Viaduto Santa Efigênia passa por reforma. Prefeitura diz que vai manter desenho do mosaico do piso
Pastilhas estão sendo retiradas e serão trocadas por outras semelhantes, segundo nota oficial da Prefeitura de São Paulo.
Obras que poderiam requalificar os espaços públicos no Centro são paralisadas por ordem judicial. A quem interessa um canteiro de obras a céu aberto?
Denize Bacoccina
O último plano de metas da Prefeitura de São Paulo, divulgado em abril pelo prefeito Bruno Covas, traz uma atenção inédita – a se considerar os últimos anos – ao Centro. Reforma de piso nos calçadões que vivem esburacados, melhora na iluminação, mais recursos para zeladoria, um plano de turismo para o Centro Histórico, melhora da infraestrutura no Minhocão (leia aqui entrevista com o prefeito Bruno Covas).
Boa notícia, não? Finalmente o poder público fazia a sua parte, reforçando os esforços de empresários pioneiros que escolheram a região para montar seus negócios e com isso atraíram mais moradores, dando origem ao atual círculo virtuoso de recuperação do Centro.
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Pois o que se viu foi exatamente o oposto. Em vez de comemorar a primeira ação e exigir outras, o que se viu foi uma crescente nas reclamações. “Como o investimento será naquela rua e não na minha? Esta obra não é necessária, para que gastar dinheiro com isso?”
O resultado são canteiros de obras paralisados, espaços públicos cercados com tapumes, obras iniciadas que correm o risco de não serem concluídas. A quem interessa ter obras paradas? O que a cidade ganha com isso?
São três nessa situação no Centro: o Vale do Anhangabaú, cujas obras foram paralisadas por uma decisão judicial a pedido do Preserva São Paulo, a reforma do Largo do Arouche, que deveria durar poucos meses e trazer mais segurança para uma região que já tem novos bares, restaurantes e lojas, e o Parque Minhocão, que visa disciplinar o uso recreativo que já se faz dos espaços nos fins de semana.
A maior obra é a do Vale do Anhangabaú, que pelo projeto será totalmente reformado (veja aqui o projeto), com a instalação de um piso nivelado e dotado de equipamentos que vão estimular o maior uso do local, com bares e restaurantes e equipamentos de lazer nas ruas laterais. A Prefeitura pegou um projeto de 2013, já licenciado, aprovado e engavetado pela gestão de Fernando Haddad por falta de orçamento e resolveu tirá-lo do papel. Foi de repente? Foi. Há outros projetos mais prioritários? Sempre há. Mas por este raciocínio o país não deveria fazer nada a não ser destinar todos os seus recursos para acabar com a miséria que atinge uma grande parcela da população, construir creches para todas as crianças e hospitais que dessem conta de tratar todos os doentes com equipamentos de ponta.
De todos os argumentos usados no processo do Preserva São Paulo para barrar a obra no Anhangabaú, o mais ridículo é o que alerta sobre o suposto risco de transmissão de dengue no sistema de jatos d´água previsto no local. Como se sabe, o mosquito da dengue se reproduz em água parada, e basta olhar o projeto para saber que ele prevê um sistema de aspersores, e não uma poça de água.
Claro que sempre se pode questionar se um projeto arquitetônico é melhor ou pior do que outro. Mas o fato é que uma reforma que aumente o uso de um local tão emblemático (pessoalmente, o meu local favorito) do Centro de São Paulo é mais do que bem-vindo. O que não é bem-vindo é um canteiro de obras parado, como é a situação neste momento e como se pode ver nas fotos feitas a partir do Viaduto do Chá.
“Estamos explicando à Justiça que tudo o que foi feito está dentro do projeto e licenciado, como as luminárias que foram guardadas e serão reinstaladas e todas as árvores retiradas foram autorizadas”, diz ao A Vida no Centro o secretário municipal de Desenvolvimento Urbano, Fernando Chucre. Ele confia que as obras serão liberadas e reiniciadas em breve, mas admite que existe um risco na demora, especialmente se começar o período de chuvas. “Se começar a chover teremos um sério problema, porque tem um túnel embaixo e já tínhamos planejado que a obra estaria adiantada e o solo coberto na época de chuvas”, disse o secretário.
No Arouche, a situação também é crítica. Depois de décadas de decadência, a região vive um momento importante, com novos prédios, bares, restaurantes, lojas, o que vem atraindo mais moradores e frequentadores. A reforma do largo deveria consolidar este novo momento. Mas uma praça cercada por tapumes não ajuda, né? A obra foi paralisada pela Justiça a pedido do Ministério Público de São Paulo.
No caso do Minhocão, a judicialização tem um componente ainda mais bizarro. O vereador Caio Miranda, representante politico do grupo que é contrário ao parque, entrou com ação alegando que o Parque Minhocão é ilegal porque deveria ter sido criado por um projeto originado no Executivo, e não no Legislativo, como ocorreu. Neste caso, pelo menos, não há canteiro de obras abandonado, já que a prefeitura vai continuar tocando o plano de aumentar a segurança no local instalando gradis na mureta de concreto para evitar quedas.
Voltando à pergunta inicial: a quem interessa a paralisação de obras que podem melhorar a cidade?
Leia também: COMO A ECONOMIA CRIATIVA ESTÁ TRANSFORMANDO O CENTRO DE SÃO PAULO
Pastilhas estão sendo retiradas e serão trocadas por outras semelhantes, segundo nota oficial da Prefeitura de São Paulo.
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