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Intelectuais de origem europeia decidiram o destino dos indígenas e viraram nomes de ruas no Centro de São Paulo
Vera Lucia Dias
“Porém andam muito bem curados e muito limpos. E naquilo me parece ainda mais que são como aves …. às quais faz o ar melhor … porque os corpos seus são tão limpos, tão gordos e formosos, que não pode mais ser.” Carta de Pero Vaz de Caminha em maio de 1500 ao avistar homens da terra denominada Ilha de Vera Cruz.
Trezentos anos depois, entre 1820 a por volta de 1835, dois intelectuais de São Paulo refletem e trabalham para decidir o que seria melhor para os povos indígenas e o uso da terra. E trinta anos depois um grande proprietário luta para proteger suas terras, o Barão de Itapetininga.
O General José Arouche de Toledo Rendon estudou direito em Coimbra. Foi deputado, após a Independência; primeiro diretor da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco de 1828 a 1833. Era de conhecimento geral que desde meados do século XVI na capitania de São Paulo estavam os Guaianás em Piratininga, do tupi “peixe seco”. Mudaram-se para subúrbios fundando Aldeias como São Miguel e Pinheiros. E que a maior parte dos moradores era formada por gente mestiça oriunda do gentio.
Como então coordenar as aldeias distantes do interior e do litoral com brancos, mestiços e as aldeias próximas? Segundo escreve Arouche seriam necessários princípios e regras gerais para achar meios de tirar proveito da civilização dos índios e seus territórios, dando braços à agricultura e aliviando a necessidade do negro do comércio de escravos com a África.
O plano de Arouche em 1823 dizia: “Convém extinguir para sempre o bárbaro costume de atacar os índios como inimigos; convém em toda a ocasião tratá-los bem; convém aldeá-los um pouco perto de nossas povoações para ensinar cultivo e convém separar-lhes os filhos entregando a boas famílias que os saibam educar, e que em prêmio lucrem os seus serviços até certa idade.”
O Largo que recebeu seu nome era o antigo Largo da Legião ou da Artilharia, depois batizado de Arouche.
O intelectual José Bonifácio de Andrade e Silva, nascido em Santos, formou-se também em Coimbra concluindo estudos jurídicos, matemática e filosofia natural. Pesquisou mineralogia, química e geognosia ou estudos da terra.
No seu escrito “Apontamentos para a Civilização dos Índios Bravos do Império do Brasil”, elaborou projeto de integração dos índios à sociedade nacional. Acreditava na mestiçagem para surgir uma nova raça, prevalecendo o branco. Para isso, o governo deveria favorecer por todos os meios possíveis os casamentos entre índios, brancos e homens de cor.
Foi um precursor da reforma agrária, defendendo restrições aos latifúndios e incentivando a pequena e média propriedade. E, como cientista, enquanto ministro, foi autor da lei obrigando reflorestamento, em 1823.
A Praça do Patriarca homenageia José Bonifácio, considerado o patriarca da Independência.
No meio desse caminho central da cidade de São Paulo, uma via chamada Barão de Itapetininga, do tupi “pedra seca/rasa”. Homenagem ao paulistano Joaquim José dos Santos Silva, que mais de vinte anos depois da atuação dos dois intelectuais reclamou da divisão de suas terras para a abertura de rua. Sua propriedade no Chá, localizada no Morro com mesmo nome, era delimitada pelo Largo da Memória, Rua 7 de Abril, Avenida Ipiranga e Praça da República até a Avenida São João.
Em 1862 recebeu desapropriação de um trecho através da Câmara Municipal para a abertura da citada via. E, após dez anos foi homenagem com seu nome um local que se tornou elegante passagem.
Como se observa, o período em que esses pensadores viveram em nenhum momento estabelece diálogos com povos da terra, mas exerce o domínio nas decisões. E pode-se afirmar que foram propositores de respeito a essas populações.
Para os povos indígenas pouco restou, seja de suas terras ou da cultura. Mesmo assim nunca deixaram de lutar, de sobreviver e respeitar as matas. Herança forte foram as denominações que inseriram e que permaneceram com mais de dez mil palavras em nosso vocabulário.
Por isso conversamos sobre o Pari, o Morumbi, o Pará, a pipoca, a tapioca, o Tatuapé, o Ibirapuera, o araçá, o Grajaú, o jaguar, o ipê, o Itamarati, o jacarandá, Sergipe, Capivari, maracatu ou manacá.
Fontes: Escravidão e Liberdade. Texto 5 / Dicionário de ruas
Vera Lucia Dias
vera@passeiopaulistano.com
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