em 2013, abrimos a editora Lote 42 junto ao nosso amigo Thiago Blumenthal. Ele saiu após poucos meses e Cecília assumiu a responsabilidade em período integral, deixando a redação e outros freelas para se dedicar full time à editora. Como nós morávamos no Centro, decidimos procurar uma locação próxima à nossa casa, para ficar mais fácil e econômico o deslocamento. E, na mesma época, surgiu a oportunidade de alugar uma sala no número 302 da Rua Barão de Tatuí, na Santa Cecília.
Qual o diferencial da editora Lote 42?
A Lote 42 é uma editora que olha para cada obra como algo muito especial. Prezamos pelo cuidado e pela qualidade e não pela quantidade. Hoje nos comprometemos com o número que conseguimos fazer de maneira que tenhamos todo o processo e atenção em mãos. A gente seleciona um projeto, para, analisa e sente o que cada material está pedindo. Na parte da edição, a gente não corre com nada. Infelizmente, abrimos mão de várias publicações bacanas para conseguir dar conta de maneira qualitativa das quais nos comprometemos. É um processo bem artesanal. Para nós, o livro merece toda a atenção, pois ele permanece para sempre. É um produto eterno, que transcende, portanto tem que ser tudo bem feito. Além do respeito e admiração que temos pelo trabalho dos artistas.
As publicações são brasileiras. Há também espaço para artistas estrangeiros?
Sim, temos algumas publicações de escritoras da Argentina, porém a maioria é do Brasil.
Enquanto Cecília se dedicava a Lote 42, como era a sua rotina, João?
Na época, eu era repórter na revista Istoé Dinheiro. Eu ficava com um pé na redação e um na editora. E foi assim até 2015, quando decidi que era o momento de sair da redação e me juntar à minha parceira, me dedicando integralmente ao nosso projeto.
O tempo que eu fiquei na Istoé Dinheiro foi muito importante para o meu aprendizado e amadurecimento, pois eu trabalhava entrevistando e escrevendo sobre empreendedores. Eu sempre brinco dizendo que a minha passagem por lá foi um verdadeiro MBA informal em empreendedorismo. Sou muito grato por essa experiência.
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Um ano depois que vocês inauguraram a Lote 42, surgiu um negócio diferente e pioneiro no País, a Banca Tatuí. Como foi o processo inicial da ideia para a abertura da Banca?
A gente começou a analisar maneiras para colaborar com a divulgação das obras que editávamos pela Lote 42. A gente recebe conteúdos muito bons, ricos em cultura, com muita história. Nós queríamos expor para um maior número de pessoas essas obras. Não só isso, mas também tornar mais acessível o consumo delas. Não digo pelo preço, mas pela exposição mesmo. Onde comprar algo assim? Às vezes, as pessoas têm preguiça e acabam não procurando por esse tipo de conteúdo e consomem só o que o mainstream apresenta.
Foi pensando, estudando, ouvindo amigos, pessoas de mercado e ligando muitas idéias que começamos a pensar em algo na rua, algo democrático e popular, e surgiu a banca. Nada mais democrático do que andar na rua e poder ler e comprar livros, assim, na calçada. No nosso caso, a banca existia do outro lado da rua, em frente à sede da Lote 42. Era uma banca de jornal tradicional, só que estava muito malcuidada e suja. Reformamos e abrimos em 2014. De lá para cá, a Banca virou ponto de referência para os nossos livros. Ela passou a ser esse local onde os livros independentes são destaques.
E qual foi a reação inicial do público e da vizinhança quando ficou sabendo do projeto?
Foi muito especial porque na etapa de pré-reforma tivemos que fazer uma grande faxina e a vizinhança nos ajudou. Todos ficaram muito intrigados com o novo rumo e adoraram saber que funcionaria um braço de uma editora de livros independentes. Além da ajuda física, tivemos auxílio do dono do bar, que emprestou a energia enquanto não ligavam a nossa, uma água aqui e assim foi indo, sempre muito harmônico.
A Banca Tatuí é pioneira no Brasil a expor e vender obras independentes nesse formato. Como vocês se vêem sendo precursores de uma nova onda de consumo literário e inspiração para outros projetos no País?
É muito bacana ver que servimos de inspiração para pessoas da cidade, de outros espaços e até de outros países. Já recebemos contato de um português que mora em Lisboa e tem um projeto semelhante. O melhor é ter essas obras expostas para todos, na rua. Quem quer vir para ler, ver e comprar que venha. Aqui é um canto para todos. Além de livros, há outros formatos para leitura, como quadrinhos e fanzines.
Desde que a Banca Tatuí foi inaugurada, a Rua Barão de Tatuí vem passando por transformações, com novos negócios e empreendimentos sempre chegando. Como vocês avaliam esse cenário e como é fazer parte desta recente história da região?
A Rua Barão de Tatuí mudou muito. Quando abrimos a Banca Tatuí, em 2014, a esquina era ocupada por traficantes de drogas e era perigosa, escura, ninguém gostava de passar desse lado da calçada. A esquina tinha até um apelido e era conhecida como esquina da Ladrão de Tatuí com a Emaconhada Conceição (menções às ruas Barão de Tatuí e Imaculada Conceição). Hoje já não existe mais esse cenário, e tudo sem a intervenção da polícia. O que aconteceu foi que as pessoas começaram a frequentar mais a rua. Os novos estabelecimentos que foram abrindo atraíram também uma nova clientela, dando mais visibilidade ao lugar. As pessoas foram ocupando e transformando a rua e, consequentemente, a região. Nesse recente processo, a Banca teve a sua colaboração, sim. Ela beneficiou e hoje em dia ela é beneficiada.
E a Sala Tatuí, que fica em frente. Como ela funciona?
A Sala Tatuí é um espaço localizado na sede da editora Lote 42. Ela é fechada, funciona com horários agendados e recebe visitas monitoradas. Há também programação especial voltada a palestras, cursos e workshops sobre o mercado editorial. A gente costuma atualizar as informações no site da Lote 42 e em nossas redes sociais.
Para vocês, o que é viver no Centro?
É praticidade, conforto, possibilidade de fazer tudo a pé. Residir e fazer tudo no Centro facilita a vida. Vai ao encontro da nossa filosofia de viver de maneira simples e prazerosa.
O que mais nos encanta é a oferta cultural e o fácil deslocamento (com acesso a vias e ao transporte público variado). Nós não temos carro, fazemos tudo a pé. É uma delícia. Isso dá uma paz de espírito. Essa tranquilidade não tem preço.
Leia também: CONHEÇA A BARÃO DE TATUÍ, A RUA DOS BARES, RESTAURANTES, LOJINHAS E OUTROS PONTOS DESCOLADOS NO CENTRO DE SÃO PAULO
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