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Isolamento social imposto pela pandemia de coronavírus também coloca em stand by a liberdade de locomoção e a possibilidade do encontro
Wans Spiess
São 06h30 da manhã. Carrego no colo um “ancião” que tem permissão para sair de casa – o Picolé, meu cãozinho de 14 anos. Escolho descer os 5 lances de escada para evitar o elevador e movimentar mais as pernas. O dia está lindo, o sol já brilha forte, mas fica a sensação de estar fazendo algo que talvez não seja permitido. Ao ar livre, sinto o peso da dúvida soprar.
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A determinação da quarentena no estado de São Paulo, com validade inicial de 15 dias, começou a vigorar na terça-feira, dia 24 de março. Fechou escolas e comércio – com exceção dos serviços essenciais – assim como nos privou do cinema, do passeio no parque e da ida a qualquer outro lugar onde as pessoas se reúnem. A pandemia do corona vírus colocou em “stand by” o que temos de mais valioso: a liberdade de locomoção e a possibilidade do encontro.
Em São Paulo, como moradora do centro da cidade, ao longo dos dias acompanhei a diminuição gradual do tráfego de pessoas conforme migramos nossa vida social e, em muitos casos, nosso trabalho para o online.
Eu também fui suspendendo minhas caminhadas – que são para mim um meio de locomoção mas também objeto de estudo e trabalho. Sinto como se um fluxo contínuo de conexão se rompesse, causando um descolamento do drama da cidade que parece não ter mais vida própria.
É muito fácil entender os benefícios de uma caminhada. Não há medicamento que substitua a atividade física como instrumento de promoção de saúde. Há a alternativa de fazer exercício em casa mas o que pode ser melhor do que sair de casa e tomar um ar? Sem contar que o único gasto é o da sola do sapato, o que não deixa de ser um benefício e tanto.
Para além do exercício físico, caminhar é uma forma de terapia. Não se trata apenas de deslocar-se de um ponto ao outro. O caminho é também aquilo que se vive ao longo, no “entre”. Há benefícios sociais e psicológicos da atividade que estimula o coração e clareia a mente. Para estados de ansiedade, até caminhadas curtas fazem uma diferença. Uma oportunidade de desvencilhar-se um pouco das preocupações e se reconhecer dentro do caos.
“Para uma atividade aparentemente inócua e que costuma ser realizada por um participante totalmente desatento de seu funcionamento, o ato de caminhar carrega um grau de significação surpreendente. Como pode algo tão óbvio, tão instintivo, chegar a este papel? A resposta, evidentemente, está não tanto no movimento das pernas quanto no que este movimento simboliza e aonde ele pode a mente levar.”
A ARTE DE CAMINHAR, MERLIN COVERLEY
Caminhar pelas ruas simboliza um fio crucial com o tecido social da cidade como também com a nossa própria sanidade. Colocar um pé na frente do outro é um ótimo lembrete para aceitar as coisas como elas acontecem agora, dia após dia. A pé não costuma falhar!
A questão é que mesmo com menor número de pedestres e com calçadas generosas – como na Av. São Luis e no Viaduto Nove de Julho, próximos de onde moro – os encontros de perto nas calçadas parecem inevitáveis. A chance de você se ver repentinamente frente a frente com um estranho é grande. Sem contar que devemos dar o exemplo. Apesar de concedidos, passeios urbanos não deixam de ser preocupantes no clima atual.
Enquanto na Itália e na Espanha a orientação é de total “lockdown” – até com drones sobrevoando as cabeças emitindo broncas –, nos EUA os residentes de São Francisco podem sair por necessidades essenciais, como remédios ou alimentos, e atividades ao ar livre, como caminhadas, hiking ou corrida desde que mantenha-se pelo menos um metro e meio de distanciamento social. Já os nova-iorquinos ainda contam com passeios pela cidade como uma forma de limpeza mental, sendo que as ruas agora livres dos carros foram liberadas para que as pessoas possam se exercitar.
No Brasil, embora não haja neste momento uma restrição absoluta, é preciso ter cuidado com as orientações de isolamento social. O melhor é que as pessoas passem mais tempo em casa e evitem ficar nas ruas. As que precisam sair devem tomar medidas extras para manter sua zona de espaço pessoal. Se achar melhor ficar em casa para dar o exemplo, faça-o.
Por fim, não posso deixar de reconhecer a minha posição de privilégio por conseguir trabalhar de casa, somada a tantas outras facilidades quando comparadas às condições da maior parte da população do país. Por isso, nesse tempo em que somos chamados a confirmar nossa humanidade, se for inevitável ir para a rua não deixe de ajudar aquele que não tem 4 paredes para se isolar; ou dê de comer ao cãozinho que não encontra mais as sobras; escolha comprar do mercadinho vizinho para apoiar a economia local; e não esqueça de perguntar àquele seu vizinho idoso se ele precisa de algo. Há um poder no caminhar cotidiano que não podemos deixar inativo.
O importante é a consciência de que cada um precisa fazer a sua parte.
– Não suporto não poder ir à terra e abraçar minha família.
– E se te deixassem sair do navio e estivesses contaminado, suportarias a culpa de infectar alguém que não tem condições de aguentar a doença?
– Não me perdoaria nunca, mas para mim inventaram essa peste.
– Pode ser, mas e se não foi inventada?
– Entendo o que queres dizer, mas me sinto privado da minha liberdade, Capitão, me privaram de algo.
– E tu te privas ainda mais de algo. Se te privas de algo sem responder de maneira adequada, terás perdido.
– Então quer dizer, segundo me dizes, que se me tiram algo, para vencer eu devo privar-me de mais alguma coisa por mim mesmo?
– Exatamente.
LIVRO VERMELHO, CARL GUSTAV JUNG
Repasso as recomendações do Ministério da Saúde em coletiva de imprensa e outros pontos baseados no simples bom senso.
Vale ressaltar que estas diretrizes estão em constante revisão, conforme a situação toma novos contornos, e por isso é preciso estar sempre atento a mudanças.
O projeto Para Descobrir Chão Paulo, que traz a cada mês um novo tema sobre as calçadas de Sampa, também está de quarentena. Esperamos voltar em breve com mais histórias das nossas calçadas.
Siga o CalçadaSP no Instagram (@calcadasp) e use #calçadasp para compartilhar suas fotos, elas podem fazer parte da galeria de calçadas artísticas do projeto.
Leia também: A VIDA NA QUARENTENA: MORADORES DO CENTRO DE SP RELATAM SUAS EXPERIÊNCIAS DURANTE O ISOLAMENTO
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