Quando o chão vira texto
A historiadora e antropóloga Paula Janovitch fala sobre a "gramática dos caminhantes", que pode ser percebida ao se andar a pé pela cidade.
Uma homenagem à criadora da calçada que virou símbolo de São Paulo, Mirthes Bernardes, que morreu nesta sexta-feira (18 de dezembro de 2020)
Por Wans Spiess
No CalçadaSP estávamos animados com a conquista da Placa da Memória Paulistana para a nossa querida Mirthes Bernardes. A criadora do piso mais famoso da cidade de São Paulo está prestes a ganhar a sua plaquinha azul, consagrando um reconhecimento há tempos a ela devido.
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O plano era simples: convidá-la a estar presente, no próximo dia 25 de janeiro – aniversário da cidade de São Paulo – para a instalação da placa. O local previsto é a calçada generosa da Avenida São Luís, no centro da cidade, onde as linhas e formas do mapa de São Paulo moldadas com as pedras portuguesas, ainda resistem ao cimento frio e cinza do novo padrão do passeio público da cidade.
Lembro bem quando começamos a pesquisar sobre a origem do piso e nos deparamos com uma reportagem da Folha de S. Paulo em que o título bradava “Era uma vez: paulistanos que resistem ao tempo“. Porém, mesmo aquilo que resiste um dia acaba por encontrar seu fim. E a hora da nossa querida Mirthes chegou.
Quando entramos em contato há alguns anos, ela foi só generosidade. Passamos a trocar mensagens, e assim descobri sua aptidão para a arte além das calçadas. Ela me contou que sua especialidade era esmaltação em cobre e que tinha fascinação pelas árvores. Me enviou (digitalmente) uma de suas obras sobre o tema.
Uma vez ela me disse que, com o falecimento da irmã, foi morar em Sorocaba com o sobrinho. Queria “alugar uma casinha, montar um ateliê e voltar à esmaltação, só pra viver mais um pouco e torcendo para o Brasil vencer essa guerra de corruptos”. Compartilhou comigo por inbox a publicação do seu perfil do Facebook onde mostra a sua sensibilidade para tratar de temas difíceis.
Mas a maior preciosidade que ela me deu foi a cópia (digital) de uma carta escrita a mão, onde ela traça o histórico da conquista do concurso do piso paulistano. Segundo ela, quando tentou patentear o desenho, um advogado sumiu com toda a documentação e ela teve que escrever a história de próprio punho para que não fosse esquecida.
Na última mensagem que trocamos, já durante a quarentena da pandemia, ela me disse: “Quando eu me instalar e essa praga acabar, quero que você venha aqui e traga seus amigos.“
Nesta mesma mensagem, pedi que confirmasse a grafia do seu nome, para não ter erro na placa. Foi então que ela me explicou:
“Meu nome é Mirtes dos Santos Pinto (nome do meu pai) quando comecei a trabalhar com esmaltação em cobre, passei a usar o nome de minha mãe e ai coloquei o h também (Nos quadro eu assino Mirthes Bernardes).
À Dona Mirthes, todo nosso carinho e admiração. Em sua memória, continuaremos pavimentando caminhos.
Neste outro artigo aqui no blog contamos um pouco mais sobre a história da calçada que virou símbolo de São Paulo.
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A historiadora e antropóloga Paula Janovitch fala sobre a "gramática dos caminhantes", que pode ser percebida ao se andar a pé pela cidade.
Pastilhas estão sendo retiradas e serão trocadas por outras semelhantes, segundo nota oficial da Prefeitura de São Paulo.
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