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A vida na quarentena: moradores do Centro de SP relatam suas experiências durante o isolamento

O coronavírus colocou a vida na quarentena, e esta situação, além de impor mudanças de hábitos, provoca reflexões e um novo olhar sobre si próprio e sobre as relações pessoais; veja como alguns moradores da região central estão lidando com a nova realidade

A pandemia de coronavírus mudou a rotina de muita gente no Centro de São Paulo. A vida corrida da metrópole deu lugar ao isolamento social. Cada um na sua casa, evitando sair à rua, alguns trabalhando de casa, outros perdendo trabalho e sem saber como será o futuro. Pedimos a alguns moradores da região como estão lidando com a vida na quarentena, o que mudou na rotina, como estão sentindo essa mudança.

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Abaixo os depoimentos.

Como é a vida na quarentena por causa do coronavírus

Luiza Pastor, jornalista, mora na Praça Roosevelt

Em minha adolescência, fui leitora ávida de obras de ficção científica e terror. Mas nada, nem Asimov, nem Stephen King prepararam meu espírito para viver o que estamos vivendo neste momento, no enfrentamento desse tal de coronavirus. Com 63 anos, faço parte (à minha revelia total) do tal grupo de risco, mesmo não tendo nenhuma doença típica de minha faixa etária. Levo uma vida mais saudável que a maioria das pessoas que conheço, mas meu marido é de alto risco, vive no oxigênio e há poucos dias estava com uma infecção pulmonar. Ou seja: sou compulsoriamente quarentenável. E aqui estou. Estamos. Há uma semana!

A funcionária daqui de casa foi devidamente dispensada para, também ela, se preservar. Assim, nos primeiros dois dias, montei uma operação de faxina e arrumação para passar algumas horas em movimento antes de me render ao sofá. Era uma forma de mexer o corpo, ressentido da falta de exercício digno desse nome. Entendam: sou aquela pessoa que caminha muito pela cidade. Muito quer dizer MUITO, mais de 6km por dia, dependendo da agenda, na maior parte dos dias chegando a 8, quando o luxo permite chegando aos 12 ou 15.  Fazer isso em casa, por mais voltas que dê ao apartamento, seria insano. Acabaria a quarentena com labirintite ou assassinada por meu companheiro. No terceiro dia me rendi e entrei no Mercado Livre para comprar uma esteira. Vou brincar de hamster no escritório. Mal posso esperar que chegue.

O pior desta quarentena, na verdade, é o completo atropelo de nossa rotina e a ansiedade que ela provoca. Trabalhar em home office, para mim, não é novidade, faço isso há muitos anos e tenho toda a infraestrutura necessária para tocar minhas tarefas em pantufas. O problema é que, com a economia parada e o cenário de incertezas, meu trabalho hoje se resumiria à elaboração de um paper para um seminário que o instituto do qual faço parte estava organizando. Estava, do verbo parou tudo: tivemos que adiar sine die. O mesmo aconteceu com um curso que preparávamos para executivos do C-Level: ficou para depois do fim do mundo.

E mesmo o home office, com a sensação de feriado prolongado e mal resolvido que dá essa paralisação toda, não está sendo tão produtivo quanto de costume. Acabo presa aos noticiários, vendo pela milésima vez alguém ensinar como lavar as mãos, como esfregar álcool gel, como dar banho no celular e na fruta encomendada ao mercadinho por telefone, acompanhando atentamente a mórbida contabilidade dos mortos do dia.

Home office por opção funciona às mil maravilhas. Confinamento forçado é de enlouquecer para quem tem uma vida ativa. O combate ao CV demanda um investimento alto em gordices variadas que farão com que, ao final desta maluquice, saia de casa rolando. Tento me convencer que, com a esteira nova, vou sair desta inércia – a conferir com a balança nos capítulos dos próximos dias.

Rodolfo Garcia Vázquez, dramaturgo e diretor de teatro, morador da Praça Roosevelt
Na foto, com sua gata Faustina

Nos primeiros dias, estava meio em choque, tentando assimilar exatamente o que significa viver uma pandemia. Quem atravessou uma epidemia como a da AIDS, pode dizer que é calejado em sobreviver. Mas agora é diferente, esta é muito mais rápida e global. Envolve todas as pessoas. As que amo e as que não entendo ou não conheço. Todas. Obcecado pelo coronavírus, durante 3 dias, assisti a todos os telejornais, pesquisei em todos os sites, encharquei meus dias com números mundiais e nacionais. Estado por estado, nação por nação. Fui meticuloso mesmo.

Depois caiu a ficha. Não ia adiantar nada saber a evolução da pandemia em Hong Kong ou na Lombardia, não ia mudar em nada a minha vida de recluso. Eu estava de quarentena tanto quanto o velhinho italiano vivendo com um neto que trabalha como entregador de comida e que pode, a qualquer momento, trazer o vírus da morte prá dentro da casa. E eu não posso fazer nada pelo velhinho agora, então tenho que fazer por mim. E pelas pessoas que amo.

Ligo, pergunto, mando abraços virtuais, falo coisas repetitivas e mando links de médicos chatos falando dos perigos mais inesperados que podem estar na sola do sapato. E da minha parte, deixo roupas do lado de fora para ir à rua, álcool em gel, vários banhos, limpeza geral da casa, faço comida. Invento receitas.

Agora me dedico a escrever minha tese de doutorado, organizar aulas online, escrever impressões sobre este mundo novo, torcer para o presidente não conseguir destruir mais vidas.

Minha tese é sobre as guerras culturais. Sobre como a luta de grupos oprimidos está transformando a sociedade e como a reação conservadora está sendo violenta e persecutória.

E o coronavírus nos oferece uma oportunidade única de mudar, de ser melhores neste planeta, de ter empatia. Seria tão difícil assim ser melhor como humanidade, como espécie, como parte da natureza? Outra alternativa que nos resta é colapsar, assim como os dinossauros.

Flávio Henrique Monteiro, arquiteto. Morador do Copan

Com essa nova restrição a minha rotina mudou completamente. Tinha uma vida frenética por causa do trabalho e das atividades do dia a dia. Hoje não assisto muito mais televisão, evito! Estipulei uma hora ao dia para ver o jornal e como estão as coisas por aí. Estava me deixando mal de tanta informação. No restante do tempo eu invento algo para fazer e também para não fazer nada. É a adequação ao momento que vivemos.

Como eu moro sozinho fiquei com medo de me sentir mais sozinho agora, mas o que me deixa feliz é ver a união que está tendo nesse momento entre famílias, vizinhos, amigos. É um tentando ajudar o outro da melhor forma para não sentirmos tanto. Seja por telefonema, mensagem, vídeo chamada, estamos dando um jeito de não nos isolarmos mais. Me reaproximei de amigos que havia tempo que não falava, tinha distanciado por conta do dia a dia.

Por morar sozinho, a ansiedade às vezes aparece, por não ter contato com pessoas pessoalmente e também por não saber como serão os próximos dias. Meu trabalho foi prejudicado logo no início, quando começou a aparecer o vírus aqui no Brasil. Muitas empresas suspenderam projetos e trabalhos e sem prazo para voltar. Mas acredito que no final tudo ficará bem, tenho esperança e fé que tudo ficará bem.

Natasha Bontempi, instrutora de Mindfulness. Mora na Vila Buarque

Sobre o ficar só, para mim não é um grande problema. Talvez porque, ainda que eu seja uma pessoa extrovertida, já venho trabalhando essa questão há anos.

Faço retiros de silêncio de uns 10 dias todo ano, faço jejum de mídias sociais com frequência, moro sozinha (com um gato, na real) e há pouco mais de 1 ano fiquei desempregada.

Então, minha rotina em si, mudou pouco.

Aí vem a preocupação com a família. Minha mãe (que faz check em todos os critérios para grupo de risco) está bem assistida pelo meu irmão. Meu pai tem Alzheimer, o que faz com que, a cada 5 minutos, o coronavirus seja uma novidade para ele. Ele tem uma cuidadora e, aos fins de semana, preciso ir lá para cuidar dele. Ele se recusa a ficar em casa.

Estou trabalhando a aceitação de que não posso controlar tudo. Mas sei que estou fazendo o que está ao meu alcance.

Os momentos de medo, aflição e pânico não acontecem se estou ajudando alguém.

Então essa tem sido a minha rotina: ver se os vizinhos precisam de algo, ensinando os amigos a usarem tecnologias que eles não sabem muito bem como funcionam (redes sociais e apps de videoconferência), guiando meditações para ajudar as pessoas a se acalmarem, divulgando ações de gente fazendo o bem, criando conteúdo que possa ser útil e que não aumente o pânico.

Outro dia eu refletia: o vírus está fazendo o papel dele: ser vírus, entrar num organismo, se multiplicar até ser combatido. As árvores seguem fazendo fotossíntese. Tá tudo certinho lá fora. E nós? Estamos fazendo um bom papel como humanos?

Crises como essas pedem reflexão e é isso que venho fazendo mais fortemente. Vamos ter que repensar a economia, a educação, o consumo, a alimentação, as relações interpessoais, a intrapessoal e até com a morte.

Não tem como não sair transformado disso tudo. Muita gente tem suas crises pessoais, mas dessa vez é a mais coletiva de todas. Eu tô bem curiosa para saber quem seremos nós quando tudo isso passar.

Felipe Rodrigues, arquiteto, mora em frente ao Minhocão

Desde o início considerava o convite dos meus pais de me mudar temporariamente para a serra de Mogi onde eles residem. Com o fechamento dos parques, em especial o do Parque Minhocão, do qual sou grande entusiasta e vizinho, perdi a possibilidade do exercício diário ou mesmo de ver as pessoas da minha janela – que dá de frente para aquela pista de lazer.

O isolamento social nos faz ver com mais clareza o quanto nossa saúde física e mental é dependente destes espaços públicos. Acredito que ao final desta reclusão teremos um ponto de vista renovado sobre os espaços de coletividade, pois já percebemos agora que são a alma da cidade.

Mesmo com o alívio do ar puro e baixo adensamento do interior, mesmo com a conexão da internet, percebo com clareza que o que faz falta neste novo cotidiano é exatamente o que motivava a caminhar no Parque Minhocão todas as noites: ver o outro e ser visto, num ato mútuo de reconhecimento existencial e bem-estar social.

João Varella, jornalista, empresário, morador de Santa Cecília (na foto, com Cecilia Arbolave)

Estamos lutando para que o baque da crise não seja tão grave. Nós tivemos de fechar a Banca Tatuí física. No momento mantemos apenas o site recebendo encomendas dos leitores. Antecipamos e estendemos os preços promocionais que faríamos no Indie Book Day, que neste ano caiu no dia 21 de março. Todos os livros da Lote 42 estão com 40% de desconto; publicações de outras editoras estão com 15% de desconto, sendo que toda a oferta parte da comissão da banca, preservando assim o repasse integral para os parceiros. A banca virtual passou a ser o foco principal de nossa equipe, toda em home office (exceto por Cecilia Arbolave, minha sócia e esposa, e eu). E é também por enquanto a única receita da editora no momento.

Nós moramos na mesma quadra da Sala Tatuí, que é também a sede da editora Lote 42. Continuamos vindo ao escritório tomando todas as precauções nos dias de semana. Estamos mantendo mais ou menos o horário que fazíamos de expediente, só que com uma reunião geral via Google Hangout com os funcionários às 10h.

Lançamos recentemente o livro Quando o sangue sobe à cabeça, de Anna Muylaert. Tivemos de cancelar a festa de lançamento que faríamos no MIS (Museu da Imagem e do Som). Também faríamos uma mesa de autógrafos na SP-Arte, mas o evento todo foi cancelado. Outro evento cancelado foi o lançamento do meu livro, Videogame, a evolução da arte, que aconteceria no final do mês em Belo Horizonte junto de um campeonato de fliperama.

Isso só citando os projetos anunciados. Outros projetos nossos que estavam em fase de planejamento foram adiados.

No campo pessoal, a rotina segue, com leve aumento na intensidade. O silêncio no centro da cidade está me proporcionando algumas horas de sono a mais, por exemplo. Também aumentei a minha meta diária de palavras em alemão do app de ensino de idiomas Memrise. Também estou lendo os jornais mais atentamente, evitando ler as notícias picadas ao longo do dia e a cacofonia das redes sociais. Essa é uma profilaxia que sigo há um bom tempo, antes da pandemia.

Estamos, Ceci e eu, fazendo as refeições em casa. Ceci está se mostrando uma exímia cozinheira. Estou também me beneficiando de uma mudança de hábito que fiz no final do ano passado. Cortei o consumo de doces por sentir que estava viciado em açúcar, proporcionando assim uma maior abertura para comida mais natural, como saladas. Assim, saboreio com gosto o molho da Ceci.

Continuamos consumindo produtos culturais mais ou menos na mesma toada de sempre. Dois veículos me pediram resenhas de jogos de videogame, Ceci de vez em quando joga algumas partidas de Tetris 99 no Nintendo Switch. Quando passamos o dia inteiro em casa, como aconteceu no final de semana passado, jogamos 20 minutos de Just Dance 2019, um título que pede para você fazer coreografias de canções pop. É uma forma divertida de fazer exercícios.

Em termos de leitura, estou com Oito do sete, de Cristina Judar, livro escolhido para o próximo encontro do Clube Tatuí de Leitura da Sala Tatuí. Essa é outra atividade que infelizmente foi adiada. Também leio em paralelo Chega de saudade, de Ruy Castro, Sapiens: Uma Breve História da Humanidade, de Yuval Harari e uma coletânea de poesia francesa.

Acho que o mais difícil dessa situação é a incerteza do amanhã. Dá a impressão que o caos está logo ali, os números de vítimas do Covid-19 são um memento mori. As batalhas por pagamentos na cadeia dos negócios já estão sendo duríssimas. Além do vírus, a pandemia exige uma resiliência mental extrema. Torço que a sociedade supere isso, que a solidariedade entre os vizinhos seja um legado.

Rafaela Seyr Pozza, bióloga e estudante de medicina veterinária. Mora na Vila Buarque

Minha rotina mudou desde que vi a quantidade de casos aumentarem aqui em São Paulo. Pelo fato de ser jovem e não ter doenças crônicas, não ser fumante, não sinto tanto medo de pegar e ter algo grave, porém fico receosa de ser uma transmissora do vírus. Estou sempre em alerta aos sintomas para que eu não passe para meus parentes, que são mais velhos. Com isso, modifiquei o modo de ir para o trabalho. Antes pegava metrô, agora tive que ir para minha cidade natal, Campinas, para pegar um carro emprestado, de modo a evitar aglomerações. Adotei uma rotina que uso máscara descartável antes de sair de casa, por estar resfriada, me mantenho distante das pessoas. Porém, como trabalho em um hospital veterinário, muitas vezes tenho um contato próximo para conseguir conter o animal e outra pessoa fazer o procedimento.

Não pego mais elevadores. Utilizo apenas um par de sapatos para sair de casa, seja para ir ao trabalho ou mercado. Ao retornar, higienizo logo na porta, deixo dentro de uma bacia que tem tapete higiênico de cães encharcado com água sanitária até o momento de usar novamente. Quando pego o carro que fica em um estacionamento, logo higienizo a chave, volante, câmbio, maçaneta, locais que o manobrista pode ter tocado. Limpo com álcool em gel, presto muita atenção em onde colocarei minhas mãos, de modo que eu não a leve no rosto ou áreas de mucosas. Apenas tiro a máscara quando chego em casa, tiro a roupa que usei e as deixo na “área suja” que é o local com maior carga microbiana na casa. Próximo deixo álcool em gel e vou para o banho.

Eu tento não ficar com medo de sair de casa, até porque estou tendo muita cautela de modo que breque a transmissão, porém cada dia mais sei de pessoas próximas que são suspeitas de estarem com Covid-19.

Thaís Carneiro, historiadora e criadora do Mulheres Viajantes. Moradora na região da República.

Estou em isolamento social há 9 dias. Por conta da situação incerta, demorei a receber um retorno de um dos meus empregos para que fosse liberado o home office. A preocupação que bate à porta para além da pandemia são os impactos econômicos e sociais. Da minha parte, são três fontes de renda. Uma delas foi cortada, pois tratava-se de passeios pelo centro da cidade, guiados por mim, pelo projeto Mulheres Viajantes. Muito se fala que a situação financeira se normaliza porque ficaremos em casa, mas entre a renda que temos por aqui, somando a minha e do meu marido, 40% é para o pagamento do aluguel e do mercado.

Tenho driblado a ansiedade e as preocupações com o que virá conversando com amigos e familiares por chamadas de vídeo, mantendo a minha casa organizada (por incrível que pareça, isto é terapêutico para nós) e iniciando o dia com atividade física. A prática de yoga e meditação me auxiliam nesse processo de manter a saúde física e mental.

Por outro lado, sigo com projetos e trabalhos que podem ser realizados em casa. Essa semana, minha qualificação do mestrado será feita via Skype, por exemplo. Além disso, tenho realizado palestras no meu perfil do Instagram para oferecer conteúdo gratuito à audiência, enquanto passamos por essa crise. Manter tais atividades, me ajudam a tocar o barco, digamos assim.

Me sinto bastante privilegiada por ter a opção de estar em isolamento social, mas o receio diante de medidas governamentais tão distintas e paradoxais me tiram do eixo. Afinal, a situação não afeta tão somente a mim e aos meus, não é?

Luana Helena Coelho, DJ. Mora no Campos Elíseos

Eu tenho 32 anos de idade e atualmente vivo do ofício de DJ. Já fiz muita coisa, comecei a estudar teatro e canto aos 22 anos, sou formada em design gráfico e atuei como designer por 12 anos até que decidi tomar coragem e viver apenas de arte. Após quase 11 anos tentando, eu finalmente estava me estabilizando na carreira de DJ e vivendo unicamente dos meus ganhos com isso, quando chegou o corona.

O setor cultural e de eventos foi um dos mais afetados pela crise. Tive 7 eventos cancelados, e realmente não sei como fazer de agora em diante. Criei uma “festa virtual”no Facebook pra seguir tocando e abri a opção para os participantes colaborarem com um ingresso simbólico, pra que eu possa ao menos tentar cobrir meus gastos. Assim também busco continuar com minha audiência aquecida, na esperança de que isso não demore muito e os eventos voltem logo. Não posso dizer que não estou com medo, tenho seguido à risca as indicações de quarentena, e tentado manter minha cabeça no lugar sem me desesperar. Minha esposa seguia saindo para o trabalho, mas essa semana começou o home office. Ela está aliviada por estar em casa, mas também teme perder o emprego. Enfim, vamos vivendo de incertezas como boa parte dos brasileiros.

Synara Marquezini, gerente de estúdio de Pilates. Moradora da Avenida São Luiz

Moro e trabalho no centro de São Paulo. Como gerente do Villati Pilates, mantive, a princípio, o foco nas informações sobre o Covid-19, para conhecer mais e impedir que tanto os profissionais que trabalham comigo, como os alunos, fossem atingidos pelo vírus no estúdio.

Acontece que quando percebi que mesmo adotando medidas intensificadas de higienização, elas ainda não eram suficientes pra combater o vírus comecei a me reorganizar para mudar o plano e colocar toda minha equipe e clientes em quarentena.

Na quarentena, me deparei com um novo desafio pessoal: o isolamento. Sou uma pessoa muito agitada – daquelas que faz trinta coisas ao mesmo tempo. Amo lidar com o público, ficar isolada não me faz bem (mas entendo que é o necessário).

Assim, durante o isolamento tentei manter a calma e mudei o foco. Parei de assistir noticiários com tanta frequência; dei mais atenção às minhas pets (isso ajuda o processo de ansiedade), organizei a casa, comecei a trabalhar de home office criando conteúdo digital para os alunos do estúdio. Consegui entender que eu estou presente de uma maneira diferente: a virtual. Era um desafio utilizar a tecnologia, pois sempre priorizei as relações pessoais. Também aproveitei o momento para fazer uma reflexão de atitudes diárias e alguns valores.

Com esse atual momento, aprendi que precisamos ser adaptáveis, usar o plano B e inventar C. Nas maiores crises e dificuldade que vêm as ideias e sobretudo, sermos gratos pela nossa vida, por estarmos vivos. Porque eu acredito SIM, que tudo passa!

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