Viaduto Santa Efigênia passa por reforma. Prefeitura diz que vai manter desenho do mosaico do piso
Pastilhas estão sendo retiradas e serão trocadas por outras semelhantes, segundo nota oficial da Prefeitura de São Paulo.
O guia de turismo Laércio Cardoso de Carvalho conta a história de prédios ao redor da Igreja Santa Ifigênia.
Laercio Cardoso de Carvalho
No post passado relatamos as belas obras de Arte na Basílica Menor da Imaculada Conceição, mas conhecida como igreja de Santa Ifigênia. Hoje vamos falar do seu exterior e dos interessantes prédios vizinhos, todos tombados. Assim, se alguém for visitar a igreja poderá incrementar ainda mais o passeio.
No interior do templo, um belo patrimônio artístico. Do lado de fora, um patrimônio histórico da cidade de São Paulo, muito raro. Na lateral externa voltada para a Avenida Casper Líbero podemos ver na parede diversas marcas de balas. Marcas quase centenárias, pois foram disparadas na Revolução de 1924, que em julho completará 100 anos.
Uma revolução pouco falada, com poucos livros publicados sobre ela, mas que causou muitas mortes, mais de 500, quase todos civis dentro de suas casas. Diferentemente da Revolução de 32 que aconteceu nas divisas de Estado, nesta os combates aconteceram dentro da cidade. Fez parte do movimento tenentista, quando parte do II Exército e da Força Pública (atual Polícia Militar) se rebelaram contra o governo do presidente Arthur Bernardes. Tropas fieis ao presidente vieram para São Paulo para combater os rebeldes. Para colocar a população contra os revoltosos várias casas, indústrias e igrejas foram metralhadas.
Os rebeldes utilizavam as torres das igrejas como posto de observação. Por isso, os soldados que vieram para combatê-los atiravam nas torres tentando acertar o inimigo.
Num próximo post falaremos mais detalhadamente sobre essa revolta, que ultimamente é conhecida como a “revolução esquecida” e durou de 5 a 28 de julho de 1924, deixando 503 mortos e 4.864 feridos. No Museu da Santa Casa consta a relação de feridos e os tipos de ferimentos. A população apavorada deixou a cidade, calcula-se que em torno de 250 mil moradores de São Paulo foram para o interior.
Leia também: REVOLTA DE 1924: O CONFLITO QUE DEIXOU SÃO PAULO DESTRUÍDA. VEJA FOTOS
Vizinho à igreja, um prédio de longe chama a atenção, com sua fachada curva e os frisos cor-de-rosa. Em 1942 recebeu o Prêmio Nacional de Arquitetura considerado o mais belo prédio construído em 1941/1942, obra do engenheiro-arquiteto Archimedes de Barros Pimentel, seguindo o projeto do austríaco Enrico Brand. Mandado construir por Germaine Burchard para ser o primeiro flat de São Paulo. Reservou para si a cobertura com 330 m2 para passar férias quando viesse da França.
Inicialmente foi denominado Edifício Germaine Burchard. Nos anos 1950 foi reformado por Vladimir Vensann e Lucian Korngold e passou a ser Hotel Alvear, um dos mais luxuosos da cidade. Vendido em 1989, passou a se chamar Marian Palace Hotel. Em 2010 as atividades do hotel foram encerradas, pois o prédio foi vendido.
Após reforma comandada por Pierre Marmeinstein, se tornou um edifício residencial, e as suítes do hotel foram transformadas em apartamentos. A fachada tombada pelo CONDEPHAT (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico) foi mantida. O nome atual é Marian.
Um pouco mais à frente, na esquina com a Avenida Ipiranga. está o Montreal. Projeto de Oscar Niemeyer, inaugurado em 1954 como parte das homenagens ao IV Centenário de São Paulo. Tem 41.600 m2 de área construída, 80 m de altura, 21 andares e 230 apartamentos. Totalmente residencial, tem lojas ocupando todo o piso térreo. Uma porta de entrada na Avenida Casper Líbero e outra na Avenida Ipiranga dão acesso ao subsolo onde ficam os elevadores. Nas duas entradas, painéis de autoria de Di Cavalcanti nas paredes.
Atravessando a rua, está o edifício J. Moreira, belo exemplar art déco. Uma grande construção com 7 andares, apresenta maior horizontalidade do que verticalidade. Projetado e construído entre 1930 e 1936 pelo escritório Severo & Villares, sucessores de Ramos de Azevedo. Hoje de uso misto, inicialmente era totalmente residencial exceto o piso térreo, que sempre foi comercial.
Vizinho a ele desde 17 de junho de 2010 está o prédio do Poder Judiciário Justiça Militar da União Segunda Circunscrição Judiciária Militar. O prédio inaugurado em 1939 como Palácio da Imprensa foi projetado e construído pelo escritório Severo & Villares para que Casper Libero instalasse ali a redação e o parque gráfico do jornal A Gazeta. A Justiça Militar adquiriu o prédio em 2007 e de dezembro de 2008 a maio de 2010 realizou ampla reforma, preservando a fachada original e a pintura (afresco), de autoria de Fulvio Pennachi, com 8 metros de extensão contando a história da imprensa, dos papiros ao jornal A Gazeta sendo rodado na mais moderna rotativa na época.
Na mesma calçada um charmoso prédio no estilo eclético, inaugurado em 1924, projetado e construído por Ramos de Azevedo, o Hotel Regina. Utilizou o que havia de melhor, de mais nobre: mármore carrara, ferros estruturais importados da Inglaterra, cristais belgas, esquadrias e lambris de pinho de riga. Os apartamentos eram luxuosos e o serviço de bar de restaurante de alta categoria. Funcionou até 1936. Ficando abandonado foi ocupado na década de 1940 pela Aeronáutica, que instalou o Comando da IV Zona Aérea, permanecendo até 1965, quando o prédio foi então colocado à venda. Somente em 1968 apareceu um comprador, que reformou o edifício que havia sofrido modificações para o uso como quartel. Modernizou todas as instalações, recuperou a fachada tombada e manteve as linhas arquitetônicas originais. Passou a funcionar em maio de 1973 e passou a ser denominado São Paulo Center Hotel, atualmente São Paulo Inn.
Pastilhas estão sendo retiradas e serão trocadas por outras semelhantes, segundo nota oficial da Prefeitura de São Paulo.
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